Não sei se acontece com você, mas, infelizmente, acontece comigo. Estou falando daquela mania que ás vezes pega a gente de ficar se achando pior do que os outros. Parece que o modelo de virtude, beleza, inteligência e todos os "predicados" possíveis acompanham outros "sujeitos". E esse "sujeito" aqui tem que se contentar adjetivos muito "mais ou menos".
Decidi botar um fim nessa palhaçada. Que história é essa de que se os outros têm as boas qualidades, os melhores predicados? Nada disso. Eu também quero ser um sujeito bem qualificado com todos os predicados e complementos a que tenho direito.
Decisão tomada, muito acertadamente, embora tardia, veio o pergunta; como? Porque eu não posso sair por aí exigindo que as outras pessoas passem a ver qualidades em mim da noite para o dia, não é mesmo?
Foi aí que resolvi começar por mim. Isso mesmo. E comecei tentando me ver com olhos menos críticos e cruéis, ser menos exigente comigo mesmo. É verdade que eu não tenho a altura ideal, a cor ideal, o peso ideal, aquela tal pegada que dizem que é tão importante, o jeitão de conquistador, a conversa fácil, o olhar cativante. Mas o que importa isso, não? O importante é que eu me queira bem, seja compreensivo com as minhas possíveis deficiências e passe a me olhar de um jeito mais, digamos, complacente.
Penando assim corri para o espelho. No primeiro momento, cheguei a pensar em desistir. A figura que apareceu refletida nele me pareceu meio sem jeito. Já estava pronto para quebrar o pobre espelho quando resolvi tentar de novo e pude ver que a coisa não era tão desesperadora assim.
Com esse pensamento na cabeça, tive vontade de dar uma bela gargalhada. Foi o que fiz. E ela saiu bem sonora. Cheguei a temer que os vizinhos estivessem ouvindo aquele despropósito e levei a mão à boca numa tentativa de reprimi-la. A mão não chegou à boca. A gargalhada deu lugar a um sorriso de satisfação.
Satisfação pelo que eu estava vendo diante de mim. Pela primeira vez, me olhei de uma outra maneira. Me olhei de uma maneira simpática e amiga. E uma pergunta brotou em meus lábios:
- Sabia que você não é de se jogar fora?
A resposta veio logo:
- E não sou mesmo.
Desde então, tenho vivido assim, em lua de mel comigo. Parei de me maltratar com frases pejorativas, de me comparar com quer que seja e passei a me ver como realmente sou: alguém muito interessante e cheio de confiança na vida.
Bom domingo.
Bom domingo.
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