Neste capitulo, Joel encontra a ajuda do velho Ramiro e escapa da morte certa, mas vai precisar deixar o egoismo de lado.
Só a vida ensina
Capítulo 13
CENA 1 – EXTERNA/NOITE – FUNDOS DO TERRENO BALDIO
JOEL, ZELÃO, SUZI E OS HOMENS DO ACAMPAMENTO.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 10 DO CAPÍTULO 12
SUZI ESTÁ AGARRADA A JOEL.
SUZI – Não faz isso, Zelão. (TOM) Deixa eu cuidar dele.
ZELÃO – Deixa de onda, Suzi. (PARA OS HOMENS) Saiam logo.
OS HOMENS LEVAM JOEL EMBORA.
SUZI – Ele vai morrer.
ZELÃO – Que morra.
SUZI – Como você pode ser assim, Zelão?
ZELÃO – Não vem não, Suzi. Você está nesse negócio comigo ou não está? Vai dar para trás agora?
SUZI – No fundo, o Joel está certo. A gente fica explorando essa gente fingindo que está ajudando. (TOM) Estou cansada dessa vida. (SAI)
ZELÃO – Volta aqui, Suzi.
ZELÃO SAI ATRÁS DE SUZI.
CORTA PARA:
CENA 2 – EXTERNA/NOITE – LOCAL ABANDONADO.
HOMENS CHEGAM CARREGANDO JOEL, E O COLOCAM NO CHÃO.
HOMEM 1 – Esse pode entregar a alma.
HOMEM 2 – Vamos deixar ele aí.
OS DOIS HOMENS SAEM. JOEL PERMANECE IMÓVEL E INCONSCIENTE. PASSADO UM TEMPO, SUZI CHEGA. ELE SE APROXIMA DE JOEL.
SUZI – Joel, Joel... (TEMPO) Não responde. (TOM) Esse homem vai morrer, meu Deus! Eu tenho que fazer alguma coisa.
SUZI SAI.
CORTA PARA:
CENA 3 – EXTERNA/NOITE – RUA ESCURA
SUZI CAMINHA PELA RUA. PARA DIANTE DE UMA CASA VELHA E FICA NA DÚVIDA SE ENTRA OU NÃO.
SUZI – Será que ele está aí? (TEMPO)E se estiver não vai querer falar comigo.
DE REPENTE, CAMINHA DECIDIDA NA DIREÇÃO DA PORTA.
SUZI – Seja o que Deus quiser.
BATE NA PORTA. DEPOIS DE ALGUM TEMPO, UM SENHOR APARECE. É O SENHOR RAMIRO, O MENDIGO DO CAPÍTULO 1.
RAMIRO – O que você quer aqui coisa ruim?
SUZI – Estou precisando de sua ajuda, seu Ramiro.
RAMIRO – Andou fazendo mais alguma trapalhada?
SUZI – Tenho um amigo que está precisando da sua ajuda.
RAMIRO – Amigo seu?
SUZI – Vem comigo, seu Ramiro. É caso de vida ou morte.
RAMIRO – Não me venha com a suas conversas, hein?
RAMIRO FECHA A PORTA E SAI COM SUZI.
CORTA PARA:
CENA 4 – EXTERNA/NOITE – LOCAL ABANDONADO
JOEL PERMANECE DEITADO, INCONSCIENTE. SUZI CHEGA COM RAMIRO.
SUZI – É esse moço, seu Ramiro. Ele está precisando de ajuda.
RAMIRO EXAMINA JOEL.
RAMIRO – Mas ele está praticamente morto.
SUZI – Faz alguma coisa por ele, seu Ramiro. Ele não pode morrer.
RAMIRO – O que é isso? Está enrabichada por ele, é? Nunca vi você tão preocupada com a vida de alguém. (TEMPO) O Zelão está sabendo disso?
SUZI – Foi ele que furou o moço numa briga.
RAMIRO – E você nem precisa me dizer o motivo. (TOM) Você e o Zelão não tomam jeito na vida. Até quando vocês vão explorar aquela gente e vão fazer essas barbaridades?
SUZI – (TEMPO) Cuida dele, seu Ramiro.
RAMIRO – Vou ver o que posso fazer. (TEMPO) Esse homem está muito mal. (TOM) Pode ir embora. Eu cuido dele.
SUZI SE DESPEDE DE JOEL COM UM OLHAR E SAI. RAMIRO COMEÇA A SE MOVIMENTAR.
RAMIRO – O jeito vai ser deixar você aqui mesmo, por enquanto. Força, meu filho. Você vai sair dessa.
CORTA PARA:
CENA 5 – EXTERNA/DIA – LOCAL ABANDONADO.
JOEL ESTÁ DEITADO NUM COLCHÃO. RAMIRO CUIDA DANDO-LHE REFEIÇÃO NA BOCA. ELE REJEITA. RAMIRO INSISTE.
RAMIRO – Você precisa comer para ficar forte, rapaz. Só assim eu posso te tirar daqui.
(TEMPO) Você quer ou não ficar bom? Vamos lá. Só mais um pouco.
COM OS OLHOS, JOEL RESPONDE QUE SIM. RAMIRO VOLTA A LHE OFERECER A COMIDA E ELE ACEITA.
CORTA PARA:
CENA 6 – INTERNA/DIA – CASA DE RAMIRO – QUARTO.
JOEL ESTÁ DORMINDO NUMA CAMA. ELA JÁ ESTÁ MELHOR. ELE DESPERTA E SEU RAMIRO ESTÁ AO LADO DELE.
JOEL – Onde eu estou? Quem é o senhor?
RAMIRO – Calma, rapaz. Uma pergunta de cada vez. Primeiro me diga como está se sentindo.
JOEL – Eu acho que estou bem. (TENTA LEVANTAR) Ai...
RAMIRO – Cuidado. Você ainda está bastante fraco.
JOEL – O que aconteceu?
RAMIRO – Você andou se metendo em confusão, meu rapaz. Por pouco não passou dessa.
JOEL – Isso aqui é um hospital?
RAMIRO – Não.
JOEL – Quem é o senhor?
RAMIRO – Eu sou um amigo do povo de rua. A Suzi me chamou para te ajudar.
JOEL – Onde ela está?
RAMIRO – É melhor você esquecer aquela “chave de cadeia”. Trata de ficar bom logo. (TEMPO) Eu vou preparar alguma coisa para você comer.
RAMIRO SAI. JOEL TENTA SENTAR NA CAMA E SENTE DORES.
CORTA PARA:
CENA 7 – INTERNA/DIA – CASA DE RAMIRO – SALA
JOEL ESTÁ SENTADO NUMA CADEIRA. RAMIRO ENTRA VINDO DA RUA.
RAMIRO – Como está o meu doentinho?
JOEL – Acho que já estou melhor.
RAMIRO – Parece até um milagre.
JOEL – O quê?
RAMIRO – Essa sua melhora.
JOEL – (TEMPO) E a Suzi? Ela não vem aqui?
RAMIRO – Desde o dia que ela me procurou, não a vi mais. (TEMPO) Você deu sorte dela ter me procurado a tempo.
JOEL – O senhor é médico?
RAMIRO – Fui enfermeiro quando novo. (TEMPO) E você? Fala um pouco da sua vida.
CORTA PARA:
CENA 8 – EXTERNA/DIA – RUA DO CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
FÁBIO CAMINHA PELA RUA NA DIREÇÃO DO SEU TRABALHO. DE REPENTE SE VÊ DIANTE DE VERINHA.
FÁBIO – Olá, Verinha. Quanto tempo!
VERINHA – Como vai, Fábio?
FÁBIO – Você voltou para o Rio?
VERINHA – Não consegui me acostumar no norte. Senti falta dessa vida.
FÁBIO – E o Joel? Tem tido notícia dele?
VERINHA – Graças a Deus, nunca mais vi aquela COISA.
FÁBIO – A irmã dele me procurou querendo notícias dele. Parece que ele sumiu de vez. Nem para a mãe ele manda notícias.
VERINHA – Deve estar numa boa em algum lugar aquele canalha.
FÁBIO – Você ainda pensa nele?
VERINHA – Deus me livre.
OS DOIS SE DESPEDEM E CADA UM TOMA O SEU RUMO.
CORTA PARA:
CENA 9 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
O MOVIMENTO NO ACAMPAMENTO ESTÁ GRANDE. GENTE SAINDO E ENTRANDO. SUZI ESTÁ PREPARANDO COMIDA NO SEU FOGÃO IMPROVISADO. ZELÃO SE APROXIMA E TENTA FAZER UM CARINHO E ELA O REPELE.
SUZI – Me deixa, Zelão.
ZELÃO – O que deu em você?
SUZI – Estou ocupada, não está vendo?
ZELÃO – Ainda está encasquetada por causa daquele Joel? O cara está morto, Suzi. (TEMPO) Foi se meter comigo, se deu mal. Se tivesse feito como os outros, estava vivo sob a minha proteção. Quis dar uma de valentão.
SUZI – Será que ele está morto mesmo?
ZELÃO – Por quê? Você está sabendo de alguma coisa?
SUZI – Não estou sabendo de nada.
SUZI VOLTA A MEXER NAS PANELAS. ZELÃO FICA DESCONFIADO.
CORTA PARA:
CENA 10 – INTERNA/DIA – CASA DE RAMIRO – SALA.
DIAS DEPOIS. JOEL ESTÁ COMPLETAMENTE RESTABELECIDO. RAMIRO ENTRA VINDO DA RUA.
JOEL – Estava te esperando. (TEMPO) Eu estou indo embora.
RAMIRO – Para onde?
JOEL – Não sei ainda. Só sei que não posso ficar aqui vivendo às suas custas.
RAMIRO – Por que não fica até se ajeitar melhor? Fica mais um tempo, procura um emprego. (TEMPO) Se bem que eu contava com você para me ajudar a libertar aquela gente das garras do Zelão.
JOEL – Não sei como eu poderia ajudar.
RAMIRO – Voltando para lá para tentar esclarecer aquela gente de que eles não precisam viver escravizados pelo Zelão, que eles são livres.
JOEL – Eu não tenho nada a ver com a vida deles. (TOM) Eu vou cuidar da minha vida.
RAMIRO – Acho que me enganei com você. (TEMPO) Pensei que você tinha mudado, que a vida já tinha te ensinado alguma coisa. (TOM) Eu me enganei.
JOEL – Como mudado? Você me conhece? Quem é você? (TOM) O que você quer de mim?
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário