É claro que todos nós queremos continuar "vivinhos da silva" por muitos e muitos anos. A ideia de que a qualquer momento podemos deixar esse nosso querido e maltratado (por nós mesmos, vale lembrar) planeta, por mais assustadora que pareça, não é um pensamento que se deva descartar. Muita gente evita pensar no assunto e vive como se ele jamais fosse chegar.
Na verdade, vivemos projetando tudo para o futuro, em alguns casos um futuro bem distante. Planejamos viagens para conhecer outras terras, planejamos fazer compras, iniciar novo relacionamento amoroso, fazer novos amigos, ganhar muito dinheiro e ter bastante tempo para gastá-lo e, enfim, realizar todos aqueles sonhos que tanto acalentamos durante a vida. Nada que lembre qualquer compromisso com fim, morte ou coisa do gênero.
Quem nos vê, chega a pensar que somos eternos, tal é a nossa confiança de que ficaremos por aqui por tempos sem fim. Por um lado, isso é muito bom. Talvez seja mesmo uma dádiva que recebemos de Deus. Não saber o dia de nossa partida é, de certa forma, algo bom. Assim podemos viver até o último instante acreditando que existe ainda uma esperança, que algo ainda pode acontecer no momento seguinte e mudar toda a nossa história.
Porém, sabemos que nossa passagem por este planeta tem prazo de validade e, uma vez expirado esse prazo, não tem conversa: partimos. Daí que viver bem o hoje é sempre muito importante. Alguém já disse algo como "viver hoje como se fosse o primeiro dia de nossa vida" e é isso o que realmente nos acontece todos os dias: nascemos de novo à cada manhã. Cada dia é um novo alvorecer da nossa existência, uma página em branco prontinha para ser preenchida por aquela nova pessoa que somos.
Ser novo significa ser diferente. Não diferente para pior, diferente para melhor. Melhor não significa bom ou mau, mas, sim, uma pessoa mais sábia, mais capaz de compreender o mundo à sua volta, as pessoas à sua volta, o planeta que habita. Não podemos ficar repetindo os mesmos erros a vida toda como se o dia seguinte fosse sempre o dia de repetir, fazer de novo o que se fez. Não. No dia seguinte somos outras pessoas, renovados.
Todo mundo já ouviu ou falou aquela frase: "E se eu morrer amanhã?" Bem, é lógico que pode acontecer. Mesmo com toda a nossa torcida para que isso não aconteça, essa frase não é assim tão sem sentido. No entanto, poucos de nós a levamos a sério. E não falo da morte física, mas de uma morte subjetiva: "E se essa pessoa que eu sou hoje amanhã não existir mais?" Posso acordar amanhã uma pessoa muito diferente da que sou hoje. Isso, para mim, é o que se chama morte: acordar pela manhã e ver aquela carcaça do que a gente foi caída pelo chão e tomar conhecimento de que, libertos de todos aqueles pesos inúteis, podemos seguir em frente mais vivos do que nunca.
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