Com a decisão do STF fica autorizado o aborto de bebês anencéfalos no Brasil. Por um lado, muitos respiram aliviados. Essa era uma luta antiga de mães e pais que ao descobrirem que o filho que esperam traz consigo essa deformação e que ao nascer não terá chances de sobreviver e levar uma vida normal. Esses pais e mães, sobretudo as mães, lutavam pelo direito de interromper a gravidez e, assim, tentar diminuir o sofrimento em que se torna a espera daquele ente que, muitas vezes, era esperado com grande ansiedade e alegria. Dessa forma, os que decidirem pela interrupção da gravidez não precisarão mais recorrer aos tribunais para exercer esse direito.
Por outro lado, estão aqueles que levados por princípios ou crenças religiosas acham que a mãe deve levar a gravidez até o fim e, com isso, cumprir uma espécie de plano de Deus para aquela vida em formação. Esse grupo entende que a vida do bebê dentro do útero já conta e que ele deve ter a chance de completar sua vinda à terra mesmo que por um tempo curto.
São duas visões bastante diferentes. As duas merecem o nosso respeito. Se de um lado se quer evitar um sofrimento maior para a gestante e para toda a família ( afinal, a vinda de uma criança ao mundo, salvo raras exceções, sempre é cercada de muita espectativa por todos que cercam o casal ou a mãe); do outro está a criança que precisa vir ao mundo, Deus tem um plano para ela (não se pode conceber que nascemos por acaso e que nascer é apenas para aqueles que reúnem condições de sobrevivência e que esta decisão é apenas dos pais) e ele precisa ser cumprido.
Não acredito que aqueles, como eu, que nunca vivenciaram essa situação de perto estejam em condições de fazer qualquer tipo de julgamento ou mesmo opinar. Não se trata disso. Estou tocando nesse assunto porque acho que é um daqueles casos em que a gente não tem como não pensar, não tem como não se sentir envolvido até a alma. Confesso que sempre me senti tocado.
Minha postura religiosa me leva a ser contra qualquer tipo de interrupção da vida. Antes mesmo da concepção já existe um plano de vida traçado e o fato dela ser de curta duração pode ser exatamente a sua caracteristica. Aquele espírito precisa passar por aquela situação e os pais são o veículo que vão tornar isso possível. Porém, ninguém é obrigado a ver o mundo pela mesma ótica. Somos livres para tomar as nossas decisões.
Vale a pena ressaltar que, independente de qual for a postura dos pais e demais envolvidos, dificilmente isso se dá sem sofrimento, sem dor. Optando pelo aborto ou por levar a gravidez até o seu fim, o sofrimento sempre é grande. Nos dois casos, é necessário ter muita força e capacidade de superação para seguir vivendo. E essa força está na fé, na espiritualidade, e não em algo que o homem não possa determinar através de leis.
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