Sei que já é um pouco tarde para falar desse assunto aqui, mas tive alguns contra-tempos ( inclusive o próprio fato em si) e só hoje posso falar do que aconteceu. Não para dizer apenas que condeno a invasão ou que acho que os quatro jovens merecem esse ou aquele tipo de punição. Devo dizer, antes de tudo, que sou membro do Centro Espírita Cruz de Oxalá, onde atuo como médium (assunto sobre o qual prometo falar mais adiante) e que esse tipo de atitude mostra que estamos caminhando em direção oposta ao que Jesus pregou. Ao invés e falarmos e vivenciarmos o amor, estamos pregando o ódio e a discriminação. Porém, há males que vem para o bem, como dizem os mais velhos. Essa atitude dos quatros jovens fez nascer uma reação em nossa sociedade e já podemos perceber algumas manifestações a favor da liberdade religiosa, do direito que as pessoas têm de expressar livremente o seu pensamento. O próprio Centro Cruz de Oxalá recebeu muito apoio de várias entidades ligadas ao espiritismo, o que nos mostrou que não estamos sozinhos. Também a imprensa nos apoiou, noticiando o fato com o devido respeito e dando a devida atenção, sem esquecer, é claro, de dar voz ao outro lado. Mais do que isso, o que quero deixar claro é que devemos todos nos unir em torno de um pensamento único que é o da paz entre todos os povos sejam judeus, mulçumanos, umbandista, católicos, protestantes, espíritas, candomblecistas, budista, ou qualquer outra religião e mesmo aqueles sem religião. O importante é que todos tenhamos em mente o respeito e a tolerâncias às diferenças de pensamento, raça e credo.
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junho 20, 2008
Morre Elza de Souza
Talvez você não saiba quem foi dona Elza de Souza, mas os moradores de rua e trabalhadores autômonos dos arredores do Largo do Machado e Catete, Glória e Centro a conheceram muito bem. Dona Elza era uma figura franzina, negra e tinha cerca 83 anos de idade, embora não aparentasse dado à sua agilidade e vivacidade. Conheci Dona Elza no Centro Espirita Cruz de Oxalá, no Catete, onde ela ajudava cozinha. Quando lancei, no Centro, a idéia da Sopa, ela foi uma das primeiras a juntar-se a nós e com a gente ficou até o dia 04/06/08, última quarta-feira em que ela participou da feitura e distribuição da Sopa. Na quinta-feira dia 05/06/08, ela sofreu uma queda em frente ao Ciep Tancredo Neves, foi socorrida por transeuntes que chamaram uma ambulância que a levou para o hospital, onde ficou comprovado que ela sofrera uma fratura no braço, sendo logo mandada para casa, onde na madrugada do 06/06/08 ela sofreu um AVC e foi internada no Hospital Rocha Maia, sendo transferida para o Hospital Miguel Couto onde veio a falecer no dia 18/06/08, por volta das 17:30. Coincidentemente uma quarta-feira, o dia da entrega da Sopa. Recebemos, eu Silvia e Eloisa, a noticia de sua morte enquanto preparávamos a Sopa. Difícil não se emocionar. Dona Elza estava sempre ali conosco, contando suas histórias ( quase sempre sobre comida e fatos de sua vida) e nos ajudando na organização de tudo. Era ajuda de formiguinha, mas muito importante. Provavelmente, perdemos nossa melhor formiguinha, nosso beija-flor. Os moradores de rua a tratavam por Vovó. Ela era a "vovó" da Sopa. No Largo do Machado, assim que nós chegávamos ela saía avisando aos nossos "clientes" e quando encontrava um bando de crianças de rua os trazia até, emocionada. Vamos todos sentir muita falta de Dona Elza. Falta da sua presença, da sua ajuda e de seu exemplo de que caridade se faz até o último instante de nossa passagem pela terra. Mesmo tendo tido uma vida de dificuldades, ela soube pensar no seu próximo. Obrigado, dona Elza. Até um dia. Siga em paz o seu caminho e que Deus lhe abençoe sempre.
junho 07, 2008
Autor teatral
É verdade que a profissão do meu coração é a profissão de ator. Porém, escrever para teatro sempre foi algo que me deu muito prazer. Muitas vezes, mais que um prazer uma necessidade, porque quando surge uma idéia ela precisa ser urgentemente colocada no papel e se tona uma urgência, algo que precisa ser feito imediatamente. Caso contrário, a idéia fica me perturbando até que seja colocada no papel. Disso nasceu peças, para o público adulto, como Saudades da China, Felizes para sempre, essa noite, Vestida para o baile, Viver e morrer em Copacabana, O despertador, Clóves e Armando e Papéis trocados. E as peças infantis: A menina que não conhecia o sol, Juca e Bilo em busca de uma grande aventura, O casamento da Arara Azul, dentre outras. Dessas apenas Saudades da China e Viver e morrer em Copacabana foram montadas, por mim. Infelizmente nunca tive as minhas peças montadas por outros diretores. Esse é um grande sonho meu, ver meu trabalho nos palcos por outras mãos que não sejam as minhas. Gostaria também de poder mostra meus trabalhos neste espaço e quem sabe um dia poder escrever uma peça diretamente aqui no blog para que possam acompanhar o desenvolver um trabalho. Esse sonho ainda é impossível pois sei que nâo tenho nenhum leitor ou seguidor do meu blog. Se o Xexéu ( do Globo) diz que tem apenas dezessete leitores, eu digo que não tenho nenhum. Mas tenho fé que um dia ainda vão descobrir o meu blog, embora eu não saiba como, e vão tomar conhecimento de minha existência.
junho 01, 2008
Um livro com o mesmo título
Nos últimos dias tenho tido um motivo a mais de tristeza. É que fiquei sabendo, pela imprensa, do lançamento de um livro chamado " No olho da rua" , mesmo nome do livro que lancei em 1999 e que já falei aqui no blog. Até aí, nada demais. Apenas um livro com o mesmo título. Nâo fosse o fato de eu ter conhecido o autor do livro (Marcelo Antônio da Cunha) que me foi apresentado por duas amigas e que se mostrou interessado em conhecer o meu livro, fato que ocorreu quando uma dessas amigas emprestou o meu livro para ele. Marcelo, até onde eu sei, leu o livro e se interessou chegando a propor, num encontro casual, que nos encontrássemos para falar sobre o assunto. O encontro nunca aconteceu e agora vejo que ele fez uso do título de livro em questão para contar um história muito parecida, para não dizer igual. As duas história tem como cenário unidades da Fundação Leão XIII e trata da difícil vida que levam os excluídos da socidade. No meu caso, não conto histórias vividas por outras pessoas e sim a minha própria história. Estive "no olho da rua" e de lá saí pelo meu próprio esforço e luta pessoal contra um destino que, para muitos, é fatal. Não quero briga com ninguém. Muito pelo contrário. Minhas "brigas" são outras. Prefiro ir para "front" através do meu trabalho espiritual e o trabalho de distribuição da sopa às quartas-feiras. Momento em que, muitas vezes, reencontro para minha tristeza antigos "colegas" moradores de rua do tempo em que vivi a mesma situação. Graças a Deus, agora estou do outro lado. Muitos não tem a mesma sorte. Sei que esse trabalho é muito criticado. É a velha história de que todo morador de rua é um vagabundo. Mas, acredite, um simples pote de sopa faz muita de diferença na vida de um necessitado. Muitos são tomados de alegria quando nos vêem chegando. Alegria que eu já senti quando recebi ajuda de uma alma boa. Por isso, acho que há muito trabalho a ser feito e espero que o senhor Marcelo seja mais um que venha somar aos que não acham nada natural crianças, adultos, velhos, homens, mulheres, famílias inteiras viverem no meio da rua e todos fingirem que nada está acontecendo. Temos mesmo que contar essas histórias, mas também temos que lutar para mudá-las. No meio de tudo isso, talvez minha tristeza seja um pouco de "inveja" por ver o espaço que a imprensa( como na coluna do Mauro Ventura, da revista deste domingo 01/06/2008) tem dado ao livro do Marcelo. Afinal, ele é um médico e eu apenas um ex-mendigo. Mas a vida continua.
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