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maio 08, 2020

Flávio Migliaccio, meu querido perdedor.

Resultado de imagem para imagens de flávio migliaccioSempre acompanhei a carreira de Flávio Migliaccio, sobretudo nas novelas das quais participou, e posso afirmar que a notícia de sua morte me deixou bastante mexido. Principalmente depois que foi divulgada as circunstâncias em que ela se deu. Triste saber que alguém chegue aos oitenta e cinco anos e toma uma atitude tão drástica. 
No entanto, não é difícil entender o que o levou a dar tal passo; estamos vivendo momentos desalentadores. Chegar aos oitenta e cinco numa outra cultura seria motivo de muito orgulho e contentamento, mas não entre nós; insistimos em ligar o envelhecimento à decrepitude e a inutilidade. À medida que vão envelhecendo as pessoas são colocadas de lado, passam a não mais interessar profissionalmente e, em muitos casos, não tem mais lugar no meio familiar. Isso leva muitos idosos a se tornarem pessoas tristes, amargas. Para chegar à depressão é um passo.
Flávio se desencantou com a vida ao vislumbrar esse futuro sombrio para si e, muito provavelmente, para todos que como ele caminham na mesma direção. Não bastasse isso, estamos em meio a uma pandemia que aponta como vítimas potenciais exatamente os idosos, como ele. Mais uma vez, o estigma da velhice sobre aqueles que resistem bravamente e alcançam idades acima da média de grande parte da população.
Porém, a partida o ator tem outro significado para mim. Disse, no início deste texto, que sempre acompanhei sua carreira, muitas vezes sem grande interesse. Afinal, ele nunca fazia o protagonista. Na maioria das vezes passava muito longe disso; seu tipo físico não o recomendava para o papel do galã, e sua cara engraçada o desaconselhava para o vilão. Sobrava para ele o tipo azarado, reclamador, triste, ou seja, o grande perdedor. Era isso que me chamava a atenção nele, pois, para mim, ele era a imagem do grande perdedor.
Muitas vezes me perguntei como ele lidava com isso e nunca encontrei resposta; ele não era o tipo solicitado para dar muitas entrevistas, nem estava o tempo todo na mídia. Portanto, pouco se sabia de sua vida. Seu último papel em Órfãos da Terra exacerbava todos os problemas da velhice e ele foi fundo e nos presenteou com uma grande interpretação como, aliás, fez em todos os seus trabalhos seja na televisão, no teatro, no cinema, escrevendo, dirigindo ou atuando.
Obrigado por tudo, Fávio Migliaccio, meu querido perdedor.

maio 02, 2020

Qual é o seu problema?

Mensagens de incentivo para vencer obstáculos.Sei que você está se perguntando: quem é esse louco que no meio de uma pandemia vem me perguntar qual é o meu problema? Não basta ter de me cercar de todos os lados para tentar me livrar desse vírus terrível que vem matando tanta gente pelo mundo afora ainda vem perguntar qual é o meu problema? 
Ei, calma. Eu entendo tudo isso. O COVID-19 (coronavírus) já é o bastante e ninguém, mesmo que tenha problema, está com tempo para pensar em outra coisa. Continue se cuidando, usando máscara, lavando as mãos seguindo todos os conselhos que a OMS e as autoridades (as sensatas, pelo menos) estão nos dando. Também estou me cuidando. A pergunta tem outro objetivo. Quero saber como você lida com os problemas do seu dia a dia. Aqueles que vira e mexe, entra ano sai ano estão lá te torturando. Como você encara? Sai correndo, nega a existência, entra em desespero e se sucumbe diante deles?  
Não sei você, mas eu costumava reagir de todas as formas que citei acima; achava que os problemas eram monstros terríveis que eu jamais poderia vencer e ficava sem ação. Minha vida era um eterno lamentar e tudo piorava a cada dia. Ou seja, não tinha jeito mesmo. Tudo piorou quando descobri que estava renal-crônico e o médio me classificou como doente terminal. Aí, pensei que era o fim. 
Foi então que cheguei a conclusão de que não podia simplesmente cruzar os braços e esperar a morte. Tinha de fazer alguma coisa, assumir o controle da minha vida: enfrentar o problema. Essa atitude me levou a perceber que ele (o problema) não era tão terrível quanto eu o pintava e que eu poderia vencê-lo se o encarasse de frente e sem me fazer de coitadinho.
Não foi fácil, confesso. Enfrentar as sessões de hemodiálise e todos os seus efeitos colaterais era desafiador. Houve dias em que pensei que não aguentaria o tranco, mas me mantive sempre disposto a não entregar os pontos. Entrei na fila do transplante e meses depois estava transplantado. Hoje posso dizer que a minha está voltando a ser o que era antes. 
Quer dizer, minha vida jamais será como era antes, pois descobri que quando um problema surge, seja de qual natureza for, não tenho outro jeito senão enfrentá-lo de frente, sem medo. 
Encare seu problema; ele não pode ser maior que sua vontade de vencê-lo. 

março 27, 2020

Diário de um renal crônico II


Este vídeo é o segundo da série Diário de um renal crônico, em que eu narro a minha experiência como renal crônico. No primeiro, eu falei de como foi para mim descobrir, de uma hora para outra, que estava com os rins paralisados e a transformação que ocorreu em minha vida. Neste segundo vídeo, Diário de um renal crônico II, eu falo da maneira como encarei a possibilidade de fazer três sessões semanais de hemodiálise pelo resto da minha vida e todos os percalços que enfrentei.

Assista o vídeo e se cuide. 

Beba muita água e esteja atento ao funcionamento de seus rins; eles são mais importantes para o bom funcionamento de nosso corpo do que sequer podemos imaginar.







março 26, 2020

Coronavírus: de quem é a culpa?

Não há dúvida de que vivemos um verdadeiro caos; a cada segundo tomamos conhecimento de que as chuvas causam morte e destruição em todos os lugares, que doenças ameaçam se espalharem pelo mundo e podem dizimar a humanidade, que o desemprego, a fome, a falta de habitação (em muitos casos a falta de uma pátria onde se possa viver com dignidade), saúde, educação, transporte, enfim, que parece não haver saída.
Em meio a tudo isso surge a pegunta: de quem é a culpa? A resposta é quase sempre a mesma: o governo não faz nada para resolver os problemas da população, sobretudo os mais pobres e que vivem nas periferias, nos morros e favelas, nas áreas de risco da cidade.
Também não esquecemos de mencionar que os políticos fazem promessas durante as campanhas e depois abandonam o povo à sua própria sorte. Ninguém em sã consciência negaria isso. O governo ignora as necessidades do povo e os políticos usam os mandatos para se locupletarem e se esquecem daqueles que os elegeram.
No entanto, particularmente neste momento, em vez de partimos à procura de solução ficamos perguntando de quem é a culpa, quem é o responsável pela disseminação do coronavírus (COVID-19), qual país criou o vírus..
A resposta mais acertada é de que a culpa é de todos nós. Primeiro, porque elegemos políticos incapazes e  e, segundo, porque quase nunca fazemos a nossa parte quando somos solicitados. Sempre achamos que tudo é problema dos outros. Se chove muito, não temos nada a ver com isso; se uma doença está se espalhando pelo mundo, igualmente nos esquivamos, não só da responsabilidade de não nos contaminarmos, mas da responsabilidade de não contaminarmos os outros. Ou seja, a culpa é sempre do outro.
Isso não é verdade. Somos todos responsáveis, seja pelas chuvas que inundam tudo e provocam desastres e mortes, pelo fogo que consome nossas florestas, pelo desmatamento, pela pobreza que graça pelo mundo e por este vírus que nos assusta a todos.
O mundo é a nossa casa e não estamos cuidando dele como deveríamos. Chegou a hora de cada um fazer a sua parte. Essa parte agora é ficarmos em casa, não contaminarmos e nem contaminar aqueles que vivem à nossa volta.
Sem culpar ninguém, vamos vencer tudo isso.

As necessidades que criamos.


Resultado de imagem para imagem do homem saindo da caverna no início dos tempos

Não é difícil chegar à conclusão de que nada, mas nada mesmo, neste mundo existe para um propósito. Tudo o que vemos ou sentimos existe para atender alguma necessidade. Algumas são reais e genuínas, sem as quais não podemos viver; outras, simplesmente criamos.
No início dos tempos, quando ainda habitava as cavernas, o homem (ser humano em geral) precisava de muito pouca coisa para viver: se limitava a caçar animais para comer sua carne e usar sua pele para vestir-se. 
A medida que "saiu da caverna" suas necessidades foram aumentando e, sobretudo, foram se modificando. Apenas caçar para se alimentar e se vestir já não era o bastante e foram nascendo novas necessidades: a casa, móveis, roupas, calçados, o saber, os meios de transporte, enfim, tudo que fizesse a vida mais fácil.
Sim, passamos a viver em busca de facilidades. E assim temos vividos nos últimos milênios. Grandes invenções e descobertas foram surgindo para melhorar as nossas vidas. Afinal de contas, precisamos encurtar distâncias, temos de encontrar curas para doenças, responder as perguntas que não param de surgir a todo momento.
No entanto, nesse bojo de invenções e descobertas importantes e imprescindíveis para a vida humana veio muita coisa desnecessária. Coisas que em vez de melhorar e facilitar as nossas vidas nos torna pessoas preguiçosas, indolentes e que nada mais querem do que ficar sentadas apertando botões para ter tudo à mão sem fazer o menor esforço.
Será que é esse o futuro que tanto esperamos que chegue? Um tempo em que não faremos nada e que ficaremos parados feito estatuas à espera de que máquinas nos sirvam? 
É hora de perguntar se o homem nasce somente para ser servido sem nada ter de fazer além de ver suas necessidades, que cria a cada momento, satisfeitas. Sem dúvida, as invenções e as descobertas são provas da inteligência humana e de sua luta para transformar o mundo num lugar melhor para se viver, mas temos que separar o que realmente é necessário à vida do que é apenas capricho.

fevereiro 19, 2020

Hora de parar de reclamar.

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Nunca se reclamou tanto da violência, do descaso com o meio-ambiente, da falta de cuidado com as crianças, jovens e idosos, da corrupção, enfim, de todas as mazelas que tornam as nossas vidas praticamente insuportáveis. 
A saída tem sido reclamar, reclamar e reclamar. Todos reclamam. As ruas são tomadas por manifestantes de todas as esferas sociais com reivindicações as mais diversas. Todas, sem sombra de dúvida, muito justas e, por que não dizer, urgentes. 
Não se pode mais esperar que tudo volte aos eixos por conta própria, assim num passe de mágica. Diante disso, é preciso, sem perda de tempo, que se faça algo que não seja simplesmente juntar um monte pessoas, empunhar faixas, e sair para as ruas bradando para que os políticos sejam honestos, para que as pessoas sejam menos violentas, que se repeite o idoso, proteja a criança e o adolescente, através de uma educação de qualidade, não destrua o meio-ambiente, e a saúde e o bem-estar sejam efetivamente para todos. 
Não se pode negar a força que tem o povo nas ruas unido lutando pelos seus direitos; essa é a essência da democracia. No entanto, temos de ir além disso. O grito das ruas não tem feito eco nas nossas escolhas. Saímos à rua para reivindicar por um mundo justo, equilibrado e honesto, mas quando voltamos para casa aceitamos candidamente viver no mundo tal como ele está, com todos os problemas, defeitos e desajustes.
Elegemos os tais políticos corruptos que tanto execramos, enchemos as ruas, rios e mares de lixo, desmatamos nossas florestas, fingindo que isso é simplesmente natural, compramos cada vez mais armas dizendo que é para proteger as nossas famílias e somos a favor de políticas, claramente, excludentes. 
Qual é a nossa participação para que as mudanças que tanto almejamos aconteçam de fato? Quando vamos nos conscientizar de que não adianta ir para as ruas pensando que o problema é sempre o outro, aquela pessoa que não conhecemos e que está distante de nós?
O único meio de transformar o mundo em que vivemos num lugar melhor é começar dentro de nossas casas, dentro de cada um de nós. Antes de ir para as ruas ou reclamar, devemos examinar nossas vidas privadas para descobrir se o que acontece fora de nossos muros não é apenas reflexo de nossos pensamentos e atitudes.

janeiro 31, 2020

Mero discurso?


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Não é raro ouvirmos por aí os discursos mais inflamados pedindo o fim das guerras no mundo, menos pobreza, uma educação de qualidade para todos, mais atenção e respeito com o meio-ambiente, mais paz e menos violência nas nossas cidades, menos corrupção e mais não sei quantas reivindicações que, vamos combinar, são para lá de justas. Até porque, não dá mais para vivermos neste clima de guerra, a corrida desenfreada pelo lucro fácil sem se importar com a degradação de nosso planeta, vendo tanta gente passando fome, vivendo mal, desempregada e nossos governantes embolsando o dinheiro que deveria ser usado para resolver pelo menos parte dos problemas do povo, como a falta de moradia, saneamento básico, saúde, escola para crianças, jovens e adultos, só para começar a conversa. Sem deixar de falar da violência que condena à morte pessoas indefesas e excluídas. Enfim, todas as demandas dos dias atuais.
Ninguém, em sã consciência, pode julgar que esses "discursos" são meramente ideológicos, coisa de gente de esquerda ou qualquer uma dessas falácias que estão nos sendo empurradas goela abaixo nos últimos tempos por, quem diria, governantes eleitos pelo povo e que, ironicamente, querem nos fazer crer que os problemas  que enfrentamos são invenções da oposição derrotada e ressentida. 
Ora, sabemos muito bem que isso não é verdade. Os problemas estão aí na nossa cara e só não vê quem não quer; a cada chuva as cidades sucumbem às enxurradas, casas desabam matando seus ocupantes, pessoas perdem tudo e ficam desabrigadas, morrem afogadas e caos é instalado  e tudo o que vemos é nossos governantes lamentarem e prometerem obras que não saem do papel; a cada início de ano vemos a desesperada corrida de pais atrás de escolas para os filhos, numa prova irrefutável de que não se investe em educação neste país; o desemprego continua em alta e as ruas estão cheias de desabrigados, ou seja, trabalhadores viram mendigos.
Não há como continuar a acreditar que tudo isso é conversa de gente "do contra", aqueles que não querem ver que estamos vivendo um novo momento em nosso país, como apregoam. A meu ver, isso sim é mero discurso, pois a realidade está aí na nossa cara. Não só na cara, também na nossa boca: a água que usamos para beber, cozinhar, tomar banho e lavar roupa não passa de esgoto.