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fevereiro 14, 2015

A comédia dos espíritos

Resultado de imagem para imagens da novela alto astral    É sempre temerosa a notícia de que a televisão resolveu abordar temas relacionados à religiosidade do povo através do seu carro-chefe, as telenovelas. Principalmente quando se trata do espiritismo, um tema tão difícil de ser abordado dado às suas próprias características. Por mais bem intencionado que o autor (ou autores) seja, qualquer deslize e a coisa desanda. 
   Provavelmente, foi por esse motivo que a grande autora Ivani Ribeiro cercou-se de especialistas, entre eles Chico Xavier através de seu livro "Nosso lar", para escrever a novela "A viagem", a mais bem-sucedida investida do gênero no assunto, seguida de "O profeta", a versão da Tv Tupi, que fique claro, da também de sua autoria.
   Outros autores tentaram abordar o tema, entre eles o competente Walter Negrão, mas nunca se repetiu o mesmo sucesso. Embora o tema seja fascinante, não deixa de ser espinhoso e não conta com a total adesão do telespectador. O brasileiro, apesar de ser conhecido como povo livre e aberto, é conservador quando o assunto é religião.
    Por isso, é preciso cuidado quando se aborda o tema. E cuidado não parece ser o que está tendo a atual novela das sete da Rede Globo, "Alto astral" que trata o tema sem nenhuma preocupação de esclarecer o público. A tônica, parece, é fazer o povo rir custe o que custar. 
    E para isso vale qualquer coisa, inclusive fazer todo acreditar que médiuns são loucos e os espíritos agem da mesma maneira. Haja vista a personagem da atriz Cláudia Raia.  Além da atriz ter claramente  perdido a mão em sua interpretação, o personagem beira o ridículo.
   A história da menina que apronta mil e uma traquinagens com a intenção de juntar o casal principal é muito pouco crível, sobretudo pela sua falta de entendimento da realidade do mundo. E o fato de um espírito apresentar-se como criança não significa que ele tenha o entendimento infantil. O espírito Carlitos mais parece um obsessor e não está interessado em mais nada que não seja fazer cirurgias.       
   Antes de curar o corpo há que se cuidar da alma, não?  Muita estranha aquela situação onde o personagem da atriz Cristiane Torlone faz exigências ao espírito para poder aceitar que as cirurgias aconteçam em seu hospital. Chego a pensar que o mundo espiritual não é mais o mesmo.
    No mais, a novela está longe de fazer jus ao título. O astral está longe de ser alto, mesmo com todo o esforço feito para criar situações "engraçadas" envolvendo os incautos espíritos.

fevereiro 07, 2015

Sorrindo na fotografia.

     Nunca fui de ficar rindo à toa. Sempre acreditei naquela máxima que diz que quem ri de tudo e o tempo todo, no fundo, está escondendo uma grande tristeza. Embora, também, tenha que assumir que a quase constante ausência do sorriso em meus lábios, sobretudo nas fotografias, não seja sinônimo de eterna felicidade.
    Pelo contrário. Sou normal e, como todo mundo, tenho os meus dias de felicidade e de tristeza. Nada, acredito, de mais. Mas deixemos para lá o meu nível de felicidade. Esse post não é para falar disso e, sim, do meu sorriso na fotografia. E é por aí que devemos seguir.
    Tem gente que bastou alguém empunhar uma máquina ( hoje em dia mais celulares  que máquinas) fotográfica que já estampa um largo sorriso nos lábios. Nem precisa do fotógrafo dizer:
- Cheese!
    Às vezes, tenho a impressão de que estas pessoas não fazem outra coisa na vida senão sorrir para fotografias e até tenho inveja delas. Os sorrisos, embora claramente forçados, ficam naturais e bonitos. O mesmo não posso dizer dos meus: ficam forçados e nada naturais.
    Apesar desse meu "probleminha", ou seja, não conseguir sorrir em fotografias, eu sempre levei uma vida normal. Quando fotógrafo dizia "cheese" (sorry, eu sou meio antigo), eu fingia que ele estava falando de queijo e a coisa ficava por isso mesmo: lá estava eu na foto com cara séria e triste.
    Porém, dia desses eu "posei" para a lente de algum celular nervoso que estava por perto e continuei levando a minha vida. No entanto, a fotografia foi postada numa rede social e veio a surpresa. Numa turma de mais de dez pessoas eu era o único que não trazia um sorriso estampado no rosto. Ato extremamente normal para mim, mas... Bem, o que se veio depois foram críticas ferozes:
- Eu não disse? Nem pra rir esse cara serve. - disse alguém que nutre uma "grande" simpatia pela minha pessoa.
    Outros disseram algumas coisas que não valem à pena serem reproduzidas aqui e eu tive que fazer cara de paisagem. Desde então, tenho pensado muito nessa coisa de sorrir para fotografia e cheguei a conclusão que o problema é bem mais sério que eu pensava. Quando tento sorrir, os cantos da boca tremem e eu me sinto desconfortável.
    Por acaso, alguém conhece algum tipo de solução para o meu caso? Aceito sugestões, conselhos e mais o que vier. O que eu não posso é continuar sendo visto como um mal humorado que não se digna a dar um simples sorriso numa fotografia.

janeiro 26, 2015

Cascas de bananas.

     Acho que todos conhecem aquela antiga advertência: "cuidado para não escorregar numa casca de banana e quebrar a cara". Infelizmente, era comum ver gente escorregando na tal casca e se esborrachando no chão. Além dos possíveis danos físicos, tinha o vexame que a situação provocava. Já pensou você estatelado(a) no meio da rua? Nem queira. Era risada na certa. Ninguém perdoava e o seu vexame virara diversão gratuita.
    Porém, você levantava, juntava os caquinhos e seguia o seu caminho ou, dependendo do dano, ia em busca de socorro médico.  Passado os anos, as "cascas de bananas" continuam espalhadas por aí e os tombos continuam, sejam eles em que nível ou do tipo que forem.
    Só que nesses tempos de socais, você não mais está sujeito apenas às risadas dos que presenciam a sua queda. Há sempre uma câmera ligada por perto e então...  Bem, a "escorregadela" corre o risco de cair rede e muita gente poderá ver. Aquele grupinho restrito que presenciou o fato pode ser infinitamente ampliado. Os malditos compartilhamentos existem exatamente para isso.
    A partir daí, para os que gostam de ter quinze minutos de fama e têm senso de humor, nada de mais. É só se juntar aos que estão rindo e rir junto. Mas para os que não gostam dessa exposição toda e, ainda por cima, negativa, a coisa fica um difícil de aturar. Onde quer que você vá vai ter alguém rindo ou apontando o dedo para você:
- Ei, você não é aquele ou aquela...
    Não adianta fugir ou fazer desmentidos. Todos sabem que é você e negar pode não ter resultado nenhum e até aumentar a chateação. Relaxe e deixe o tempo passar. Não há outro remédio. Outra alternativa é torcer para que novas escorregadas o tirem do foco das atenções. Afinal de contas, enquanto se ocupam em rir de outros esquecem de você.

Bom domingo.

janeiro 24, 2015

Respeitar as diferenças.

   Não há a menor dúvida de que passados tantos anos do desbravamento do mundo com a "descoberta" das Américas e da Oceania, os últimos lugares a serem colonizados pelos europeus, o ser humano ainda não consegue aceitar que, embora habitemos o mesmo planeta, sejamos potencialmente diferentes.
    Cada povo vê o mundo a partir da sua ótica. O que é estranho para uns, é perfeitamente natural para outros e assim caminha a humanidade. Ou melhor, assim deveria caminhar a humanidade, pois não conseguimos aceitar o outro como ele é e, o que é pior, tentamos desesperadamente fazer com esse outro tão diferente de nós esqueça a sua maneira de viver e assuma, sem pestanejar, a nossa.
     É isso que chamam de colonização e sabemos qual é o resultado. Os índios das Américas que o digam. Povos inteiros foram dizimados sob a alegação de que eram bárbaros, ímpios, incivilizados e mais um sem número de coisas, só porque tinham maneira de viver diferente ou não aceitavam a "colonização" do "homem branco". 
    Passados tantos anos, essa colonização continua acontecendo. Ainda insistimos em querer "mudar" o outro. Parece que queremos um mundo de iguais onde todos pensem da mesma forma, tenham a mesma cultura, os mesmos costumes. E eu pergunto: para quê isso? Com que objetivo queremos todos virar uma única tribo?
    Talvez seja para fazer valer tal da igualdade. Mas o grande barato do mundo é exatamente essa pluralidade de povos, essa diversidade de costumes. Ninguém pode negar que algumas particularidades de certos povos assustam, causam perplexidade. No entanto, para eles, os estranhos somos nós. Também nós somos vistos como bizarros e estranhos.
     Já é chegada a hora de aprendermos definitivamente a respeitar as diferenças. A partir daí, muita coisa vai ser resolvida no mundo. Além de que podemos todos aprender uns com os outros, pois toda cultura traz em si não apenas bizarrices, trazem ensinamentos que servem para todos.

Bom domingo.

janeiro 17, 2015

Em nome de Deus.

     Muito se fala, mais ainda se faz em nome de Deus. A crença num ser superior que tudo governa, há muito deixou de ser um apoio, um amparo.  Muito pelo contrário, acreditar num deus passou a ser escudo de guerra, motivo para que povos se digladiem, para que irmãos de voltem contra irmãos, para que se torture, mate e se cometa as maiores atrocidades.
     Que Deus é esse que manda seus "filhos" agirem de maneira tão cruel e desumana? Naturalmente, não é um Deus piedoso, não é um Deus clemente que esteja pronto para perdoar o seu povo. Desde Moisés que temos notícia desse Deus que para salvar o seu povo não pensa duas vezes em sacrificar outros povos. Essa ideia de "povo escolhido" sempre me assustou por eu ter dificuldade de acreditar num Deus que preferisse um povo em detrimento de outro povo tão seus "filhos" quanto.
     Tudo bem que tem aquela explicação de que ele (Deus) tentou de diversas maneiras atraí-los e eles foram insensíveis aos seus chamados. Eu não perdi essa parte, mas mesmo assim a dificuldade permaneceu por não conseguir imaginar Deus perdendo a paciência, desistindo da humanidade. Impossível para mim.
     Porém, não estou aqui para discutir os critérios de Deus e sim para falar de algo que também sempre me intrigou: a Sua vontade. Quanta barbaridade se comete em nome dessa vontade. Em nome de Deus povos destroem uns aos outros numa luta sem fim. 
     Não é nada mais que isso que estamos vendo agora. Não foi nada mais que isso que aconteceu durante a sedimentação do cristianismo quando os cristãos convertidos eram trucidados para negarem a sua fé e, mais tarde, foi isso o que aconteceu durante as cruzadas. Os cristãos que morreram em nome de sua fé, agora matavam aqueles que a negavam.
      É a roda do mundo girando. A cada momento estamos em pontos de diferentes. Agora é a vez dos muçulmanos considerarem todos aqueles que não seguem a sua fé como ímpios e impuros e, por isso, merecedores das piores crueldades.
     Triste destino para a humanidade que poderia estar buscando o entendimento, a paz e não  discórdia e a guerra. Se, para mim, é difícil acreditar num Deus que desiste de seus "filhos",  igualmente tenho dificuldade de entender que sua vontade seja que seus "filhos" saem matando e arrasando com tudo por aí. Tenha esse Deus o nome que tenha. Deus é paz, é amor, é perdão, é entendimento e não conhece a intolerância.

Bom domingo.

P. S. - A questão da liberdade de expressão tão falada recentemente é um capítulo à parte.

janeiro 10, 2015

Por acaso, você quer ocupar o meu lugar?

     Não se assuste. Essa pergunta não é dirigida a você que lê esse post. E nem poderia. Aliás, eu não me sinto detentor de nenhum lugar especificamente meu o qual eu pudesse temer que alguém pudesse estar de olho. 
     Portanto, não precisa pensar bobagens. Eu estou apenas querendo chamar atenção para esse tipo de situação. Ou não vai me dizer que você nunca ouviu alguém proferir esse pergunta assim meio como quem está brincando, embora estela mesmo falando sério? 
     Se a resposta for não, sorte sua. Se for sim, pelo menos a gente tem alguma coisa em comum. Porque vez outra escuto alguém com esse tipo de direta ou indireta. Tanto que acabei desenvolvendo uma espécie de resposta pronta:
- O que eu faria com o seu lugar, se ele é seu?
     Você percebeu que a resposta é uma pergunta, não é? Mas ela resume exatamente o que eu penso. Se o lugar tem um dono somente esse dono pode ocupá-lo. Ninguém ocupa lugar de ninguém. Cada pessoa tem o seu lugar. Mesmo que, aparentemente, alguém deixe "um lugar" ( no caso, cargo) e outro venha a ocupá-lo depois.
     Os únicos cargos que, parecem, serem ocupados durante uma vida inteira são os tronos.  E assim mesmo há reis que abdicam em favor de filhos, esposas etc. Até o papado já não é tão vitalício. Veja o caso de Bento XVI que saiu para dar lugar ao papa Francisco. 
     Dessa forma, ninguém precisa ficar se achando dono do pedaço ou viver aterrorizado pensando que pode perder seu lugar a qualquer momento. O que a gente tem que fazer é cuidar bem do "nosso lugar" para que nunca pareça vago. Pois de nada adianta estarmos sentado no posto mais alto se todos têm a impressão de não há ninguém nele.
     A garantia que temos para manter o espaço que julgamos ser nosso é fazer bem o nosso papel, preenchendo com talento os nossos espaços de atuação. Assim sendo, ninguém ameaçará o nosso posto e a tal perguntinha cretina poderá descansar dentro da boca.

Bom domingo.

janeiro 03, 2015

Gato por lebre.

      Dizem que a propaganda é a alma do negócio. É preciso alardear as suas habilidades e talentos para todo mundo saber. Caso contrário, acredita-se, você pode passar a vinda no anonimato sem que ninguém saiba de sua existência e muito menos dos seus talentos.
     Portanto, vá, literalmente, para praça e faça com que todos saibam o que você faz de melhor. Pensando bem, acho que nem precisava desse incentivo. As pessoas já estão na praça gritando aos quatro ventos o que sabem fazer de melhor  e também o que não sabem fazer de melhor.
      Infelizmente, é isso mesmo. A praça é território livre e apregoa quem quer. Tem muita gente que vende gato por lebre. Prometem mundos e fundos e na hora h a coisa não é bem o que foi anunciado.  E isso não vale apenas para profissionais, vale para tudo.
     Tem muita gente exagerando quando vai se vender. Prometem muito e esquecem que vai chegar a a hora em que vai ter que provar tanto talento, tanta capacidade, tanta destreza, tanta habilidade. É aí que se descobre quem mente e quem fala a verdade.  Mas a essa altura, contratos já foram assinados, compromissos assumidos e despesas já foram feitas.
     Os falastrões sempre evitam falar na possibilidade da coisa não dar certo. Com eles tudo sempre fica perfeito, pois eles são os melhores do mundo. Ninguém trabalha como eles. Na hora da verdade, a história é outra.
     Portanto, é preciso ter muito cuidado com esses "profissionais" que prometem demais. É sempre bom manter um pé atrás com esses tipos que vendem o "fácil" e que têm solução para tudo. Fuja deles. O melhor a fazer é acercar-se daqueles que ainda mantêm um pouco de modéstia ao propalar as sua habilidades e vender os seus serviços.

Bom domingo.