Pesquisar este blog

agosto 22, 2013

Papa Francisco

     Acho que ainda não falei aqui do papa Francisco e sua passagem pelo Brasil na jornada mundial da juventude. Apesar do assunto não ser mais novo, creio ainda seja tempo.
     Festa bonita, grande demonstração de fé do povo brasileiro e dos jovens  (e os nem tanto) do mundo inteiro que aqui se reuniram. Algo para ficar na memória de todos nós: os cariocas, os que aqui vieram e os que assistiram "around the world".
     A presença luminosa do pontífice nos fez esquecer todos os desacertos e percalços na organização do evento e só prestar atenção em sua vitalidade e, por que não dizer,  na sua juventude. Aos setenta e seis anos (me corrijam se eu não estiver certo) o papa provou que não existe limite para ser jovem. 
     Ele demonstrou que ser jovem não é ter pouca idade cronológica é, sim,  ter a capacidade de fazer coisas comuns parecerem novas. Quantos papas já passaram pelo trono de Pedro e não conseguiram tocar o coração dos fiéis em anos de pontificado? Muitos, não é? Francisco mal chegou e parece que já o conhecemos de longa data. Encarna como ninguém a figura do pai, do conselheiro e do amigo que todos queremos ter por perto.
     Talvez seja cedo demais para falar em posteridade, em legado, mas não se pode negar que esse papa representa um sangue novo no Vaticano. Ele foi, sem sombra de dúvida, o mais jovem de todos os que participaram da jornada. E isso não é nada desprezível, quando sabemos que o cargo o leva  exatamente para o caminho oposto
     Tomara que ele não se canse e não perca o seu vigor. Não o vigor físico, mas o vigor missionário. Aquele de que todos nós necessitamos. Afinal, somos todos missionários. Esse vigor  é produzido pela fé e confiança de que caminhamos para um melhor entendimento entre os povos e, sobretudo, com mais comunhão com Deus. E nesse sentido, tenho certeza, que o papa Francisco é um bom modelo a seguir.
Vida longa ao papa.

agosto 04, 2013

Semelhanças entre um coração e um apartamento.

     A comparação pode parecer esdrúxula à primeira vista. O coração, não o órgão do nosso corpo, mas o lugar idealizado onde acreditamos residir toda a força dos nossos sentimentos,  talvez não seja algo que se possa comparar com um apartamento, esse, sim, aquela subdivisão dos prédios de concreto armado onde as pessoas vivem.
     Independente de seus tamanhos, os apartamentos abrigam não só as pessoas ricas, remediadas ou pobres. Acima de tudo, abrigam seres que riem, choram, sonham, fazem planos para o futuro w, mais que tudo, querem ser felizes. Neles podem ficar por meses, por anos ou pela vida inteira e  são chamados de  proprietários ou inquilinos.
     O que há de semelhança  entre um coração e um apartamento? Como os apartamentos, os corações estão sempre "ocupados" ou à espera, digamos, de inquilinos que os "habitem". E esses "inquilinos" podem ser bons ou ruins, ficarem dias, meses ou anos.  Não importa. 
     O que conta é que sejam inquilinos cuidadosos, que cuidem bem do "apartamento" e ao saírem não os deixem tão destruídos que não possam mais serem "habitados" ou com necessidades de grandes reformas. Até porque ninguém gosta de "morar" em lugares que não apresentem condições de "habitação", não é?
     Assim são com os nossos corações. Quando vemos um coração destruído  por "inquilinos maus e descuidados" ficamos com pena, mas geralmente seguimos adiante em busca de outro que não tenha sofrido tanta avaria e  se as tiver sofrido esteja pronto para ser devidamente "restaurado"
    Por isso tantos corações  são mantidos "vazios" por aí, não é? Uns por estarem cheios de marcas da última "ocupação"  e outros por  medo de serem destruídos e abandonados.
   Talvez você diga que esse medo não se justifica , e isso pode ser verdade.  Mas ninguém pode ser um "proprietário" que não se preocupe com a conservação do seu "apartamento". Só resta desejar que venham !inquilinos (as) que cuidem bem da "locação".

Um bom domingo.

julho 19, 2013

Motivo da nossa alegria.

     É comum a gente ouvir as pessoas dizerem que o sofrimento faz parte da vida, que essa é uma condição humana e que dele ninguém escapa, que mais cedo ou mais tarde ele aparece para todo mundo.  Infelizmente, quase sempre a gente acaba constatando que isso é verdade.
    Nascemos, vivemos e morremos. Nada de novo nisso, não é? Mas não aprendemos a lidar bem com esse fato. Carregamos isso como um fardo muito pesado. O que faz com nos tornemos pessoas tristes e incapazes de lidar com tudo o que é passageiro.
   Buscamos o eterno em algo que sabemos que não é eterno. Queremos a todo custo viver para sempre  embora cientes de que o que num momento parece eterno ou duradouro, pode não existir mais no momento seguinte. Tudo é passageiro. Não conseguimos parar o tempo.
   Mas longe disso ser motivo para nossa tristeza e desencanto com a vida, deveria ser a razão da nossa alegria. A razão de vivermos cada minuto como se fosse o último ou o primeiro, depende da visão de cada um de nós.
    Pois tanto podemos transformar a nossa vida em algo prazeroso como num vale de lágrimas, onde tudo é dor e sofrimento,  motivo para revolta e tristeza. /Essa decisão está nas mãos de cada um de nós, Se escolhemos ver a vida pela ótica positiva não eliminamos de vez o sofrimento, mas tornamos tudo mais fácil.    Podemos transformar cada momento em aprendizado, única maneira de afastar o sofrimento do nosso caminho. O sofrimento está intimamente ligado à falta de conhecimento e à eterna negação da sua busca.
   Sem buscar o conhecimento, sem livrarmos da nossa cegueira, não temos como nos livrar do sofrimento Pois só o conhecimento pode trazer a verdadeira alegria de viver.

julho 14, 2013

A internet e as Informações falsas.

      Nesses tempos de internet parece ser muito comum que as pessoas se apropriem de coisas dos outros. Algumas, acredito, com o intuito de passar para frente e divulgar o que outro faz por julgar que aquilo deve ser visto e conhecido por um número maior de pessoas e isso é bastante louvável, mas outros fazem isso para se divertir ou para "roubar" as ideias que não lhe pertencem mesmo. 
     Mas  não se trata de plágio, que é quando a pessoa cria algo em cima de outro e é tão reprovável quanto. O caso é diferente. Trata-se daqueles que divulgam  textos e trabalhos de outros como se seus fossem, escrevem besteiras e colocam nomes de pessoas renomadas creditando à elas coisas que elas nunca sequer pensaram e que nada tem a ver com elas e com o trabalho que elas fazem.
      Como já se sabe, a internet é um campo livre. Cada um faz o que bem quer. Até aí muitos podem dizer que é assim mesmo e que não poderia ser diferente, pois isso reflete a liberdade de expressão e coisa e tal e tal e coisa.
     Mas é preciso ter bom senso, não? Que prazer pode ter uma pessoa em divulgar um texto, uma frase, um pensamento dito por alguém sem ter certeza que aquela pessoa tenha dito ou feito aquilo de verdade? Esse é o lado ruim dessa revolução chamada internet. Se por um lado temos a informação que queremos na hora em que precisamos, esse tipo de atitude bota tudo a perder quando se quer ter certeza da informação coletada. Não é querer ser purista ou ser mais realista que o rei. É uma questão de, por um lado, fazer justiça a quem realmente é o autor e por outro tornar a internet um campo de pesquisas confiável.
    Assim, ao mesmo tempo que se criar facilidade nunca antes vistas, se cria um mundo de mentiras e inverdades que não colabora em nada com ninguém. Essas pessoas deviam pensar melhor antes fazer isso, pois elas também podem precisar de informações e só encontrarem engodo.

julho 05, 2013

Sem uma porta para bater.

     Acho que contei aqui que todas as segundas feiras, juntamente com um grupo de amigos, eu participo da distribuição de sopas pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, não é? Para quem não se lembra, faço isso com esse grupo há mais ou menos nove anos. Não é um trabalho fácil. Todas as segundas feiras encontramos pessoas de todo jeito: desempregados, drogados, marginais, ex-presidiários, doentes, abandonados, jovens, velhos, crianças ( muitas crianças), homens e mulheres. Enfim, difícil enumerar todos.
     Mas nesta segunda feira (02/07/2013) encontramos uma família: pai, mãe, filho e filha. A menina de uns doze anos e o menino de uns dez anos. O pai e a mãe, um casal bastante jovem ainda. O curioso é que a gente nunca podia imaginar que eles fossem moradores de rua (o nosso público alvo) e todos ficamos assustados quando as duas crianças entraram na fila para receber a sopa e o pão que distribuímos.
     Isso se deu, em primeiro lugar, pelo fato de termos o hábito (triste hábito) de julgar as pessoas pela aparência e a família referida estava com a aparência normal de qualquer passante da rua Uruguaiana (esquina com o Largo da Carioca). As duas crianças pegaram a sopa para elas e para os pais. Entregamos as sopas e pouco depois elas voltaram para fila e pediram mais, no que foram atendidas.
     Não costumamos tecer comentários a respeito das pessoas que encontramos, mesmo aquelas que se mostram, às vezes, inconvenientes e nos obrigam a ter uma postura diferente da usual. Porém, esse casal e os filhos nos fez quebrar esse costume e antes mesmo de voltar já estávamos falando sobre eles. Sentados os quatro comiam as sopas e o pai fez-nos um aceno de agradecimento. Aí entendemos que os quatro estavam mesmo na rua. Provavelmente chegaram naquele dia (dado o estado de asseio deles).    
     Acontecimentos como esse faz com que acreditemos que, independente do motivo, qualquer um pode um dia se ver nessa situação. E é por isso que a sopa existe: para poder receber aqueles que não têm uma porta onde bater.

junho 29, 2013

O lugar de cada coisa.

     Outro dia reencontrei um amigo que não via há muito tempo. Acho que todo mundo sabe o que acontece nessa ocasiões, não é?. Por mais que a gente tente, não há jeito, o assunto acaba mesmo sendo o passado, aquilo que se viveu "naquele tempo" e por aí vai.
     Até aí nada de mais. Falamos do quão felizes éramos, dos amigos que se perderam na bruma do tempo e daqueles que ainda mantemos contato.A conversa seguiu animada com algumas notícias muito boas, algumas nem tanto e outras que talvez eu preferisse não ficar sabendo. Mas faz parte da vida, não é? 
     Já lá pelo fim do encontro, ele me fez uma pergunta aparentemente banal, mas que me fez pensar. Ele perguntou: "Você tem saudades daquele tempo?" Não me lembro exatamente o que respondi. Provavelmente, eu devo ter respondido que sim, que sentia saudades do tempo vivido. Porém, ao voltar para casa, a pergunta não saiu da minha cabeça e ela foi tomando outros contornos. De repente, não se tratava mais de saber se eu sentia saudade ou não, tratava-se da distância no tempo.
   Algum tempo passou desde que vivi aquelas experiências e pude perceber como havia mudado a percepção que eu tinha das coisas, como mudaram os meus valores, os conceitos. Difícil mensurar se estou melhor hoje e que a minha visão de vida agora é mais acertada. 
   Uma coisa, porém, eu não tenho dúvida: como tempo passou hoje posso ver que eu, em muitos momentos, estive muito enganado comigo mesmo e com as pessoas que cercavam.  Tomei decisões que atrasaram meus caminhos, julguei erradamente pessoas dando valor demais a quem não merecia tanto e deixando de lado aquelas que realmente mereciam muito mais.
    Palavras, atitudes infelizes, presunção, ingenuidade e, sobretudo, pressa. Eu tinha muita pressa. Eu queria tudo naquele momento e me negava a ver as coisas no longo prazo. Pena que a gente só descubra isso depois que o tempo passa. Mas longe de me deixar triste, essa constatação me fez ver que o tempo coloca cada coisa no seu lugar sem pressa e dá o verdadeiro valor de cada coisa. Ainda bem.

junho 02, 2013

Só a vida ensina - Capítulo 15 - último capítulo.


Neste último capítulo, Joel se vê diante das grandes surpresas que a vida lhe reserva. Terá ele aprendido a lição. Leia  esse útlimo capítulo e fique sabendo.

SÓ A VIDA ENSINA

Capítlulo 15


CENA 1 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO.
JOEL, NESTOR E OS OUTROS MORADORES DO ACAMPAMENTO. ZELÃO À FRENTE DELES.
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 11 DO CAPÍTULO 14.

ZELÃO – Eu fiz uma pergunta.

NESTOR – O Joel descobriu um lugar onde tem muito garimpo bom, não é, Joel?

JOEL – É isso mesmo. Só coisa boa.

ZELÃO – E eu posso ir junto para conhecer esse lugar?

JOEL – É muito longe daqui, Zelão. (TEMPO) Mas pode deixar que eu te levo lá depois.

ZELÃO FICA DESCONFIADO, MAS OS DEIXA SAIR. JOEL SEGUE COM OS MORADORES A PASSOS LARGOS. SUZI SE APROXIMA DE ZELÃO.

SUZI – O que foi?

ZELÃO – O Joel apareceu com uma conversa de que descobriu um lugar cheio de garimpo. Acho que ele está variando. Eu furei a barriga dele e ele ficou com o juízo alterado. Vai entender.

CORTA PARA:

CENA 2 – EXTERNA/DIA – UMA PRAÇA
RAMIRO ESTÁ PARADO NA PRAÇA. JOEL CHEGA COM NESTOR E OS HOMENS.

JOEL – Aqui estão os homens que eu consegui.

RAMIRO – Muito bem, Joel.

NESTOR – Cadê o garimpo, Joel? Não estou vendo nada.

JOEL – Calma, homem. Seu Ramiro vai levar a gente ate lá.

NESTOR – Estou achando isso tudo muito esquisito. O Zelão não vai gostar disso.

RAMIRO – Vamos deixar de conversa. Não temos tempo a perder.

RAMIRO FAZ UM SINAL E TODOS O SEGUEM.

CORTA PARA:

CENA 3 – INTERNA/DIA – UM GRANDE GALPÃO
RAMIRO ENTRA NO GALPÃO ACOMPANHADO DE JOEL, NESTOR E DOS OUTROS HOMENS. É UM LOCAL LIMPO, CHEIO DE CAIXAS E GENTE TRABALHANDO.

RAMIRO – Esse é o local onde vocês vão trabalhar.

NESTOR – Trabalhar? Nós saímos para garimpar e não para trabalhar.

JOEL – Calma, Nestor. Deixa o seu Ramiro falar.

RAMIRO – Quem preferir continuar sendo explorado pelo Zelão, esteja à vontade. Aqui vocês vão trabalhar e vão receber pelo seu trabalho. Ninguém vai explorar ninguém. Isso aqui é uma cooperativa de catadores de lixo. Uns vão trabalhar na coleta, outros na separação, outros na embalagem.

NESTOR – Vamos trabalhar para quem?

JOEL – Vamos trabalhar para nós mesmos

NESTOR – E quem é o responsável por isso aqui?

RAMIRO – Eu e o meu amigo Fábio.

FÁBIO APARECE.

FÁBIO – Bom dia para todos vocês. Eu sou o administrador dessa cooperativa de catadores, junto com o senhor Ramiro, e gostaria muito que vocês viessem trabalhar com a gente.

JOEL – (TOM) Fábio!? É você?

FÁBIO – Sou eu, Joel. Acho que temos muito que conversar.

CORTA PARA:

CENA 4 – INTERNA/NOITE – UM BAR
JOEL E FÁBIO.

FÁBIO – O que você vai beber, Joel?

JOEL – Um refrigerante.

FÁBIO – Não estou te reconhecendo.

JOEL – Eu não bebo mais, Fábio. O senhor Ramiro me levou até uma reunião do AA. Agora eu faço parte dos alcoólatras anônimos.

FÁBIO – Que bom, Joel. (TEMPO) Sabia que a Verinha está te volta ao Rio?

JOEL – Eu vi vocês dois juntos. (TEMPO) Não esperava isso de vocês.

FÁBIO – O que é isso, Joel? Eu e a Verinha somos bons amigos. Meu casamento com a Marluce continua firme.  A única coisa que mudou o foi o emprego. Pedi demissão do escritório do seu Olavo para trabalhar com o meu amigo Ramiro. Como essa vida é engraçada, não?

JOEL – Como assim?

FÁBIO – Lembra daquele mendigo ao qual eu costumava oferecer uma quentinha de vez em quando?

JOEL – É claro que me lembro. A imagem daquele homem nunca saiu da minha cabeça.
Me lembro até hoje das besteiras que falei.

FÁBIO – A vida dá voltas, Joel. Aquele mendigo é hoje o dono da cooperativa de catadores de lixo onde eu estou trabalhando e você também vai trabalhar.

JOEL – Você está querendo dizer que o seu Ramiro...?

FÁBIO – Ele mesmo, Joel. Ele sumiu lá da rua e apareceu um tempo depois e me convidou para conhecer o trabalho que ele estava desenvolvendo. Resolvi fazer parte e desde então trabalhamos juntos.

O GARÇOM SERVE OS REFRIGENTES.

FÁBIO – Vamos brindar a esse nosso reencontro.

OS DOIS BRINDAM E JOEL SE LEVANTA PARA SAIR.

JOEL – Preciso ir, Fábio.

JOEL SAI.

FÁBIO – E o que eu digo para a sua mãe e para a Verinha?

JOEL JÁ ESTÁ LONGE. NÃO PODE MAIS RESPONDER.

CORTA PARA:

CENA 5 – EXTERNA/NOITE – TERRENO BALDIO.
JOEL, NESTOR E OS OUTROS HOMENS CHEGAM NO ACAMAPAMENTO TRAZENDO ALGUMAS COISAS. ZELÃO E SUZI ESPERAM POR ELES.

ZELÃO – Pensei que não fossem mais voltar.

JOEL – O lugar era longe.

TODOS ENTREGAM OS SEUS SACOS. E VÃO SAINDO.

ZELÃO – Ninguém vai querer comida, uma pedra? Não vai uma cachaça, Joel?

JOEL – Obrigado, Zelão. Eu vou descansar um pouco. Trabalhei muito.

TODOS SAEM PARA OS FUNDOS DO TERRENO.

ZELÃO – O que deu nessa gente, Suzi?

SUZI – Sei lá, Zelão. Acho que eles andaram muito para garimpar essas coisas e estão cansados.

ZELÃO – Será isso mesmo?

CORTA PARA:

CENA 6 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
O DIA AMANHECE NO ACAMPAMENTO. O ACAMPAMENTO ESTÁ VAZIO. SUZI É A ÚNICA QUE DORME NUM CANTO. ELA DESPERTA E VÊ QUE ESTÁ SOZINHA. CAMINHA PELO ACAMPAMENTO E SE MOSTRA ALARMADA.

SUZI – Onde está todo mundo? Para onde foi essa gente? O Zelão precisa saber disso. (PEGA O TELEFONE CELULAR E FAZ UMA LIGAÇÃO) Zelão? O povo sumiu, Zelão. Não tem ninguém aqui no terreno.

CORTA PARA:

CENA 7 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
ZELÃO ESTÁ DIANTE DE SUZI.

ZELÃO – Como você deixou isso acontecer, Suzi?

SUZI – Quando eu acordei não tinha mais ninguém aqui?

ZELÃO – Nem o Joel?

SUZI – Ninguém mesmo.

ZELÃO – O Joel deve ter levado todo mundo para o tal lugar onde tem muita coisa para garimpar. Deve ser isso.

DOIS POLICIAIS SE APROXIMAM.

POLÍCIAL – Senhor Zelão?

ZELÃO – Pois não.

POLICIAL – Temos ordem para dar uma busca nesse local. (PARA O COLEGA) Pode iniciar, Genésio.

ZELÃO – O que foi que eu fiz?

POLICIAL – Fica quieto.

O POLICIAL SAI E LOGO VOLTA COM UM SACO.

POLICIAL II – A denúncia procede, colega. A droga está aqui. Podemos levar o meliante.

ZELÃO OFERECE ALGUMA RESISTÊNCIA, MAS OS POLÍCIAIS O ALGEMAM E O LEVAM.

ZELÃO – Avisa a minha mulher, Suzi.

OS POLICIAIS SE AFASTAM COM ZELÃO.

SUZI – Pode esperar sentado, Zelão. Quero mais é que você apodreça na cadeia.

CORTA PARA:

CENA 8 – INTERNA/DIA – GALPÃO - PÁTIO
JOEL, RAMIRO E FÁBIO. JOEL ESTÁ BEM VESTIDO E COMANDA JUNTO COM FÁBIO E RAMIRO OS TRABALHOS NA COOPERATIVA. VÁRIOS HOMENS TRABALHAM, NESTOR ESTÁ ENTRE ELES.

FÁBIO – Nossa cooperativa está indo de vento em popa.

JOEL – E todos trabalham felizes. Ninguém explora ninguém.

RAMIRO – Esse é um sonho antigo, Joel. Desde quando eu estava deitado na porta daquele restaurante. Você se lembra?

JOEL – Nunca vou me esquecer.

O PORTÃO SE ABRE E DONA MARGARIDA ENTRA ACOMAPANHADA DE BERNADETE.

FÁBIO – Veja só quem veio nos visitar.

JOEL – Mãe!?

DONA MARGARIDA – Meu filho!

JOEL ABRAÇA DONA MARGARIDA E EM SEGUIDA A IRMÃ. TODOS SE CONFRATERNIZAM. JOEL APRESENTA SEU RAMIRO À SUA MÃE, OS DOIS LOGO SE ENTENDEM.

CORTA PARA:

CENA 9 – EXTERNA/DIA – TERRENO BALDIO
HÁ ALGUMAS PESSOAS NO TERRENO. SUZI ESTÁ ENTRE ELES. PERCEBE-SE QUE ELA TOMOU O LUGAR DE ZELÃO E AGORA ESTÁ EXPLORANDO OS MORADORES DE RUA. JOEL E RAMIRO ASSISTEM A CENA DE LONGE.

SUZI – Pensei que a Suzi...

RAMIRO – O Zelão foi preso e ela ficou no lugar dele. Dizem que da cadeia ele continua sendo o chefão e ela a sua testa de ferro.

JOEL – Pensei que ela fosse diferente.

RAMIRO – Infelizmente, o homem estará sempre explorando o seu semelhante, Joel. O que podemos fazer é tentar mostrar para essa gente que existem outras saídas. Nosso trabalho não termina nunca.

CORTA PARA:

CENA 10 – EXTERNA/NOITE – PORTA DO SALÃO DE BELEZA ONDE VERINHA TRABALHA
JOEL ESTÁ PARADO NA PORTA COM UM BUQUET DE FLORES NA MÃO. A PORTA DO SALÃO SE ABRE E VERINHA SAI. JOEL A SURPREENDE.

JOEL – Flores para a mais bela cabeleireira do mundo.

VERINHA – Joel!?

JOEL –  Recebe essas flores, Verinha. Não daquele Joel que você conheceu e que te fez sofrer tanto. Mas de um Joel que aprendeu com a vida. Por que há coisas que SÓ A VIDA ENSINA. Agora eu estou pronto para te amar do jeito que você merece. Eu te amo, Verinha.

VERINHA ACEITA AS FLORES E OS DOIS SE BEIJAM. LOGO DEPOIS, SAEM DE MÃOS DADAS PELA RUA.

CORTA PARA:

FIM

Para você que acompanhou a saga de Joel, meu muito obrigado.

Outras histórias virão por aí. Aguarde.