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janeiro 20, 2012

Entre vilões e mocinhos.

  Embora a vida esteja longe de ser um romance água com açúcar, uma novela romântica ou qualquer coisa que o valha, tem muita gente por aí que faz questão de viver num mundo de faz de conta, Nesse mundo, sempre bastante particular, elas escolhem seus papéis buscando, não apresentar um trabalho, digamos, artistico, mas nas vantagens que o papel pode oferecer.
    Assim demonstram estar interessados em representar somente os "personagens" ricos, bonitos e que tenham bastante poder sobre aqueles que o cercam. Nada de interpretar os bonzinhos, bem intencionados que moram em cenários simples  e até humildes, que aguentam os mandos e desmandos dos vilões mesmo, é claro, com a promessa de felicidade eterna no último capítulo. O que vale, de verdade, é passar os duzentos capítulos sempre muito bem vestidos, alimentados, morando em cenários maravilhosos e tendo todas as suas vontades  (geralmente, torpes) atendidas.
    Se a ficção precisa desse arcabouço (já um tanto surrado) para poder manter a audiência presa à história, a vida "real" bem que podia dispensar esses tipos ou simplesmente dar um espaço menor para eles. Uma vez que não há o problema da audiência como na ficção onde os "atores" escolhem o papel mesmo sabendo de seu fim inexorável.
     Porém, do lado de cá  tem muita gente vivendo como  meros  vilões de folhetim, sem se importarem com as consequências. Como os chamados vilões eles se lançam em arriscadas operações apenas com o fito de enganar, roubar, maltratar, espoliar, trapacear, tirar o sossego daqueles que nada lhes fizeram e tudo o mais que possa mentes tão doentes. O noticiário confirma todos os dias. Quadrilhas e mais quadrilhas que se juntam com o único objetivo de colocar a mão naquilo que não lhes pertencem, indiferentes ao fato de que mais cedo ou mais tarde serão desbaratadas e que todo o sonho de vida fácil poderá levá-los ao fundo de uma cadeia.
   Isso me faz pensar que, na verdade, a nossa sociedade seque o mesmo arcabouço maniqueísta da ficção, onde os personagens malvados fazem nais sucesso junto ao público. Afinal de contas, a punição, quando chega, é lá no último capítulo.

janeiro 13, 2012

Sinal dos tempos?


     Que as coisas mudam com o tempo, ninguém ignora isso, não? Também ninguém desconhece igualmente que essas mudanças ora são para melhor, ora nem tanto. Vimos, através do passar dos tempos, muitos costumes  considerados ruins sofrerem alterações que os fizeram chegar aos nossos dias totalmente transformados.Não  se pode negar que isso é algo bom, sinal de que houve aprimoramento. 
     Outros costumes, por sua vez, seguem o caminho contrário. Bem vistos na sua origem, com o tempo passam a ter uma conotação completamente diferente, tornando-se algo mal visto e evitado pelas pessoas. E o que é mais surpreendente é que, muitas vezes, não se trata de algo exatamente negativo ou pouco recomendado.
     É claro que você dirá que isso é natural. Afinal se há evolução, também pode haver "involução". Muitos caminham em busca de iluminação, mas o caminho contrário parece seduzir da mesma forma,  infelizmente.  
    As pessoas, não sei se é só impressão, estão cada vez mais esgoistas e individualistas. Todos querem ser os donos da verdade, os que tem mais direitos (quase nunca deveres e obrigações), os únicos que tem vez,  Por isso,  não medem esforços em mostrar o quanto  são desleais, incapazes de ceder a vez para outro e agir fraternalmente.
    Ai vem a pergunta: isso é mesmo natural? É possível que muitos respondam que sim. É uma pena. Em meio a essa corrida desenfreada para chegar sempre na frente, sem se importar com o que quer que seja, perdemos algo de muito valioso: a nossa capacidade de amar o nosso próximo, ser gentil, dar a vez ao outro.
    Há quem diga que agir assim é ser bobo, otário, Bondade e altruísmo é coisa de santo, não de ser humano normal. Pode até ser que seja assim. Nossa  condição simplesmente humana nos confere algumas limitações. Mas será que existe algum mal em buscar se espelhar nos exemplos de vida dos chamados "santos"?

janeiro 07, 2012

Presenças e ausências.


   Jorge era uma pessoa dotada de umas certas peculiaridades: estava quase sempre calado, quase sempre sozinho e tinha uma tristeza no olhar, um semblante que revelava uma inconfessada desesperança ou mesmo um inconformismo. Quem o via "sempre na sua", não raro, o classificava como uma pessoa egoísta e esnobe. Afinal de contas, é assim que são vistas as pessoas que não costumam expressar vivamente os seus sentimentos, não é? Julgamos as pessoas pelo que elas aparentam e não damos chance de que os outros sejam diferentes ou, para ser exato, que elas sejam elas mesmas.
    Nossa sociedade estabelece um padrão de comportamento e quem está fora dele paga o preço de "ser diferente". Jorge podia ser classificado com um desses "seres diferentes". Não que ele agisse assim propositadamente. Pelo contrário, ele bem que gostaria de ser igual a todo mundo: gostar das mesmas coisas, frequentar os mesmos lugares, ter o mesmo gosto para música, esporte, cinema, teatro, literatura etc. Isso, segundo o que ele pensava quando o peso dessa diferença fazia-se insuportável, tornaria as coisas mais fáceis. Ele certamente teria amigos, faria parte de algum clube, sociedade ou qualquer arranjamento em que pessoas juntam-se para se divertirem e se suportarem.
   Era com esse pensamento que Jorge, vez por outra, aproximava-se das pessoas numa tentativa de convívio, de troca, de cumplicidade (por que não?), numa tentativa de entendimento. Durante esse período ele, por vezes, chegava a sentir-se integrado, amalgamado.  Vivia grandes esperanças de ter encontrado "sua turma", sua "cara metade". Uma certa felicidade ficava estampada em seu rosto e não era difícil vê-lo sorrindo e cantarolando por aí.
   Porém, não demorava muito e as diferenças iam surgindo e ele, mais uma vez, voltava a ausentar-se do mundo social, do mundo das relações. O tempo das presenças tinha chegado ao fim e era chegado o tempo das ausências. O regresso ao mundo da solidão era muito dolorido para Jorge. Ele, como qualquer pessoa, sonhava e desejava fazer parte do todo. Também, como qualquer um, ele não queria viver só. Mas sua total incompatibilidade para com o falso, o dissimulado tornava as coisas impraticáveis.
   Ferido, maltratado, Jorge recolhia-se ao  seu mundinho particular, o das ausências, e ali ficava até curar-se, até que todas as feriadas daquele convívio recente desaparecessem. Só que, uma vez curado, Jorge voltava a sonhar com o mundo dos convívios, das relações, das trocas, das presenças. A vontade era tanta que ele chegava a censurar-se: afinal, só um louco iria desejar algo que o fazia sofrer.
   No entanto, um dia ele chegou a conclusão de que não há outro jeito, ele tem que passar por esse processo sempre, pois nenhum ser humano está livre da roda dos relacionamentos. Uns com mais sorte, outros com menos, mas todos experimentando a dor e a delícia de tentar viver em comunhão.

janeiro 06, 2012

A esperança continua no ar.

    Enfim, 2012 chegou. Enquanto vamos nos distanciando do ano que passou - o que foi feito está feito, não dá mais para voltar atrás para tentar consertar as burradas e nem adianta ficar comemorando eternamente os êxitos -, agora o negócio é olhar para frente. A vida segue. E nem de longe é essa festa toda. Temos que baixar a bola e voltar para a realidade, pois embora  ninguém seja capaz negar que essa folia toda de final de ano dá uma impressão de que no ano que vai chegar tudo será festa, também não pode negar que que essa é uma fantasia que precisa ser bem administrada.
   Champanhe estourada, brindes feitos, é hora de tomar pé da realidade. Aposto que você deve estar me achando um chato:
- Lá vem ele com esse papo.
Tudo bem. Também acho que viver na fantasia deve ser muito melhor. Só que, embora sonhar, como dizem por aí, não custa nada, também há quem diga que sonho não enche barriga de ninguém. 
   Portanto, vamos à realidade onde não há fogos na praia, champanhe, roupas brancas, sementes sendo jogadas para trás, marés sendo puladas, flores sendo atiradas ao mar. A única coisa, e talvez a mais importante, que fica é o desejo de que tudo dê certo. O desejo de que nesse novo ano nós finalmente tiremos o pé da lama, que finalmente encontremos o nosso grande amor, que façamos muitos e bons amigos, que ganhemos na loteria, e realizemos todos os nossos sonhos: aqueles projetos engavetados há anos, aqueles desejos que quase nem mais lembramos deles, que esse ano seja grande o bastante para poder dar tempo de realizar todos.
   Do contrário, corremos o risco de passar o ano inteiro comemorando e quando ele chegar ao fim a gente ainda esteja com uma  taça na mão tentando encontrar alguém para brindar e só então nos dermos conta de que o ano já passou e não fizemos nada que seja digno de brinde.
   Exageros à parte, é hora de botar a mão na massa e dar um jeito de transformar os próximos doze meses num período de grandes realizações trabalhando feito gente grande sem perder de vista a esperança de dias melhores para nós, para o nosso país e para o mundo como um todo.

dezembro 31, 2011

2012, mais uma chance de ser feliz.

     Apesar do que se fala por aí, o mundo não vai acabar em 2012. Sem precisar de nenhuma bola de cristal, qualquer um pode fazer essa afirmação. Afinal, não é a primeira vez, e nem será a última certamente, que decretam o fim do nosso combalido mundo. Taí, é provável que seja exatamente por isso que ficam por aí fazendo esse tipo de profecia. O mundo está mesmo um tanto caidinho, estamos fazendo muito mau uso dele e isso, sem dúvida, poderá vir destruí-lo. Creio que disso ninguém duvide. Como dizem: "água mole em pedra dura..."
     Mas, deixemos as profecias catastróficas para quem gosta delas. Eu, e creio que você também, estou na torcida para que 2012 seja um ano muito bom e que quando chegar ao seu final a gente possa ter muitos bons motivos para comemorar. Até porque, não podemos perder a esperança. É preciso estar sempre apostando que as coisas vão melhorar e que o futuro nos reserva coisas boas mesmo com os economistas (sempre eles) nos lembrando a toda hora da crise mundial e de que ela está no nosso calcanhar.
    Ainda assim, não devemos desistir. Com crise ou sem crise mundial, até mesmo crise pessoal, o que temos a fazer é manter viva a fé. Dizem que temos a vida que escolhemos e que podemos influir no nosso destino planejando e desejando as coisas, até mesmo visualizando-as como já realizadas para assim convencer a nós mesmos e ao universo da sua importância e necessidade. Sendo assim, está em nossas mãos decidir o que será 2012. Tenho certeza de que no que depender de nós ele será o melhor ano de nossas vidas, porque é exatamente assim que queremos, que desejamos.
   Uma vez que desejamos, partamos então para que isso aconteça de fato. Partamos para a ação. Tudo depende nós. 2012 é mais uma chance que temos de acertar o passo e chegar enfim a estrada que nos leva às grandes realizações.

Feliz 2012!

dezembro 30, 2011

Coisas muito importantes e coisas (quase) sem importância nenhuma.

   A vida de cada um de nós é cheia de coisas que são muito importantes, das quais não podemos passar sem. Por elas somos capazes de, pode até parecer exagerado, perdê-la. Isso porque acreditamos que essas coisas são realmente imprescindíveis. No entanto, engana quem pensa que sempre se trata de algo como o ar que respiramos, ou coisa do gênero. Essa tais coisas importantes nem precisam valer tanto. Basta que num determinado momento a gente precise delas. Pode ser, por exemplo, um botão de camisa: você está pronto para sair e, de repente, aquele botão que sempre esteve ali resolveu desaparecer e justo na hora em que você precisa sair urgente e aquela camisa é (você pensa) a única que combina com a calça que você está usando e com a ocasião. Qualquer outra vai destoar. A camisa é aquela, mas está faltando um botão e não é um botão qualquer. É o botão da frente, aquele que todo mundo vai perceber que está faltando e se ficar aberto vai lhe deixar com ar de desleixado e isso é tudo o que você não quer, e nem pode, parecer naquele momento.
    Pronto, o mundo desabou. Ou você arranja um botão, linha e agulha (e em alguns casos, alguém que faça o serviço) e faz o conserto ou você está arruinado. Toda a sua vida agora depende daquele mísero botão que, inadvertidamente, resolveu sair do seu lugar. Há quem, nesse momento, faça mil conjurações e desate a falar coisas do tipo:
-"Isso só acontece comigo." "O botão estava no lugar, alguém está querendo me sacanear." - e grita e se descabela. Quase tem um  troço de raiva.
    Parece incrível, mas nós passamos várias vezes por essas situações e não percebemos o quanto elas são ridículas e o quanto de energia despendemos com elas, ignorando que elas podem ser resolvidas com atitudes simples. No caso da camisa, seria só tirar o tal botão de um outro lugar da mesma camisa onde ele não seja tão importante e substituir ou mudar de camisa. Apesar daquela ser a mais certa para aquele momento e coisa e tal e tal e coisa. Paciência, nem sempre "as coisas" saem como a gente planeja ou quer. O que não se deve é fazer tempestade com um copo d'água. Ainda resta a opção de checar "as coisas" antes: tem uma festa, uma apresentação, uma reunião: é melhor pensar na roupa antes e ver se ela está "nos trinques". Ou ter mais de uma alternativa.
    Já vi que você está pensando que estou aqui para dar consultoria de moda. Nada disso. É que temos todos a tendência de aumentar, de dramatizar demais as situações quando a melhor saída é não "perder a cabeça" diante de um botão caído ou o que valha. É claro que em muitos casos o desespero é até compreensível: a perda de um voo, ônibus, um atraso involuntário, um acontecimento inesperado. Porém, mesmo nesses momentos, o melhor a fazer é manter a calma, não é? Assim é mais fácil encontrar uma solução. Já viu alguém resolver algum problema quando nervoso ou alterado? Impossível, não é?
   A saída pode ser, também, dar às "coisas" a importância que elas têm, sem diminuir nem aumentar. Acreditar que elas têm a importância que damos à elas. Somos nós que decidimos o que realmente é importante e o que não tem importância alguma. Por isso, se chegamos a nos descabelar por algo que não saiu como queríamos, é porque assim resolvemos agir. Ter uma atitude sensata ou insensata é uma decisão consciente ou inconsciente nossa. Tudo tem o tamanho e a importância que lhes conferimos.

dezembro 24, 2011

Tempo de renascer.

    Com a chegada do período do natal, tem-se a impressão de que mais uma vez tudo vai se repetir. As mesmas músicas, os mesmos votos de felicidade, o mesmo burburinho no ar, a mesma pressa e até os enfeites parecem os mesmos. Não há dúvida de que tudo realmente pareça apenas mais do mesmo.
    Há aqueles que adoram o natal. Gostam de dar e receber presentes, gostam das surpresas, das chegadas e partidas, da euforia das crianças, de ver renascer a esperança nos olhos daqueles que pareciam ter desanimado de vez, da ideia de que, pelo menos por um curto período de tempo, as pessoas pareçam mais receptivas, mais amáveis, mais confiantes de que o mundo deve, e precisa, ser um lugar melhor para se viver e que isso depende das nossas atitudes. Assim, as pessoas vestem suas melhores roupas, fazem as suas melhores comidas e, o que é o melhor de tudo, apresentam, sem pudor nem reserva, os seus melhores sentimentos.
   Por outro lado, há aqueles que não conseguem ver nada disso. Acham natal uma festa chata e se fecham dentro do seu mutismo, da sua dor. O espírito natalino em vez de deixá-lps mais alegres e felizes, os deixa como que tristes e aborrecidos. É como se a felicidade alheia incomodasse e lhes causasse tristeza. Quando, na verdade,  todos buscam motivos para se sentirem unidos num único sentido: a festa do nascimento do menino Jesus. Quer motivo melhor para festejar e comemorar?
   É verdade que muitos de nós carregamos tristezas durante o ano e não é fácil esquecê-las em nome de uma felicidade que pode parecer forçada, mas é exatamente por isso que a cada ano temos a celebração do natal. É preciso, antes de qualquer coisa, querer sentir o espírito do natal, preparar-se para ele chegar. Ao revivermos o nascimento do Salvador, renovamos nossas esperanças de um futuro melhor, de um amanhã mais feliz e harmônico, mesmo que a realidade no momento diga o contrário.
   Acima de tudo o natal é a promessa de que o mundo sempre pode ser melhor, que nós podemos, e devemos, nos espelhar na ternura da criança que veio ao mundo para nos salvar e nos sentamos, de fato, salvos, felizes, participantes de uma única e grande família: a família do amor.
   Viva o amor que um dia se encarnou em Belém, como o maior presente de Deus à humanidade, e que mudou o mundo para sempre. Viva o natal!

Feliz natal!
Feliz renascimento!