Por mais que se queira, é difícil manter uma visão distanciada da vida, principalmente se levarmos em conta as coisas que acontecem à nossa volta. Basta conectar-se à internet para que tomemos conhecimento de todas as tragédias que acontecem ao nosso lado ou em lugares que achamos difícil chegar até mesmo usando a nossa imaginação.
A televisão, o rádio e os jornais também não dão trégua. O grande destaque é sempre as notícias mais escabrosas: bombardeios, armas químicas, guerras por todo lado, pessoas sendo expulsas de suas terras e impedidas de entrar em outras, fome, miséria, muita miséria, abandono, desgovernos, maldades que não acabam mais.
Para as notícias boas (por mais que não se queira acreditar ou mesmo alardear, acontecem coisas boas) o espaço é sempre muito reduzido. Isso quando se dão ao trabalho de publicar as notícias consideradas "boas". Os operadores das mídias acreditam que esse tipo de notícia não dá lucro, não vende jornal nem dá audiências, no caso da internet, cliques e comentários.
Segundo essa visão, o povo gosta de saber das tragédias e pouca importância dão às atitudes humanitárias, aos atos de solidariedade e aos gestos de amor, carinho e compreensão. E nem podemos dizer que eles não têm razão. Afinal de contas, nós consumimos esse tipo de notícias e parecemos não nos importar com isso. Agimos como se fôssemos apenas espectadores de um espetáculo teatral e que ao final voltaremos para casa sem um único arranhão.
Infelizmente, isso não é verdade. Nós fazemos parte desse espetáculo, estamos dentro cena e quando menos esperamos nos tornamos os atores principais e, muitas vezes, sem direito ao final feliz muito comum na ficção. Os dramas e as tragédias que acontecem longe de nós passam a acontecer do nosso lado. Não há mais como ficar indiferente ou simplesmente desligar a televisão, o rádio, fechar o jornal ou desconectar-se. Fomos atingidos.
É isso que acontece quando uma bala perdida atravessa o caminho de alguém que amamos, um caminhão bomba explode um lugar que frequentamos, uma guerra explode em nosso país. Será que mesmo assim continuaremos nos comportando como meros espectadores cujo único trabalho é aplaudir o espetáculo no final? Se mantivermos esse tipo de pensamento e atitude, vamos continuar assistindo isso indiferentes até que nos falte as mãos para aplaudir no final.
Bom final de semana.
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