Sabe aquela frase atribuída ao carnavalesco Joãozinho Trinta que diz que quem gosta de pobreza é intelectual e que pobre gosta mesmo é de luxo que reinou até agora, parece que não foi levada em conta dessa vez. Antes um tanto impensado, agora é só sintonizar na "novela das oito" (difícil perder essa mania, mesmo sabendo que ela vai ao ar à nove e...) para ver um lixão e não como pano de fundo e sim como uma das tramas principais.
Há quem fique incomodado, afinal a realidade não é assim tão fácil de ser encarada. Imaginar que aquelas pessoas mergulham literalmente no lixo que a cidade produz para dali tirar o seu sustento, é algo que faz pensar. Só que o autor parece estar disposto a comprar essa briga. Aliás, é preciso lembrar, ele mesmo já usou um lixão em sua novela "Da cor do pecado", onde a personagem de Giovanna Antonelli vai parar num vestida de noiva e tudo.
Na época, me pareceu que autor queria apenas chocar. Não vi ali algo que remetesse a uma preocupação social ou mesmo vontade de mostrar que aquele local existia, que aquelas pessoas viviam daquela maneira. Fora a atitude da atriz Giovanna Antonelli de tirar de lá uma catadora de lixo que, pelo que me consta, veio tornar-se uma modelo, nada mais foi falado ou feito. Agora, no entanto, parece que a abordagem é mais séria e faz parte do contexto da história e isso é bastante louvável.
Já faz tempo que nossas novelas apresentam um certo desgaste em sua temática. A repetição de tramas, tipos, ambientes parece tornar tudo pior ainda. Ao buscar o subúrbio e arrabaldes, o autor acerta. Só temos que esperar para ver se os ditos formadores de opinião não vão se sentir melindrados com uma pobreza assim tão escancarada e obrigue o autor a mudar o foco de sua história.
Por outro lado e não querendo ser estraga-prazeres, temos que fazer algumas perguntas: Quem são aquelas crianças que os personagens Lucinda e Nilo "criam"? Com tanta criança desaparecida e tantas atrocidades seria necessário um explicação melhor, tipo de onde elas procedem, se elas não tem pais, se foram abandonadas, roubadas e por aí vai.
Outro dado é quanto a ambientação do lixão, bastante realista por sinal. Vale ressaltar apenas que por mais que o trabalho seja próximo da realidade, faltam detalhes tais como os urubus (além de outros bichos) que vivem nesses lugares. Isso me faz pensar que por mais que a arte tente imitar a vida, a vida sempre se impõe. Isso sem falar do mau cheiro etc e tal, mas isso é uma outra história e com um H bem grande.
Outro dado é quanto a ambientação do lixão, bastante realista por sinal. Vale ressaltar apenas que por mais que o trabalho seja próximo da realidade, faltam detalhes tais como os urubus (além de outros bichos) que vivem nesses lugares. Isso me faz pensar que por mais que a arte tente imitar a vida, a vida sempre se impõe. Isso sem falar do mau cheiro etc e tal, mas isso é uma outra história e com um H bem grande.
Julio
ResponderExcluirMuito boa a sua abordagem sobre o assunto, a arte imitando a vida