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junho 26, 2010

Nadando contra a corrente.

      "Nadando contra a corrente só para exercitar... ", canta o saudoso Cazuza em uma de suas memoráveis músicas. Contestações à parte, você, caro leitor, vai concordar comigo que nem sempre, nadar contra a corrente, é apenas um exercício bom para criar músculos. O poeta queria mesmo era falar das dificuldades que encontram aqueles que insistem em nadar contra a maré, quando o mais fácil, e mais comum também, é ir a favor da onda, de preferência, sem fazer muito esforço.
     Você deve estar se perguntando: "onde esse cara quer chegar com esse papo?" Não pretendo ir muito longe, pode ficar descansado. O que quero é falar daquele exército que todos os dias somos obrigados a enfrentar para poder continuar acreditando nas coisas que acreditamos. Falo de pessoas como eu e você que temos, ou procuramos ter, um comprimisso com o bem, a caridade, o amor ao próximo (aquele mesmo que Jesus nos ensinou), o respeito à vida, a tolerância às diferenças (opção sexual, cor, credo religioso, nacionalidade, time de futebol, classe social...)e tudo o mais que faz de nós pessoas dignas de compartilhar esse mundo.
     O exército do mal está sempre em ação seja na forma de um pedestre ou usuário de rua (leia-se camelô, transeunte ou morador de rua) sujando-a, um adulto maltratando uma criança, um motorista de ônibus negando-se a parar para um idoso, um guarda, em nome da boa ordem pública, apreendendo a mercadoria de camelôs que afirmam estar nas ruas trabalhando para conseguir o sustento da família, um motorista avançando o sinal sem se preocupar com o pedestre, descaso, abandono, depredações do patrimônio público e privado, manchetes de jornais anunciando golpes e mais golpes de políticos e bandidos engravatados, chuvas que inundam, invadem casas e matam; tudo, enfim.
     A cada passo somos colocados à prova, como se perguntassem em tom de zombaria: "e aí, você ainda vai insistir em bancar o bonzinho"? Mesmo com tudo isso é preciso continuar firme no propósito de ver esse mundo cada vez melhor. Apesar da sensação de estarmos "nadando contra a corrente", o importante é não desanimarmos. Vale a pena continuar nossa luta. Não podemos desistir. Já pensou o número de vidas que gastamos nos capitulando a cada problema, deixando que o exército do mal vencesse e até mesmo fazendo parte dele? É melhor a gente não pensar muito nisso, não é? Perdemos muito tempo do outro lado, agora não podemos deixar essa chance passar; a chance de lutar por um mundo melhor.
     Quando vejo pessoas fazendo apologia do mal, dizendo que sou um bobo em ficar fazendo caridade, penso que também já fui assim, também já tive vergonha de fazer o bem (nessa e em outras vidas) por poder parecer fraco ou bobo. Por isso, apesar de tudo, sou tomado de piedade e peço a Deus que eles também acordem para uma nova visão da vida; aquela onde enganar, passar na frente dos outros, humilhar o seu irmão mais fraco, passar por cima dos sentimentos dos outros e trapacear são apenas sinais de fraqueza.

junho 19, 2010

Quem não ama não sofre.

     Sei que pelo título você pode imaginar que o blogueiro que vos fala foi flechado pelo Cupido (nossa! isso ainda existe?) e está aqui, completamente apaixonado, pronto para falar do amor que ora traz no peito. Êpa! Não é bem por aí. Arcaísmos à parte, o título é apenas o mote para eu falar de um outro assunto: aquelas pessoas que vivem sem nunca se entregarem de verdade nas coisas que fazem, com a velha desculpa de que não querem se envolver,com isso nunca se entregam apaixonadante a nada. Toda vez que são chamadas a participar, a dar a sua opinião, se esquivam e saem pela tangente.
     É bem verdade que com isso nunca ficam mal com ninguém e nem se envolvem em situações difíceis. Elas chegam a ser consideradas pessoas sensatas, de boa convivência e até boas amigas. Mas, espera aí, você, de verdade, falando sério, gosta de ter esse tipo de pessoa por perto? Olha, não vale ficar em cima do muro, bancar o "Poliana" (outra expressão antiga). Pensa direito, reflita. Sem querer conduzir a sua resposta, acredito que, no fundo, você prefere pessoas que tenham opinião própria, posição definida e que, elegantemente, digam aquilo que pensam. Mesmo que suas opiniões e ideias não sejam exatamente aquelas que as pessoas à sua volta esperam dela, mas que refletem, de maneira fiel, o pensamento delas.
     Particularmente falando, acredito que conviver com pessoas que têm posição definida, que se posicionam claramente diante das coisas, é muito mais fácil. Não sou chegado a ambiguidades. Gosto de clareza de pensamento, firmeza de atitude.
     Falo sobre isso, porque ultimamente tenho tido a falta de sorte de conviver com pessoas que não primam por falar ou fazer aquilo que realmente querem fazer ou falar. Vocês não imaginam como é difícil esse tipo de convivio. Chega a ser desesperador. Até porque ninguém precisa ser advinho para notar quando uma pessoa está sendo franca e honesta ou falsa e dissimulada, não é? Pessoas que acreditam que, por não assumirem nenhuma posição diante das coisas não vão se estressar, arrumar inimigos ou coisa do gênero. Até aí nada demais. Mas será que vale a pena viver dessa maneira  acreditando que quem não ama não sofre? Acredito que esse tipo de pensamento vai contra o princípio da vida: ao nascer assumimos todos os riscos possíveis. É claro que não vamos sair por aí dando nossa opinião sem que ela seja pedida ou
necessária, mas vamos deixar registrada nossa opinião sempre que possível.

junho 13, 2010

Você usa seu lado "b" com frequência?

     É comum ouvirmos no nosso dia a dia alguma pessoa dizer que, em determindada situação, foi obrigada a usar o seu lado b. Quer dizer, ela foi obrigada a lançar mão de atitudes consideradas politicamente incorretas para fazer valer a sua vontade ou mesmo se livrar de certa situação. Esse tipo de conversa geralmente parte de pessoas que se consideram boas, honestas, gentis e tudo o que manda o figurino no quesito "gente do bem" e que só tomam essas tais atitudes em situação muito extrema, em casos de vida ou morte.
     Será que isso é mesmo verdade? Esse nosso tal lado b ( se é que você tem esse lado, coisa que eu espero ser apenas uma deformação de "outras"  pessoas e que você, caro(a) amigo(a), esteja livre disso) só aparece mesmo nessas horas? Não estaremos usando essa desculpa para mostrar a pessoa que nós somos na realidade? Ou seja, no fundo somos verdadeiramente pessoas "lado b" e ficamos fingindo que somos humanos, educados e gentis para esconder nossa cara feia, nossos maus hábitos, nossas grosserias? Calma. Não estou aqui para julgar ninguém. Não tenho a intenção de provar que somos todos uns falsos e que o mundo está mesmo perdido, que nada mais tem jeito. Não é nada disso.
    Pois não é que dia desses me peguei usando essa expressão? Afirmei, para meu próprio espanto, que havia usado meu lado b ( e realmente o fiz)  para me safar de um colega de trabalho que tinha tentado me prejudicar. Só então tive consciência do que  fiz. Simplesmente, atencipei-me ao tal "colega" e desarticulei a intriga que armara contra mim.
     Para isso, tive que deixar de lado meu eterno "deixa prá lá" e partir para o ataque. Na hora deu até um sabor de vitória, mas depois fiquei com um grilo na cabeça: e se eu acabar gostando desse tipo de atitude e virar um eterno lado b? Já pensou? Afinal não me faltam oportunidades no meio em que trabalho e vivo. Não faltam oportunidades na nossa vida toda para "chutarmos o pau da barraca" e partir para a guerra, não é mesmo?
     Por isso fiquei muito espantado com a minha atitude. É bem verdade que eu não sou nenhum anjo, mas daí a sair para a briga... Graças a Deus, a coisa não rendeu além do que merecia e eu pude voltar à minha vida, digamos, normal: um cidadão ciente dos seus deveres e disposto a fazer uma forcinha para que o mundo, pelo menos à sua volta, não vire um verdadeiro "lado b".  Deus nos livre a todos.

junho 06, 2010

Para onde vamos?

     Dias atrás vivi uma situação que, embora muito comum na vida de todos nós, sempre me deixa um tanto sem jeito. Sei que você deve estar se perguntando: que situação será essa? Podemos nos sentir sem jeito em um sem número de situações. Calma. Eu chego lá. O fato é que um colega, com o qual não tenho muita intimidade, teve que encarar a morte de um filho adolescente. Uma morte repentina e inesperada, uma vez que o garoto não sofria de nenhuma doença grave. Susto e comoção total para todos.
     Mas a vida segue. Chegou o dia do colega voltar ao trabalho e do inevitável encontro, pois eu só tive notícia de tudo meio de longe, sem participar diretamente do acontecimento. Foi quando o vi entrando na sala é que me dei conta de como é difícil essse momento. Diante de sua figura cabisbaixa e triste me senti o último dos seres humanos. O que dizer? Que atitude tomar? É claro que essa exitação durou segundos, mas foi como se tivesse durado uma eternidade. Acabei dizendo aquelas palavras que se diz sempre: "meus sentimentos", " meus pêsames",  "sinto muito", "essa foi a vontade de Deus"...
     Como esse colega não trabalha na mesma sala que eu, ele saiu e eu fiquei pensando na situação: como somos despreparados para lidar com esse momento pelo qual todos nós passamos, mais cedo ou mais tarde. Nascemos com esse carimbo (somos mortais) e só nos damos conta disso quando temos que enfrentar a partida de um ente querido ou de algum conhecido. Já passei por essa situação inúmeras vezes, mas confesso que isso não me fez nenhum "expert" no assunto. Pelo contrário, a morte sempre  me deixa travado como se fosse a primeira vez.
     Toda a nossa cultura de morte nos vem através das religiões, sobretudo as religiões cristãs( católica e evangélicas) que nos sinalizam com um céu para os bons e um inferno para os maus. Os testemunhas de Jeová acreditam que dormimos a espera do julgamento final, os espíritas e hindús acreditam numa continuação da vida através das reencarnações. E assim vai. Só que na hora h todas as perguntas voltam e nos sentimos pequenos diante do maior mistério de nossas existências.
     Longe disso nos fazer cair, devemos usar nosso questionamento para pensar na transitoriedade da vida, do quanto somos passageiros nesse barco que é o mundo, fazendo com que nossa viagem aqui seja o mais proveitosa possível no sentido do crescimento. Só assim podemos sentir menos dúvida e medo. Faz parte do plano de Deus que caminhemos empenhados na contrução não só do nosso caminho, mas do que vamos encontrar. Enquanto isso, vamos consolando uns os outros nesses momentos, pois isso demonstra nossa solidariedade e amor fraterno. Sem perder de vista a velha questão: para onde vamos?

junho 03, 2010

A arte de agradecer

      Outro dia falei aqui que devemos aprender a pedir aquilo que queremos ou  necessitamos, porque Deus não tem, necessariamente, que advinhar o que nós estamos querendo e precisando em nossas vidas. Volto a afirmar que é sempre bom "lembrar" a Deus dos nossos planos e metas e, sobretudo, incluí-Lo neles. É essa pareceria com o Todo Poderoso que nos leva mais facilmente às grandes realizações. Não fazemos parceria com pessoas por acreditar que elas vão nos abrir as portas do sucesso?  Deus é o melhor parceiro que podemos encontrar. 
     Pois bem, hoje vou falar sobre o outro lado da questão: agradecer. É aí que está a chave da coisa. Muitos de nós sempre que pode se vira para o Pai e faz seus pedidos. Uma lista imensa. Afinal de contas estamos sempre com mil planos na cabeça e queremos tudo para ontem. Alguns dizem que isso é um sinal dos tempos, cada vez mais corridos. Estamos todos, o tempo todo, com pressa para chegar a algum lugar, fazer algo de muito urgente, conseguir aquilo que vai salvar nossas vidas, resolver todos os nossos problemas e até, em nossa vã pretensão, salvar a humanidade. Porque nós não fazermos por menos, não é? Quem nunca ouviu aquela fala: "Se Deus me ajudar a ganhar na  loteria eu vou ajudar toda a minha família, os meus amigos, vou doar uma parte aos pobres..." Você conhece alguém que cumpriu a promessa? Nem eu.
     É nessa correria desenfreada que esquecemos, além de fazer o que prometemos, esquecemos de agradecer. Não só a Deus, porque não é só a Ele que fazemos nossos pedidos, não é? Pedimos ajuda ao nosso pai biológico, mâe, irmãos, avós, tios, amigos, vizinhos, colegas de trabalho ou escola e, não posso deixar de citar, ao porteiro do nosso prédio. Só que, uma vez que temos os nossos pedidos atendidos, o que fazemos? Esquecemos daquelas palavrinhas mágicas: Muito obrigado! No interior, de onde eu venho, usam muito aquela frase: Deus lhe pague. Acho essa forma de agradecimento a ideal. Pois, muitas vezes, não temos realmente como pagar o bem (ou ajuda) que recebemos. Nesse caso, só Deus mesmo.
     É claro que eu sei que o leitor amigo não se encontra nesse caso. Mas você não concorda comigo que é sempre bom não esquecer de agradecer?  Pois é. Muito obrigado por acessar esse blog, me seguir, me ler, por me aturar. Obrigado de coração. Que Deus lhe pague.

maio 26, 2010

Distribuição de comida nas ruas - uma polêmica antiga

       Já faz alguns dias um assunto andou circulando pelos programas de televisão, trazendo de volta uma antiga polêmica: é ou não válido distribuir comida às pessoas que vivem nas ruas? Será que esse tipo de ajuda surte algum efeito prático? As pessoas que moram nas ruas são mesmo apenas meros necessitados ou bandidos disfarçados prontos para atacar até mesmo àqueles que lhe oferecem ajuda? As perguntas foram muitas e as respostas se diviam em contra e a favor. De um lado a turma daqueles que acreditam que essa ajuda, se por um lado não resolve em definitivo os problemas dos necessitados, pelo menos minora a dor deles. Do outro lado estão aqueles que não acreditam nesse tipo de ajuda e que além de verem os moradores de rua como bandidos, trazem na boca de cor aquele antigo ditado: mais vale ensinar a pescar do que dar o peixe.
          Como participante de um grupo de pessoas que faz distribuição de sopas pelas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro todas as segundas-feiras, faço parte do lado dos que acreditam que esse tipo de trabalho é, além de válido, necessário, urgente e impressindível. Não só pelo lado humanitário e cristão, mas pelo fato de eu mesmo um dia ter me servido desse tipo de trabalho quando enfrentei meus dias de rua.
          Por outro lado, também entendo que o que falta é trabalho, ou seja, a pescaria que deve ser ensinada. Essa gente não deveria estar sendo "alimentada" nas ruas e sim empregadas dignamente para poderem comprar sua própria alimentação e pagar por sua moradia. A rua não pode ser a casa de ninguém. Não imagino que, fora os casos de demência, uma pessoa viva na ruas apenas para poder receber alimentação e ajuda. É difícil pensar que isso seja verdade, embora tudo seja possível neste mundo, não?
          Por experiência própria e através da distribuição da sopa sei que os tipos são muitos: tem desde o cara que perdeu o emprego e não conseguiu outro, tem o que perdeu a casa na enxente, tem a família que foi despejada por não pagar o aluguél, tem o que cara que acabou de sair da cadeia, tem o malandro, o alcoolatra, o viciado em drogas, tem o doente que se vale da doença, tem a criança que fugiu de casa... O que não falta é história. Porém, o que não se pode é generalizar, dizer que isso é problema do governo e lavar as maõs, a lá Pilatos.
          Por seu lado, os representantes do governo aparacem na televisão dizendo que tem vários abrigos e  pede ao povo que não dê esmola, para forçar os moradores de rua a procurá-los. Não é o que a experiência e os depoimentos ouvidos nos provam. A situação dos abrigos é lamentável e a ajuda que eles oferecem se resume a um lugar para dormir e um café da manhã, o que não resolve a vida de ninguém.  O que essa população de rua precisa é ser cadastrada, como se faz com as pessoas que trabalham nas ruas, por exemplo, e ter cada caso estudado para que se encontre uma solução. O que não pode é pedir que a sociedade civil simplesmente feche os olhos para o problema propondo que não se dê comida a quem tem fome.