Pesquisar este blog

junho 05, 2022

Caçadores de afagos.


A cada dia que passa nos mostramos mais inseguros e necessitados de afagos. Com o advento das redes sociais criamos a ilusão de que não existe mais espaço para as relações baseadas na verdade, no que realmente vivemos e sentimos. O que se vê são relações falsas ou simplesmente idealizadas, sem nenhum compromisso com os fatos 

Criamos um mundinho à parte onde só cabe aquilo que consideramos de 'fácil digestão', aquilo que não nos obrigue a pensar, nem nos leve a ter de tomar decisões, assumir posições que contrariem a nossa audiência, os nossos estimados seguidores, nem nos coloque diante da possibilidade de ser cancelados, o grande temor de nossos dias.

Vivemos elogiando tudo e todos, concordando com posições absurdas, preconceituosas, ou mesmo criminosas, desde que nos garanta muitos cliques e seguidores. Não importa que nossa atitude provoque dor e sofrimento em quem quer que seja, pois o que vale, o que conta mesmo é a grana que vai cair na conta.

Mesmo quando tomamos partido é para acompanhar a onda. Concordamos e descordamos de acordo com o que o número de cliques que podemos angariar e não porque seja necessariamente verdade. O interesse é única e exclusivamente estar do lado que está ganhando o jogo.

Por outro lado, não aceiramos quando algo ou alguém se volta contra nós. Só os elogios interessam. Se alguém se mostra incomodado com nossas posições bloqueamos na hora, sem dar tempo para que mal-entendidos sejam desfeitos e os fatos esclarecidos.

Até quando?

Bom domingo e excelente semana.


maio 29, 2022

Colheita justa.




É lugar comum dizer que estamos vivendo um momento bastante delicado de nossa existência no mundo, pois essa afirmação aparece toda vez que deparamos com alguma dificuldade. No entanto, precisamos, mais uma vez, lançar mão dessa cantilena para tentar entender determinados acontecimentos dos nossos dias.

Não há dúvida que todos queremos viver bem e, sobretudo, em paz. Estamos cansados de correr riscos a cada passo que damos, cansados de viver nos escondendo, cheios de medo, saudosos de um tempo ( muitos talvez nunca conheceram) em que se vivia sem tanto temor, sem tanta incerteza.

Entretanto, na contramão de tudo isso, não conseguimos (pelo menos, assim parece) nos posicionar muito claramente quanto ao que devermos realmente fazer para ter esse mundo sem guerras, medos e temores que tanto desejamos.

A impressão que se tem é que plantamos guerra para colher paz, ódio para colher amor, indiferença para receber afeto e compreensão. Seria essa troca justa? A resposta para essa pergunta é um redondo Não. Não adianta pedir paz, amor, afeto se damos o contrário. Colhemos exatamente aquilo que plantamos. E nem poderia ser diferente, não é mesmo?

Bom domingo e excelente semana.

maio 22, 2022

O espelho não mente.



 Há algum  tempo (para não dizer antigamente) quando alguém demonstrava não ter noção exata de seu verdadeiro papel na sociedade (ou mesmo na vida, se assim preferir) dizia-se que a pessoa não tinha 'um espelho em casa'. 

De uns tempos para cá, sobretudo depois do advento da internet, parece que os 'espelhos' andam em falta no mercado. Cada dia que passa vemos mais pessoas acreditando que são aquilo que não são. 

Não são poucos os que agem como se fossem ricos, famosos, bonitos, inteligentes quando não são o oposto. É como se todos vivessem num reino de faz-de-conta, onde a realidade não tem vez. 

Os 'fotoshops' oferecidos pelos sites da internet podem transformar uma pessoa feia em bonita, gordo em magro, branco em moreno de praia, preto em mulato claro e vai por aí. Isso faz com que não possa mais confiar naquilo que se vê. As redes socais se tornaram um território totalmente 'fake'.

A pessoa é uma coisa na rede social e outra totalmente diferente na chamada 'vida real'. Será que isso vale a pena? Acredito que não, pois gera terríveis decepções não somente naqueles que 'compram' a imagem falsa como verdadeira e também na própria pessoa.

Não deve ser fácil viver escondido atrás de uma imagem que em nada condiz com aquilo que você realmente é. Por mais que a nossa imagem seja feia, que sejamos pobres ou ricos, brancos ou pretos, gordos ou magros essa é a nossa realidade. O espelho não mente.

Bom domingo e excelente semana. 

maio 15, 2022

Liberdade por decreto.


Todos os anos, o dia 13 de maio é comemorado como o dia da libertação dos negros, o dia em que, num gesto benevolente da Princesa Isabel, aquela que passou a ser chamada de 'a redentora', aboliu a escravidão no Brasil. 

Seria muito bom se esse 'gesto benevolente', tivesse mesmo sido benevolente ou mesmo representado a verdadeira libertação dos escravizados. Infelizmente, o que realmente aconteceu não foi bem isso. Na verdade, os antigos cativos foram entregues à própria sorte sem que lhes fossem oferecido nenhum tipo de ajuda ou garantia de sobrevivência como 'libertos'.

Trocando em miúdos, a abolição nada mais foi que um decreto assinado sem que se levasse em conta o que viria depois. Tudo foi feito de maneira romântica e idealista. Além dos muitos problemas enfrentados desde o primeiro momento como o desemprego, fome, falta de habitação a população negra  ainda busca um lugar para ocupar na sociedade brasileira. 

O fardo da escravidão pesa sobre os ombros dos negros como se o 'decreto' ainda pairasse sobre a mesa da Princesa para ser assinado. Cenas de preconceito explicito e implícito são vistas a todo momento. Há quem clame para que o decreto seja revogado sem saber que claramente ele nunca foi obedecido. 

O negro saiu da senzala e foi para a favela. A diferença é que na senzala não tinha que disputar espaço com brancos, pois reinava absoluto. A favela, cada vez mais invadida por brancos, já não representa o refúgio. A rua tem sido cada vez mais a casa daqueles que o decreto da 'redentora' libertou. Resta saber quem, por decreto ou alguma solução verdadeiramente eficaz, os tirará de lá.

Bom domingo e excelente semana.

maio 08, 2022

Viver mais e melhor.



Costuma-se dizer que o que os olhos não veem o coração não sente. Não tenho autoridade para confirmar nem para desmentir esse dito popular. O que sei  é que a nossa visão vai muito além do que se passa diante de nossos olhos. Enxergamos bem mais e até melhor usando  nossa percepção.

Basta que alguém pense em nós para que imediatamente seja estabelecido a interação. A partir desse momento, entramos simplesmente conectados. É como se diz em hoje: ficamos 'on line'. O mesmo acontece com a nossa audição. Quando alguém fala de nós, seja um elogio ou crítica ferina, não importa, somos informados na hora.

É lógico que isso não acontece de maneira muito clara. Essas informações nos chegam, a depender de nosso desenvolvimento intelectual e espiritual, de forma mais clara ou de maneira confusa. 

Isso se dá devido ao fato de não termos o costume de desenvolver nossas capacidades mentes. Somos educados para ver e ouvir usando apenas nossos olhos e ouvidos. Muitos são convencidos de que dar atenção a esse tipo de assunto é ser feiticeiro, bruxo ou mesmo 'mexer ' com coisas do demônio.

Esquecemos que fomos criados para usar tudo aquilo que nos foi dado. Muitas falam que o corpo humano é uma máquina maravilhosa e sabemos que é verdade. Chega de usar tão pouco de nossas capacidades. Se deixarmos de lado nossos preconceitos, poderemos viver mais e melhor.

Você quer, você pode.

Bom domingo e excelente semana a todos.

maio 01, 2022

Coitadinhos ou a cultura do 'coitadismo'.

 Nos últimos anos, talvez na esteira do 'politicamente correto' vem crescendo a ideia de que todo mundo é 'coitadinho'. Nem é necessário que o 'coitado(a)' seja realmente alguém que foi vítima de alguma maldade ou fatalidade. Pode até mesmo ser um artista que depois de mais trinta, quarenta anos de contrato (muito bem pago, geralmente) foi dispensado pela emissora em que trabalhava. No mesmo instante a internet é inundada de declarações de pesar e o artista se torna o 'coitadinho' da vez,

Parece que vivemos num mundo em que todos são feitos de açúcar. Ninguém pode sofrer a menor contrariedade, o menor revés. Sabemos que isso não é verdade. Nada dura para  sempre. A ida não é um mar de rosas. Enfrentar momentos difíceis faz parte da caminhada de todos nós.

É lógico que podemos lamentar os infortúnios enfrentados por amigos e conhecidos. O que não podemos é julgar que essas pessoas sejam especiais e que nada lhes pode acontecer. Ninguém é tão coitadinho que não esteja preparado para enfrentar e vencer os problemas. Chega de ver coitados por todo lado.

Mesmo as pessoas que realmente estão passando por situação difícil ou que nunca dão sorte na vida não são coitadas. Alguém já disse que Deus dá o frio de acordo com o cobertor e podemos crer que isso é verdadeiro. Embora muitas vezes não tenhamos consciência, sempre estamos preparados para enfrentar os problemas que aparecem em nosso caminho.

Se você tem o hábito de se fazer de vítima desista disso. Esse é o maior autoengano de todos. Acione sua força interior, sua capacidade de resiliência e encare o que encontrar plena frente. Você pode tudo. Coitado (a) é a 'vovozinha'.

Bom domingo e excelente semana.


abril 24, 2022

Sem partida, sem chegada.

 


Um dos maiores temores da vida é enfrentar um momento de despedida. Para evitar que alguém que amamos vá para longe, ou mesmo nos abandone, somos capazes de qualquer coisa. A dor provocada por uma separação é, muitas vezes, insuportável. Há quem não resista e simplesmente sucumba em meio ao sofrimento e ao desamparo.

Todos, uma hora ou outra, partimos ou vemos alguém partir. Não importa de que lado estamos, a dor normalmente é a mesma.  Também, não faz diferença o tipo de separação. Não sabemos lidar com despedidas. Haja vista, a reação que geralmente temos diante da única certeza que temos na vida que é a morte. Agimos como se não soubéssemos que esse é o fim de todos, inclusive daqueles que mais amamos.

De qualquer forma, precisamos aprender a aceitar que é natural que as pessoas saírem de nossas vidas, seja da maneira que for. Não podemos fazer disso 'um cavalo de batalha' ou tentar impedir. Deixemos partir quem quer ou precisa seguir outros caminhos, enfrentar novos desafios ou se feliz em outro lugar que não seja do nosso lado.

A dor causada pela partida de quem amamos será suavizada pela aparecimento de outras pessoas em nossa vida. Se alguém parte é para abrir espaço para que outra pessoa surja em nosso caminho trazendo novos ares, novas promessas de felicidades, novos encantamentos. Impedir que alguém siga o seu caminho é obstruir o nosso. Sem partida, não há chegada.

Bom domingo e excelente semana.