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setembro 12, 2010

Nosso lar - o filme

     Antes de qualquer coisa, gostaria de expressar o quanto gosto desse livro. Na minha opinião trata-se do livro mais esclarecedor quanto a vida depois da vida (ou da morte, como preferir). Nesse livro, creio que pela primeira vez, tem-se uma ideia geral de como se vive no além túmulo, dá-nos uma visão de que tudo continua e que a vida na terra é apenas um meio pelo qual podemos nos tornar seres melhores e nos aproximar mais do Criador. A ideia da morte como a pior coisa que pode acontecer a um ser vivente, como injustiça, como terrível castigo (como nos apresentam os novelistas de plantão) ou a morte como descanso eterno (vide Igreja Católica) deixa de existir depois de sua leitura.
     Nosso lar, o livro, nos leva a tomar consciência da nossa total responsabilidade diante de tudo aquilo que nos acontece de bom ou de ruim. Nada nos acontece por acaso, pois somos os causadores diretos e indiretos de nossa felicidade e de nossas vicissitudes. É isso que André Luiz vai descobrir de forma, inicialmente, dolorosa através de sua passagem pelo Umbral, lugar parecido com o inferno que a Igreja Católica nos  apresenta. Ali em meio a todo tipo de gente com seus problemas, dores, gritos, lamentos, demência, fome, cede, defeitos trazidos de sua vivência na terra ele vai finalmente curvar-se e com humildade pedir a ajuda divina. E Deus vai atendê-lo através de Clarêncio e sua equipe que o recolhem e o levam para a colônia Nosso lar.
     É nessa colônia espiritual que André Luiz vai tomar consciência de que é um suicida, que sua morte não foi tão natural quanto ele imaginava e que podemos deliberadamente causar a morte de nosso corpo mesmo que isso pareça natural, através dos excessos. Excessos que podem ser de bebida, comida, sexo, drogas, maus sentimentos e tantas outras coisas. Mais do que isso, ele vai aprender que ali os títulos terrenos não valem, que há regras a seguir, que tudo se consegue pelo trabalho, pelo esforço próprio, que precisamos  ajudar uns aos outros, aceitar os designos de Deus, e que ali não é o céu. Como a terra, a colônia é um local de passagem entre uma encarnação e outra e que é preciso se preparar para voltar à terra, nosso palco de lutas.
      Poderia continuar indefinidamente falando do livro Nosso lar, mas a postagem é para falar do filme e vamos a ele: em primeiro ligar é preciso elogiar tal iniciativa. Levar Nosso Lar ao cinema é algo bastante oportuno e ver os cinemas cheios, um grande prazer. O livro, a espiritualidade, Chico Xavier e todos nós merecemos que isso aconteça. O filme dá um amplitude maior para tudo, principalmente àqueles que por falta de cultura, desconhecimento, preguiça ou qualquer outra coisa ainda não conhecia a obra. Através do filme muito mais gente terá (está tendo) acesso às informações do livro e, por que não dizer, à doutrina espírita. Por isso, palmas para o filme e todos os seus realizadores.
     Apenas alguns senões ( coisa de gente metida a perfeccionista como eu), o filme carecia de um roteiro mais pungente, a coisa parece correr meio frouxa; talvez o ator que faz o André Luiz devesse ser outro, Renato Prieto é um excelente ator com uma militância no teatro espírita que o credenciou para o papel, mas não acho que ele conseguiu chegar lá, parecia estar o tempo inteiro como quem acaba de chegar e ainda não entendeu o que faz ali, o que é uma pena; outro ponto é adaptação que abriu mão de coisas que seriam mais esclarecedoras para o público, diminuindo papéis (como é o caso de Laura, interpretada pela atriz Ana Rosa) e suprindo outros; e quanto ás locações, não creio que uma fortaleza militar fosse o melhor lugar para situar uma colônia espiritual, questão de opinião.
     Nos acertos quero acrescentar a direção (correta), a música ( muito boa), os efeitos especiais (na medida certa) e a presença do ator Fernando Alves Pinto, o Lísias, o ator conseguiu passar toda emoção do personagem, é a melhor interpretação do filme. Outro destaque fica para a atriz Selma Egrei, como a mãe de André Luiz, presença verdadeiramente luminosa.
      Depois de ler tudo isso, esqueça, e veja o filme.

P.S. Não podia deixar de falar na presença das atrizes Chica Xavier ( irrepreensível) e de Aracy Cardoso ( notável).

setembro 04, 2010

Esse meio de transporte chamado elevador

     Para começo de conversa, eu vou confessar uma coisa: eu não gosto de elevadores. O ideal seria sair do meu apartamento voando, mas eu não tenho asas... Restam as escadas, mas como eu moro num oitavo andar fica difícil abrir mão completamente do elevador. Ainda mais que as escadas dos prédios (o meu particularmente) parecem que não foram feitas para serem usadas com muita frequência. Elas são escuras, íngremes. entulhadas de tralhas (geralmente lixo, móveis, caixas, etc), o que desaprova seu uso constante. Mesmo assim, sempre que posso faço uso delas para espanto de muitos, sobretudo do porteiro. Ele não entende como eu posso abrir mão do "conforto" de subir pelo elevador sem fazer esforço algum para subir ou descer pelas escadas.
     Pode ser que você more numa casa, sempre morou, sempre vai morar e nunca vai precisar usar esse útil, prático, porém, nada confortável meio de transporte chamado elevador. Eu sei que você pode achar estranho esse tipo de conversa. Mas falando sério, você acha normal todos os dias, por várias vezes, entrar numa caixa apertada (raramente são largos) sem grandes atrativos (só os fatídicos espelhos que são para dar a impressão de que você tem um sósia) acompanhado de pessoas que, por mais que você as encontre todos os dias, não passam de estranhos e, como você, tudo o que querem é ganhar a rua o mais rápido possível e se livrar daquele incomodo? Pode dizer que acha normal, eu não vou estranhar nem um pouco. Afinal de contas, esse de tipo de invenção existe para facilitar a vida de todos e como os prédios estão ficando cada vez mais altos é pouco provável que algum dia eles deixem de existir.
     Sei que a essa altura você deve estar pensando que eu sou um daquele tipo que morre de medo de andar nesse referido meio de transporte, mas não. Eu não tenho medo de elevador. Pelo contrário, acho que é uma bela invenção. Só que para ser usado sozinho ou acompanhado apenas por pessoas conhecidas. O que, para mim, torna o elevador um meio de transporte inviável é justamente o fato de que você está sempre acompanhado por alguém que você não conhece ou conhece muito pouco e numa proximidade muito grande, que quase beira a intimidade.
     No elevador você fica tão próximo das pessoas que praticamente sente a sua respiração, seus batimentos cardíacos, seus odores, o que gera muito desconforto. Não fosse isso, têm ainda os diálogos travados durante a "viagem". Geralmente começam com um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite" que se não for respondido em alto e bom som  imediatamente leva o "educado passageiro" a repetir o cumprimento em voz mais alta e forte ou protestar classificando você de grosso e mal educado. Essa regra de responder ao cumprimento não pode ser quebrada em hipótese nenhuma. Cumprimentos mais descontraídos como "oi" ou "olá" são terminantemente proibidos e não são respondidos. Fica como se você não tivesse dito nada, ou seja, você é grosso e mal educado mesmo.
     Depois disso passamos aos comentários gerais. Aqui se passa a falar do jogo de futebol, do capítulo da novela, do tempo ("Parece que vai chover..." "É parece..." Se está um dia de sol o comentário passa a ser a praia e se o passageiro (a) pode ou não curtir aquele dia... "É duro a gente ser trabalhador(a)...") Não importa o quanto você se interesse se vai chover, se o capítulo da novela foi emocionante ou não, se o Flamengo (sempre ele) ganhou ou perdeu, os comentários vêm e se você não falar qualquer coisa pode até ser atirado fora do elevador. Ou seja, esse meio de transporte tem regras claras. Não se entra num elevador assim de qualquer jeito, é preciso seguir as regras. Pensa que é só aquela história de elevador de serviço, conduzir bicicleta, andar sem camisa, roupa de banho... As regras vão muito além disso.
     Agora, o que me incomoda  mesmo são as conversas de elevador. Aquelas em que os interlocutores falam de assuntos que são apenas do conhecimento deles numa conserva interminável cheia de detalhes, ignorando a presença das outras pessoas. Isso é a morte. Fico imaginando que essas pessoas deixam todos os seus assuntos para tratar dentro do elevador e, uma vez fora deles, nada mais têm para conversar. Ou vai ser que elas só se encontram no elevador. Isso quando não estão ao celular, aí prepare para saber toda a vida do passageiro com direito a xingamentos, impropérios, etc.
     Diante disso, tomei a decisão de, nesta eleição, só votar no candidato que representar a classe dos "passageiros de elevador".

    

agosto 28, 2010

Abaixo ao horário de propaganda eleitoral

     É difícil entender como algo tão, digamos, odiado por todos continue existindo e, o que é pior, sem nenhuma perspectiva de acabar um dia. Um doce para quem adivinhar do que é que eu estou falando. Acertou na mosca quem disse que é o horário de propaganda eleitoral, esse "programão" que a despeito de agradar ou não, estar bem na audiência ou não, duas vezes por dia toma de assalto nossos rádios e televisões com o único objetivo de tentar (é preciso lembrar que quase sempre conseguem) nos enganar com suas mentiras, falsas promessas, e tapeações.
     Nesses programas pessoas, a maioria delas ilustres desconhecidos, mas tem também nossas queridas figurinhas carimbadas que somem durante o mandato e ao final deste retornam para nos pedir mais quatro anos de emprego com ótimo salário, aparecem no vídeo da televisão ou nas ondas do rádio dizendo o que o mundo está perdido, que nada presta (o custo de vida está nas alturas, a violência cresce a cada segundo, falta emprego, habitação, transporte, moradia, a fome graça, é o caos) e somente aquela figura patética que se encontra agora falando coisas que você provavelmente não está interessado em ouvir é que tem a solução.
     Se você votar na figura todos esses problemas estarão automaticamente resolvidos, diz o cínico sem sequer se dar ao trabalho de acreditar naquilo que está falando. No geral, são pessoas que declamam textos mal decorados de forma monocordia com plataformas esdrúxulas procurando desesperadamente um nicho da sociedade do qual se dizem legítimos representantes. Segundo a visão que tentam passar taxista vota em taxista, ferroviário em ferroviário, judeu em judeu, católico em católico, gay em gay, hetero em hetero e vai por aí...
     Pouca coisa faz sentindo. Nada de verdadeiramente consistente é apresentado aos eleitores que se arriscam em assistir a esses programas. Os partidos maiores apresentam grandes produções onde seus canditados (as tais figurinhas carimbadas) aparecem como se fossem grandes personalidades pelas quais o povo clama e segue pelas ruas. "Como eles não apareceram antes para nos salvar", pode de repetente aparecer numa boca falsamente arrebatada pela figura que ora se exibe. Criancinhas (essa cena é velha) são levantadas para o alto como prova de que o candidato é mesmo um pai, um pai preocupado até com aqueles que ainda nem votam. Já viu desprendimento maior? É claro que não.
     Não sei se já deu para reparar que a criança levantada para o alto surge, quase sempre, dos braços de um pai ou mãe de aparência humilde, alguém do povo,  eleitor que aquele candidato quer atingir. Ou seja, nada de novo. E se alguém tem a leve esperança de que desses "bonecos" que se apresentam sairão deputados estaduais, deputados federais, governadores, senadores ou presidente da república que realmente representem os anseios do povo, que vá realmente nos representar, parece estar enganado. Campanha politica continua a ser apenas a oportunidade que alguns têm de arranjar uma ocupação rendosa, ou seja, cargo político é emprego. Qualquer coisa que se diga em contrário é enganação.
     Resta aqueles que usam a campanha política para aparecer (quase todos) e se candidatam para cargos que não têm a menor chance e acabam sendo apenas figuras engraçadas. Desses, pelo menos, podemos dar boas risadas sem se preocupar com o mal que eles viessem a nos fazer caso fossem eleitos.

agosto 21, 2010

Cachorro leva dono para passear.

    Sei que onze em cada dez pessoas adoram animais, principalmente cachorros. E essa estatística não é difícil de ser comprovada, basta dar umas voltas pelas ruas da cidade. Não é preciso andar muito para encontrar a dupla (dono e cachorro) passeando, tranquila e distraidamente. Até aí, nada de mais. Você que conseguiu ler até já deve estar se perguntando: "qual é a novidade? Onde esse cara quer chegar?" Calma! Eu não quero ir muito longe. Apenas quero deixar claro que vou sozinho, não levo cachorro ou qualquer outro animal que não eu mesmo. Embora também queira deixar claro que nada tenho contra esses animais que são conhecidos como os melhores amigos do homem. Pelo contrário, eu até devoto a eles uma grande afeição, e por que não dizer, admiração? É isso. Na verdade, o que sinto pelos cães e cadelas com os quais encontro todos os dias pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, é uma grande admiração. Digo isso, para não dizer que o que sinto mesmo é dó, pena, compaixão...
     Deve ser muito dura a vida dos referidos bichanos que são arrastados ruas à fora pelos seus donos que, insensíveis a qualquer apelo dos animais, os obrigam a andarem pelas ruas e parques apenas para que eles cumpram seu papel de donos de cachorro e respondam àquela pergunta que não quer calar: você já seu levou seu cão para passear hoje? Em nome do cumprimento dessa obrigação de dono de cachorro (será que eles têm outra?) saem por aí desabaladamente sem ter sequer noção de que o pobre do animal tem vontade própria.
     Não fosse isso, ainda tem o agravante de que, não raro, donos de cachorro não tem nenhum tipo de preocupação com a limpeza das ruas, pois permitem que seus animais urinem e defequem nelas e, embora existem honrosas exceções, deixam o resultado disso pelo caminho e continuam o passeio  como os mais justos dos mortais. Quando alguém um pouco mais exaltado faz algum comentário ou reclamação reagem ora de maneira agressiva e mal educada ou colocam a culpa no animal dizendo: " nossa, fulano (o nome do animal), você fez isso? O papai (a mamãe)(?) já não disse que aqui não é lugar para isso, seu porco?" Geralmente terminam de dizer o texto repreendendo fisicamente o animal para que o reclamante veja que ele(ou ela) é um cidadão(ã)  muito consciente, o cachorro que não aprende a se comportar como ele ensina. Tenho a leve ideia de que fazem isso de propósito, pois nesse momento o reclamante (outro que tem grande admiração pelos aludidos animais), por ver o animalzinho ser maltratado, se arrepende de ter feito a reclamação e sai apressado se martirizando. Depois o dono de cachorro segue sem nada fazer em relação às fezes do animal que, a essa altura, já foi pisada por um sem número de passantes e virou uma mancha na calçada. Mancha essa que foi fazer companhia a muitas outras que já existiam.
     Isso me leva a acreditar que não são os donos que levam seus cães para passear e sim, o contrário. Acredito, sem querer ofender ninguém, que os cães são mais educados que seus donos, por isso mais preparados a levá-los a passear pelas ruas. Uma coisa eu tenho certeza, eles não permitiriam que seus animais urinassem e defecassem pelas ruas. Só falta recomendá-los a proibir seus donos de fumarem tanto enquanto passeiam.

agosto 14, 2010

A cura do espírito

     Outro dia falei aqui sobre a cura do corpo, falei sobre a necessidade de buscarmos curar o nosso corpo através de meios que não sejam tão invasivos, que não agridam tanto. Porque, na verdade, muitos remédios causam mais males que benefícios. Além, é claro, do grande risco que corremos de nos tornar dependentes e, a partir daí, estarmos diante de um novo e assustador problema. Por isso, volto a falar na possibilidade que temos de buscar "curar" nosso corpo através de meios naturais e, principalmente, através da educação alimentar, e educação física. Comer de forma saudável e praticar exercícios regularmente são os caminhos que nos levam a cura do corpo.
     Porém, isso de nada vale se não procurarmos ter uma boa saúde espiritual. Eu sei que para muita gente é só falar em saúde espiritual ou coisa parecida que logo dizem que estão "fora", que não vieram ao mundo para viverem  como monges, fechados para as coisas boas que esse mundo oferece. Não é nada disso. É claro que esse tipo de pensamento é o que corre por aí. Frases como: você tem que aproveitar cada minuto como se fosse o último; só se vive uma vez; não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje, estão aí para fazer apologia ao consumismo, à pressa, ao imediatismo, ao materialismo, nos afastando cada vez mais do nosso lado espiritual que é a nossa essência. Afinal de contas fomos criados por Deus como espíritos, o corpo veio muito depois e como sabemos desde os primórdios, é perecível.
     Por isso, antes mesmo de cuidarmos de nosso corpo, devemos cuidar do nosso espírito e uma vez que nosso espírito esteja saudável, o nosso corpo vai "perceber" isso tornando-se saudável também. Acho que não é demais dizer que toda doença é uma desarmonia do espírito. Primeiro ficamos doentes espiritualmente e só depois essa doença se manifesta em nosso corpo. E isso causa muita dor e sofrimento, pois logo que nos sentimos doentes procuramos apenas tratar do corpo quando, na verdade, devemos fazer as duas coisas juntas: tratar do corpo e do espírito e assim nos livrarmos daquela desarmonia.
     E qual é a maneira de mantermos o nosso espírito saudável? O primeiro mandamento é o pensamento positivo, pois ele funciona como uma proteção contra a chegada e instalação do seu contrário, o pensamento negativo. E o que é o pensamento negativo? É tudo aquilo que nos coloca para baixo, que nos diminui diante de Deus (o sagrado), de nós mesmos e do mundo ( os outros). Todo pensamento de inveja, raiva, ódio, rancor, mágoa, ironia, mesquinharia, maldade, discórdia nos torna prontos para receber o mesmo de volta. A vida é troca. Sempre recebemos de volta aquilo que doamos. Então é mais inteligente doarmos amor, paz, compreensão, harmonia, desejos de saúde. bem estar e tudo aquilo que desejamos para nós e para aqueles que amamos, não é mesmo?
     Outro mandamento importante é termos consciência de que não nascemos do acaso, somos crias de um Deus amoroso e que nos quer sempre bem e que não percamos a ligação com Ele. E essa ligação se faz através da profissão de um credo, seja ele qual  for, que geralmente nos é passado pelos nossos pais ou descobrimos pela vida a fora. Mantermos ligados ao Pai nos faz sentir em harmonia com a vida, com o cosmos, com a natureza e com tudo aquilo que nos rodeia. Todos os dias ao se levantar faça um compromisso consigo de manter uma postura positiva diante da vida e se algum revés acontecer lembre que Deus tem muitas maneiras de falar com a gente. Ande como uma criança, de mãos dadas com o criador,

Paz e saúde para todos.

agosto 07, 2010

Somos realmente livres?

     Quando eu era criança (e isso foi há muito tempo) passava uma propaganda na televisão cujo gingle dizia mais ou menos o seguinte: "Liberdade é uma calça velha azul e desbotada que você pode usar do jeito que quiser. Não usa quem não quer." Lembro que eu assistia extasiado a essa propaganda, porque além de gostar da música, de seu visual colorido (de certa forma apenas imaginado, pois a televisão em questão era preta e branca) com jovens felizes numa caminhonete (ou coisa parecida) a rodar pelos campos, gostava mesmo era ouvir falar na tal de liberdade. A palavra liberdade cantada na música vinha de encontro com um anseio meu de ser livre, dono do meu próprio destino.
     Meus pais, sobretudo minha mãe, eram muito severos. Eles mantinham, a mim e a meus irmãos, sob rédea curta, como gostava de dizer minha mãe. Então ouvir naquela propaganda um conceito tão simples de liberdade me deixava qualquer coisa entre confuso e esperançoso. A qualquer dia eu poderia envergar uma calça velha e sair pelos campos livre como um pássaro para longe da repressão dos meus pais. Doce ilusão de uma criança que não sabia nada da vida. A tal calça velha azul ( calça jeans)  e desbotada era apenas uma forma lúdica de falar de liberdade, principalmente naqueles tempos de ditadura militar, e  estava longe de representar qualquer atitude concreta de liberdade.
     Sei que a essa altura você deve estar perguntando: "Que diabos esse cara está tentando falar com essa conversa mole?" Calma, não precisa tanta pressa. A gente chega lá. É que eu tenho pensando muito nos últimos tempos sobre o fato de se realmente somos seres livres e se essa liberdade é mesmo tão ampla, geral e irrestrita como prometia ser (será que foi?) a anistia que tentava acabar com a ditadura militar de que falei acima.
      A minha opinião é que não somos livres e se às vezes vislumbramos algum tipo de liberdade ela não é nem tão ampla nem tão irrestrita assim. É o que eu chamaria de uma liberdade meia-bomba, de "araque", como diriam outros. Somos, na verdade, pessoas presas a conceitos, padrões de comportamento, grupos, empregos, ideias e estamos sempre adiando para o futuro o dia em que  vamos dar nosso grito de liberdade e viver à nossa maneira, longe de tudo aquilo que nos prende e escraviza. Até lá vamos vivendo com a liberdade que podemos contar, ou seja, quase nenhuma. Embora crentes de que somos os seres mais livres que já pisaram sobre a terra. Ledo engano.
       Somos escravos do trabalho, precisamos ganhar nosso pão de cada dia, senão morremos de fome, ou seremos apontados como vagabundos, sanguessugas, parasitas e corremos o risco de parar no meio da rua onde nos tornaremos mendigos. Esses sim, os únicos a viver uma certa liberdade, mas vocês sabem a que preço, não é? O preço de não serem  escravos da moda ( é preciso estar em dia com ela), do peso ( olha essa "gordurinha" aí!), da aparência (você tem que ser bonito(a) ), do sucesso ( você tem que ser bem-sucedido), da ditadura do consumo (você tem consumir tudo o que lhe oferecem, tenha ou não condições para isso) e tudo o que cerca os "livres" de nossos tempos. Eu, pelo meu lado, ainda continuo cantando aquele gingle: "Liberdade é uma calça velha..."

julho 31, 2010

A cura do corpo.

     Vivemos numa época em que cada vez mais se fala de meios alternativos de buscar uma vida melhor e mais saudável. Muitos são os meios e todos estão disponíveis para todos, basta querer buscar, ler e se informar. Além de toda uma cultura passada de pai para filho, de geração em geração. Quem não tem ou teve um avô, avó ou qualquer parente versado em chás ou garrafadas? Muitos de nós, não é mesmo? Fora isso, existem muitos livros e revistas que tratam do tema, prontos a informar a quem queira penetrar nesse mundo mágico.
     Outro vasto campo de pesquisa é nossa amiga Internet. Os sites de busca e pesquisa estão aí para isso. Difícil é decidir para que lado seguir pesquisando. Deixando de lado mentiras e puras invenções (é sempre necessário estar atento), há um campo vasto e pode-se encontrar verdadeiros tesouros. Em sua maioria trata-se de coisas simples e corriqueiras que nós deixamos para lá porque acreditamos serem apenas lendas ou coisa de gente ignorante. Estamos sempre prontos a colocar em dúvida qualquer coisa que não seja cientificamente provada mesmo sabendo de experiência própria da eficácia de um chá ou de uma simpatia ensinada por uma pessoa mais velha.
     Pelo outro lado, estamos sempre prontos a ingerir qualquer medicamento receitado por qualquer médico, farmacêutico ou balconista de farmácia. Não importamos se eles são ou não pessoas habitadas para isso ou se estão mesmo interessados que nos curemos do mal que sofremos ou apenas querem vender mais um medicamento e aumentar o lucro da indústria farmacêutica.
      Embora essa seja uma questão bastante complexa e que necessita de ser vista com bastante cuidado, não temos aqui a intenção ou capacidade de fazer um julgamento. Quero apenas trazer a baila um lado da questão: outro dia fiquei um tanto assustado de ver uma conhecida ingerindo calmantes dizendo que não consegue viver sem eles por causa da vida agitada que leva. Diante disso, fui levado a pensar no número de pessoas que usam remédios para enfrentar o dia-a-dia, passando suas vidas praticamente dopados. Isso é um absurdo! Não podemos tomar esse caminho. Não sou médico nem nada parecido, mas tenho certeza que esse é um caminho sem volta. A humanidade está cada vez mais se escondendo de si mesma através de remédios que prometem curar o corpo quando na verdade nada mais fazem do que criar mais doenças e a pior delas é a dependência.
     Trabalho num local onde as pessoas passam o dia disputando quem está mais doente que o outro, quem tem a doença mais grave, quem toma maior número de medicamentos ou quem vai mais vezes ao médico. Nenhuma delas não quer nem ouvir falar em formas alternativas de cura ou fazer algum esforço que não seja o de ingerir medicamentos, mesmo sabendo que eles fazem mais mal que bem. Ignorando que remédio não faz milagre, que antes de querermos curar o corpo precisamos buscar a cura de nosso espírito. E a porta da cura de nosso espírito é a nossa mente. Precisamos curar nossas mentes para que elas não adoeçam nossos corpos. Está aí o "mente sã, corpo são" que não me deixa mentir e que ninguém ignora, mas faz questão de esquecer.
     Vamos todos, num esforço conjunto, buscar a cura do nosso corpo através de atos simples como o de respirar corretamente buscando tranquilizar nosso corpo integrando-o à natureza, ao mundo que nos rodeia, buscando toda a beleza que nos rodeia, a beleza que vem dos outros e aquela que parte de nós. Fiquemos todos tranquilos e em paz. Quem sabe assim não descobrimos que saúde também é um estado de espírito?