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julho 18, 2009

Irmã Zoé

Não sei exatamente por que, mas eu não a conheci. Nem sei se quando estive na rua ela ainda estava viva. O que sei é que seu nome corria de boca em boca entre os moradores de rua. Era quase impossível que um morador de rua não o soubesse de cor e já não tivesse se valido de sua ajuda. Creio que já disse aqui que todo morador de rua possui uma espécie de roteiro na cabeça, os lugares que procura por ajuda, uma espécie de roteiro de sobevivência onde a instuição de Irmã Zoé ocupa, sem dúvida, um lugar de destaque. Sei que você deve estar se peguntando: por que diabos ele está falando disso? Aí vai a resposta. Primeiro, porque também fiz parte daqueles para os quais o nome da Irmã Zoé era sinônimo de comida, roupa limpa, uma palavra amiga, enfim, coisas que os desamparados das ruas sempre procuram. Segundo, porque lendo o jornal O Globo no domingo, 12/07/2009, deparei com uma reportagem sobre o Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição, ou seja, a casa onde a Irmã Zoé trabalhava. Se por um lado fiquei contente pelo espaço que o jornal deu ao trabalho tão importante desta instituição, principalmente num momento de "choque de ordem", onde os moradores de rua ocupam o primeiro lugar no quesito "limpeza", a tal coisa "fora da ordem", por outro lado fiquei triste com a notícia da morte de Irmã Zoé (ocorrida em 2000) e da situação que as freiras que dão continuidade ao trabalho da instituição enfrentam. Sei que não posso fazer nada, pois sei da dificuldade desse tipo de trabalho através da "Sopa das quartas-feiras", onde também enfrentamos a dificuldade de receber doações. Apenas gostaria de registrar a importância desse tipo de trabalho e render uma homenagem a Irmã Zoé e ao Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição e pedir a Deus que elas possam continuar esse trabalho, não apenas bonito, mas acima de tudo, necessário, urgente. Que onde a Irmã Zoé estiver ela possa interceder a Deus pelos menos farocecidos. À ela, o meu muito obrigado.

julho 05, 2009

Um lugar chamado Ibiá

É provável que você nunca tenha ouvido esse nome: Ibiá. Nome de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde este que vos fala nasceu. Ibiá é como toda cidade, um microcosmo. Creio que toda cidade por menor que seja é assim: um lugar pequeno onde cabe de tudo. durante muitos anos Ibiá foi o mundo para mim. Eu acreditava que o mundo se encerrava ali. Tudo o que havia para além de suas serras era o desconhecido. Ibiá me bastava. Um dia, levado por uma curiosidade que agora acho natural, quis sair daquele útero, ou caverna, como queira. Cruzei fronteiras, deixei minha terra. No início voltava muitas vezes, depois as voltas foram se espaçando até que... Bem, até que não voltei mais. Faz uns quinze anos que não visito Ibiá. As vezes me pergunto o por que e não encontro resposta. Mas algo me diz para não voltar, deixando dormir na bruma do tempo as lembranças. Sonho com suas ruas por onde eu andava, suas casas, principalmente as que morei, as pessoas amigas, os parentes e aquelas apenas conhecidas, os bailes da Praça de esportes, a missa na igreja Matriz de São Pedro de Alcântara aos domingos às seis e meia da tarde, as barraquinhas, as festas juninas, as procissões, a semana santa, os velórios nas casas, os enterros pelas ruas, suas cachoeiras e côrregos, e tudo o mais. Confesso que tenho saudades. Lá deixei meus familiares, amigos e uma certa parte do meu coração..

julho 04, 2009

Apresentação do ator Julio Fernando







I
Ator Julio Fernnando, registro profissional 851 livro 05 folha 26 DRT - MG
25-07-1972
Altura - 1,80
Peso - 65
Reside na cidade do Rio de Janeiro.
Se você está em busca de um bom ator, não deixe de entrar em contato.

Contato - 21 -  995693203
E-mail - juliofermoreira@gmail.com
www.youtube.com/msjfmoreira












junho 30, 2009

Um dia triste

O título dessa postagem não é o bastante para expressar o que eu realmente estou sentindo. Já falei aqui que trabalho numa firma há cerca de dezessete anos e que é um local de trabalho bastante conturbado, além não me oferecer nenhuma perspectiva de futuro, respeito, dignidade, essas coisas tão importantes na vida de um ser humano. Para dizer a verdade a tal empresa não chega a ser um "empresa" no melhor sentido da palavra. Trata-se de um condomínio, o Condomínio do Edifício Catete Center, no Flamengo, uma chamada "administração própria". Quando lá cheguei em dezembro de 1991, eu vinha daquela história que conto no livro" No olho da rua", e esse emprego era uma espécie de tábua de salvação e a ideia de que eu iria trabalhar com dois senhores maiores de sessenta anos, aposentados, com discurso que me fazia crer que queriam apenas cuidar do condomínio e ensinar o trabalho para alguém que quisesse dar seguimento no cuidado daquele condomínio. Confesso que, apesar de os dois ( López e Alberto) não me parecerem as pessoas mais simpáticas do mundo ( logo tive a oportunidade de perceber que se tratavam de duas pessoas dadas a rompantes e gritarias), acreditei que tinha encontrado um lugar onde pudesse me reerguer socialmente através de um salário no final do mês que desse para pagar minhas contas, comprar a minha comida e me garantir um lugar para viver. Não demorou para eu ter certeza de que estava enganado. Os dois nada tinha de bons velhinhos. Pelo contrário, tratava-se de duas águias vorazes, capazes de tudo para manter o seu feudo e com uma necessidade de mando e autoridade que jamais tinha visto. O Brasil vivia aqueles dias do governo Collor e eu que tinha experimentado o indigência e a fome nas ruas do Rio de Janeiro, não podia me dar ao luxo de abandonar o emprego. Apesar de saber que aquele não era um lugar de futuro fui ficando a espera do melhor momento para sair. Tinha muita esperança na minha carreia de ator e depois de um cadastro na Globo, eles começaram a me chamar para uma participação ou outra, culminando com minha participação na novela "O rei do gado", momento em que acreditei que estava no caminho certo e que logo estaria fazendo participações maiores, com contrato e poderia sair daquele lugar. Cheguei a montar peças como "Viver e morrer em Copacabana" , texto de minha autoria, mas isso só serviu para solapar as minha economias. O tiro de misericórdia foi dado pelo lançamento do livro "No olho da rua", novamente usando minhas economias, cujo retorna foi quase nenhum. Com isso, o tempo passou e continuei no "Condomínio" num "casamento" infeliz ao lado de dois velhos malucos, cujo o único objetivo é se manterem no poder: um como síndico e o outro como "contador". Só que de uns tempos para cá descobrir e o meu emprego está sendo "negociado". Todo desempregado do condomínio ( e olha que é prédio de 520 unidades, entre apartamentos e salas) desejam o meu lugar. Já imaginou a barra? Não bastasse, hoje tive a confirmação de que fui vítima de uma armação para que eu perdesse o controle e brigasse e com isso fosse mandado embora por justa causa. Eu já desconfiava. O senhor Alberto tinha planos( e creio que ainda tem) e colocar o filho desempregado há mais de 12 anos, porque não aceita qualquer emprego, no meu lugar. Que ele queira arrumar emprego para o filho, eu acho que não tem nada demais, mas por que tem que ser justo e o meu? E que é pior: se fazendo valer de uma armação digna de vilão de novela: eu estava sentado trabalhando quando o senhor Alberto se aproximou de mim e disse que estavam me enregando na outra sala. Era hora do almoço e eu levantei para sair. Do lado de fora encontrei o senhor López pedindo a minha cabeça para o atual síndico em voz alta esperando que eu tivesse alguma reação. Passei por eles sem nada falar e fui embora. Só depois percebi que tinha sido uma armação, se eu tivesse qualquer reação, eles começariam uma discussão cujo o único final seria a minha demissão, depois de dezessete anos de trabalho. É lógico que empregos se perdem todos os dias e comigo não seria deferente. O que lamento é ser vítima de dois senhores que há mais de trinta anos ganham prolabores de dez salários mínimos e que hoje já contam com quase noventa anos de idade. Eu não esperava por isso.

junho 28, 2009

O adeus a Michael Jackson

Sei que muito se falou e ainda vai se falar de Michel Jackson e talvez o que eu tenha a dizer sobre ele não acrescente muito. Digo apenas que ele foi um daqueles seres humanos que vêm ao mundo com uma grande missão, mas que por algum motivo falham. Parece que deisitem de seguir o caminho anteriormente traçado (acredito muito nisso) e resolvem trilhar um outro caminho onde vão de encontro às paixões e vaidades que fazem com que se percam para sempre. Tenho a sensação que ser o cantor mais papular do mundo de repente se tornou um brinquedo chato demais para ele, passou então a querer brincar de "deus" e num ato de extrema generosidade consigo mesmo resolveu que deveria mudar de rosto, de cor, de raça. Talvez quisesse também mudar de sexo e nesse caso acabou por perder-se completamente, pois já não se sabia mais o que ele era, se homem ou mulher ou nem uma coisa nem outra. Pena! Nessa confusão toda, o artista por pouco não se perdeu também. Por sorte nossa existem os registros, as gravações e é por esse viés que ele sobreviverá. Faço parte da geração que cresceu dançando e cantando com ele. Essa mesma geração também o imitou em gestos e passos e no final assombrou-se com o que viu ele se transformar. Como disse minha irmã Eloisa com muita propriedade: "Michael nasceu com todos os talentos, menos talento para viver." Talvez seja exatamente isso. Faltou a ele talento para viver neste mundo tão conturbado.

junho 25, 2009

Um novo livro

Desde que lancei o livro "No olho da rua", venho pensando em escrever um novo livro. Alguns daqueles que leram o primeiro livro me cobram um novo ou mesmo uma continuação contando como ficou a minha vida depois da saída da Fundação Leão XIII. Embora a ideia sempre tenha me causado algum entusiasmo, também me causa uma certa apreensão. Para dizer a verdade, tenho me esquivado da possibilidade de voltar a falar da minha vida em um livro pelo que isso representa de exposição. É estranho falar sobre isso, mas minha vida de uma certa forma se divide em antes e depois do livro. Antes as pessoas me vinham de um jeito, eu era um cidadão comum, sem marcas muito profundas e isso me dava uma certa proteção. Depois do livro passei a ser visto meio como uma espécie de coitadinho: "Olha, eu li o seu livro. Chorei o tempo todo. Não sei como você conseguiu..." Geralmente é esse o tipo de comentário que as pessoas fazem após lerem o livro. Para mim, passou a ser uma espécie de maldição. Cheguei a renegá-lo. Não queria que olhassem como um coitado, muito pelo contrário. Sempre pensei que ao ler o livro as pessoas me vissem como um vencedor, não um coitado. Até a minha carreira de ator ( eu vinha conseguindo algumas boas participações em produções da Tv Globo), deu uma cortada radical. De repente, passei a não conseguir mais nada. Fato que acredito ter sido agravado com a entrevista que dei ao programa "Sem censura" da TVE, pois a emissora a repetiu diversas vezes. Por fim, o livro não deu o retorno que eu esperava. Nem financeiro, nem de popularidade. Mas aqui estou eu outra vez querendo me expor, colocar o dedo na ferida de novo. O livro ainda não tem título, mas deve falar da minha relação com a sociedade e minha relação com o emprego, mais especificamente sobre uma mudança que pretendo fazer em meus caminhos. Bem, não dá para adiantar muito. Espere e leia. Se vai ser sucesso ou não, cabe ao futuro. E o futuro a Deus pertence, não é mesmo?

junho 23, 2009

Existe hora certa para as coisas?

Essa é uma entre as muitas perguntas que eu tenho me feito nos últimos tempos. E aí você pode se perguntar: E o que eu tenho com isso? É bem possível que provavelmente nada. Afinal, a crise existencial é minha. Mas a dúvida em questão diz respeito, quase exclusivamente, ao meu emprego. como já disse aqui em outra oportunidade, trabalho no mesmo emprego há mais de dezessete anos. Ficou assustado(a)? É isso mesmo. Mais de dezessete anos. Sabe um daqueles empregos que você entra para passar uma chuva, esperar que as coisas melhorem? Foi exatamente assim que eu pensei quando entrei nesse emprego. Iria ficar só uns meses e aí outras oportunidades iriam aparecer. Afinal, eu me considerava filho de Deus e portanto merecedor de "coisa melhor". Além do mais, eu iria vencer como ator, era só uma questão de tempo. Mas não foi isso que aconteceu. O filho de Deus aqui não foi merecedor de "coisa melhor" e o tempo foi passando. E aqui estou eu agora. Dentro de mim a eterna pergunta: Existe hora certa para as coisa? Posso largar o meu emprego e me aventurar por aí. Sabe o que me respondem? Não. Os tempos estão difíceis e ficaram ainda mais com a crise mundial. Emprego esta difícil. A partir de uma certa idade então? Eu ouço tudo isso e penso aqui com os meus botões: Será que algum dia os tempos estiveram fáceis? Para mim, pelo menos, não. Só conheci dureza. Mas como a esperança é a última que morre, resta esperar por dias melhores. Afinal, eu sou filho de Deus.