Pesquisar este blog

janeiro 24, 2010

Novela de Duca Rachid e Thelma Guedes aborda vida dos moradores de rua.

Já faz algum tempo que a novela Cama de Gato (Rede Globo), da dupla Duca Rachid e Thelma Guedes, está no ar. Não estou aqui para fazer uma crítica da novela que, diga-se de passagem, me surpreendeu. Ao contrário de muitas novelas do horário, principalmente nos últimos tempos, emboladas, sem uma cara de novelas das seis, com tramas confusas e de pouco interesse do telelespectador, a novela é leve e parte de uma trama que inicialmente poderia parecer um tanto confusa, mas cujo desenvolvimento provou tratar-se de uma trama simples, de apelo fácil e recheada de personagens que lembram pessoas que a gente conhece. O que é ótimo, pois o povo quer é apenas se ver retratado no vídeo, nada mais que isso. E nisso, a dupla está batendo um bolão. Confesso que tenho me emocionado com a novela. Porém, o que eu queria mesmo é falar sobre um dado da trama: a abordagem sobre os moradores de rua. O personagem Gustavo, vivido pelo ator Marcos Palmeira, após ser vítima de uma brincadeira (?) bem intencionada do amigo acaba tendo que lutar ferozmente pela vida e vai parar no meio da rua vivendo algum tempo como mendigo.  A trama é bastante oportuna, pois revela a fragilidade da nossa posição na sociedade; de uma hora para outra podemos perder nosso chão e ir literalmente para o "olho da rua". Basta que se perca o emprego, o fim de um casamento, um conflito familiar para o "mundo cair". Ao fazer esse tipo de abordagem as autoras tocam numa ferida exposta de nossa sociedade: os moradores de rua. As ruas da cidade estão repletas de pedintes, pessoas que após (ou não) algum revés da vida passam a ter a rua como casa. Falo disso porque vivi essa situação quando cheguei no Rio de Janeiro, onde amarguei dois anos entre desempregado ou sobrevivendo de subempregos. Fatos que retrato no meu livro "No olho da rua". Espero que depois de termos um protagonista de novela como um  ex-morador de rua, as pessoas passem a olhar com outros olhos seus "irmãos de rua". São pessoas que precisam de ajuda, de uma mão estendida, como na novela o Gustavo teve a mão da Rose (Camila Pitanga). É lógico que temos que guardar as diferenças entre realidade e ficção, mas vale como exemplo. Fica aqui o agradecimento às autoras, os atores e toda a equipe da novela. Sucesso para todos.

Em tempo: os autores, corajosamente, têm, vez ou outra, feito abordagens desse tipo. Vale lembrar o personagem Raul ( Alexandre Borges) na novela Caminhos das Indias, de Glória Peres. Após aplicar um golpe na própria família , o personagem perde tudo e volta para o Brasil, indo viver como catador de lixo nos arredores da Lapa, área central do Rio de Janeiro. Belo trabalho do ator e de Glória Peres.

janeiro 20, 2010

São Sebastião e Oxossi: o sincretismo continua.

Hoje é o dia 20 de janeiro, dia dedicado ao santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, aliás, São Sebasitão do Rio de Janeiro, para ser mais preciso. Porém, por razões que, creio, sejam do conhecimento de todos de todo bom devoto, aqui no Rio de Janeiro também é comemorado o dia de Oxossi, orixá cultuado pela umbanda e pelo candomblé.  Os católicos prestam sua devoção a São Sebastião, soldado romano que servia ao imperador Diocleciano e que uma vez convertido ao cristianismo  ousou infrentar o imperador em sua luta contra os cristãos sendo duas vezes condenado à morte. Ele sofreu o chamado duplo suplício. No primeiro foi alvo de flechas envenadas, foi salvo e na segunda vez foi por morto à pauladas. É que, uma vez salvo, prontamente recuperado e ele voltou até o imperador Diocleciano para pedir que ele deixasse de perseguir os cristãos. Já no candomblé e na umbanda se reverencia o guerreiro Oxossi ligado às matas e à terra e é, principalmente na umbanda, representado por um indio (ou cabloco) em seus paramentos de caça .  Oxossi é o grande caçador. Até aí, nada demais, não é mesmo? Não, não é. Embora sejam visões completamente diferentes, os cultos se encontraram por causa da probição dos afros brasileiros de culturem seus "santos". Com isso nasceu o sincretismo entre o culto católico e os chamados cultos de origem afriacana. Aqui trazidos pelos escravos.  É verdade que o candomblé de hoje já está quase totalmente livre desse sincretismo. O mesmo não aconteceu com a umbanda. |Nela os santos católicos continuam a ser reverenciados como a personificação dos orixás. Então São Sebastião é Oxossi, São Jorge é Ogum, Santa Bárbara é Iansã, Nossa Senhora da Conceição é Oxum e vai por aí. É bem verdade que não há atualmente nenhuma proibição formal para esses cultos. A umbanda, como o candomblé, podia se "livrar" dessa, digamos, mistura. Só que muita água passou por debaixo da ponte. Com o tempo os umbandistas assimilaram não só os santos católicos, mas também o seu maior ícone: Jesus Cristo. Hoje, mais do que nunca, Oxalá é Jesus Cristo e isso não vai mudar nunca. Queiram os padres ou não o culto católico e o culto umbandista se uniram para sempre. Além do mais ainda tem o fato de que muitos frequentam as duas religiões. Outro motivo para muita discussão. Mas isso é assunto para outro dia. Por hoje, salve São Sebastião e Oxossi. Muita proteção para os seus filhos.

janeiro 19, 2010

Zilda Arns - Um exemplo de vida.

Não podia deixar de registrar o meu pezar pela morte da dra. Zilda Arns ocorrida em decorrência do terremoto que arrasou a capital do Haiti, Porto Príncipe. Como é do conhecimento de todos, a dra. Zilda Arns não estava lá a passeio, estava trabalhando no projeto da igreja católica do Brasil, a Pastoral da Criança. Projeto esse craido por ela e que salvou e salva milhares de crianças, livrando-as da morte certa, em todo o Brasil. Trabalho pioneiro que parte de soluções simples e caseiras para solucionar o sério problema da mortalidade infantil, principalmente entre as populações mais pobres. O trabalho da dra. Zilda, embora tenha causado certo estranhamento incialmente, afinal somos condicionados a acreditar mais em ideas mirabolantes e de alto custo, logo conquistou a todos e ganhou o mundo. Ela chegou a ser indicada ao prêmio Nobel da Paz. Não ganhou. Mas isso não fez diferença. Afinal o prêmio maior que ela ganhou foi o de ver suas crianças escaparem da morte. E era isso que ela fazia no Haiti: salvava crianças pobres da morte. Aos setenta e cinco, quando muitos já "penduraram as chuteiras", ela mantinha a chama acesa, pois acreditava no que fazia, sabia que não podia parar. Vejo isso como uma benção: ela trabalhou até o fim no projeto de sua vida. Oxalá todos nós tivessemos essa sorte! Falo isso porque não vejo a morte como um castigo, apenas como o fim de um ciclo. Com certeza Zilda Arns vai continuar seu trabalho na esfera espiritual onde, também, há muito o que se fazer. O que resta a quem fica é não deixar a chama se apagar. Creio que seu trabalho aqui na terra não vai terminar com seu "desaparecimento", afinal ela ensinou a todos o "pulo do gato"  através da simplicidade de atos e ações. Obrigado, dra. Zilda Arns. A terra precisa de mais exemplos como o seu.

janeiro 18, 2010

Haiti

Não dá para ficar alheio ao que está acontecendo no Haiti. Por mais que a gente tente fechar os olhos, está tudo alí bem na nossa cara. E olha que nós brasileiros temos "nossas tragédias|", "nossos haitís", como bem cantaram Caetano Veloso e Gilberto Gil. Nesses momentos nossas mentes ( a minha , em particular) dá um nó: por que razão um povo é tão castigado? Teriam os haitianos feito alguma coisa para merecerem tanto sofrimento? Já houve quem dissesse que eles são castigados por causa de suas práticas religiosas, ou seja, algo como "pacto com o diabo". Eu, particularmente, não acredito nisso. Acredito sim, que um povo ( ou pessoa) venha ao mundo com uma carga maior de sofrimento que outros. Da mesma forma que alguns vêm com uma carga de felicidade maior que a de outros. Acredito também que as pessoas com carmas parecidos se encarnam juntas, o que leva a esse tipo de acontecimento onde o sofrimento é coletivo. Temos que lembrar que nem só haitianos estão sofrendo as consequências dessa tragédia, no Haiti havia pessoas de quase todo o mundo, em especial (na sua maioria militares) do Brasil. Brasileiros que lá estavam ( e estão) em missão de paz. Por isso, creio que essa tese do castigo não faça muito sentido. O que faz sentido mesmo é o fato que muitas vezes é preciso que (infelizmentre) aconteça tragédias como essa para que todos nós façamos uma reflexão do nosso papel neste mundo e de que maneira estamos levando nossas vidas. Graças a Deus, o que se vê é que a humanidade não perdeu a fé na própria humanidade. O que vemos no Haiti é um exemplo de que nem tudo está perdido. Apesar de todas as técnologias, a solidariedade humana está preservada, o amor ao próximo, como ensinou Jesus, ainda está falando mais alto. Resta torcer para que o Haiti vença mais esse desafio e siga em frente. Viva o Haiti!

janeiro 02, 2010

Enfim, 2010!

Eu não faço parte daquele grupo de pessoas que faz todo tipo de malabarismos para poder "garantir" que o ano que vai chegar seja bom. Pelo contrário, não consigo me deixar contagiar pelo "oba-oba" que toma conta de quase todo mundo nessa época. Fico bem quieto no meu canto e procuro estar num lugar que eu acho seguro, ou seja, a minha casa. Evito excessos seja de bebida ou comida, para poder manter o pé no chão. Porém, estou longe de ser um cético. Acredito em toda a simbologia que a passagem de ano representa e acho mesmo que é o momento da gente recarregar as baterias, limpar as "gavetas", jogar fora as coisas que não prestam, tentar consertar algumas que ainda valem a pena, mas, acima de tudo, é hora de fazer novos planos, refazer o caminho, apostar no futuro. Talvez seja esse o grande trunfo da passagem de ano. Com um novo ano que se inicia podemos nos reenventar. Aí, você diz: "Mas a minha vida está tão boa. Tenho saúde, namoro ( ou vivo) com uma pessoa legal, tenho filhos lindos, o emprego que sempre sonhei..." Está bem. Também concordo que em time que está ganhando não se mexe. Reze a Deus agradecendo a sua sorte. Embora eu acredite que todos sempre temos algo para melhorar e não viemos a esse mundo a passeio, esse papo é para aquela maioria que está sempre insatisfeita, como eu. Para nós, não há momento melhor do que esse. Passada a euforia, todos os fogos e champanhe estourados, é hora de olhar para frente e ver um 2010 pronto para ser vivido. O que podemos fazer? É simples. Vamos tentar viver 2010 da melhor maneira que pudermos. Sem sermos carrascos de nós mesmos, vamos estar atentos. É normal a gente fazer promessas de mundaças muito duras e depois capitularmos. Para que isso não aconteça, vamos devagar com o andor que o santo é barro, como diz o ditado popular. É preciso conhecer nossas limitações, sobretudo no quesito sacrifício. Bom senso nessa hora é tudo.O importante é mantermos a chama da esperança acessa durante todo o ano de 2010 e nos próximos, porque, como diz o poeta, o tempo não para.

FELIZ 2010!