Pesquisar este blog

junho 25, 2009

Um novo livro

Desde que lancei o livro "No olho da rua", venho pensando em escrever um novo livro. Alguns daqueles que leram o primeiro livro me cobram um novo ou mesmo uma continuação contando como ficou a minha vida depois da saída da Fundação Leão XIII. Embora a ideia sempre tenha me causado algum entusiasmo, também me causa uma certa apreensão. Para dizer a verdade, tenho me esquivado da possibilidade de voltar a falar da minha vida em um livro pelo que isso representa de exposição. É estranho falar sobre isso, mas minha vida de uma certa forma se divide em antes e depois do livro. Antes as pessoas me vinham de um jeito, eu era um cidadão comum, sem marcas muito profundas e isso me dava uma certa proteção. Depois do livro passei a ser visto meio como uma espécie de coitadinho: "Olha, eu li o seu livro. Chorei o tempo todo. Não sei como você conseguiu..." Geralmente é esse o tipo de comentário que as pessoas fazem após lerem o livro. Para mim, passou a ser uma espécie de maldição. Cheguei a renegá-lo. Não queria que olhassem como um coitado, muito pelo contrário. Sempre pensei que ao ler o livro as pessoas me vissem como um vencedor, não um coitado. Até a minha carreira de ator ( eu vinha conseguindo algumas boas participações em produções da Tv Globo), deu uma cortada radical. De repente, passei a não conseguir mais nada. Fato que acredito ter sido agravado com a entrevista que dei ao programa "Sem censura" da TVE, pois a emissora a repetiu diversas vezes. Por fim, o livro não deu o retorno que eu esperava. Nem financeiro, nem de popularidade. Mas aqui estou eu outra vez querendo me expor, colocar o dedo na ferida de novo. O livro ainda não tem título, mas deve falar da minha relação com a sociedade e minha relação com o emprego, mais especificamente sobre uma mudança que pretendo fazer em meus caminhos. Bem, não dá para adiantar muito. Espere e leia. Se vai ser sucesso ou não, cabe ao futuro. E o futuro a Deus pertence, não é mesmo?

junho 23, 2009

Existe hora certa para as coisas?

Essa é uma entre as muitas perguntas que eu tenho me feito nos últimos tempos. E aí você pode se perguntar: E o que eu tenho com isso? É bem possível que provavelmente nada. Afinal, a crise existencial é minha. Mas a dúvida em questão diz respeito, quase exclusivamente, ao meu emprego. como já disse aqui em outra oportunidade, trabalho no mesmo emprego há mais de dezessete anos. Ficou assustado(a)? É isso mesmo. Mais de dezessete anos. Sabe um daqueles empregos que você entra para passar uma chuva, esperar que as coisas melhorem? Foi exatamente assim que eu pensei quando entrei nesse emprego. Iria ficar só uns meses e aí outras oportunidades iriam aparecer. Afinal, eu me considerava filho de Deus e portanto merecedor de "coisa melhor". Além do mais, eu iria vencer como ator, era só uma questão de tempo. Mas não foi isso que aconteceu. O filho de Deus aqui não foi merecedor de "coisa melhor" e o tempo foi passando. E aqui estou eu agora. Dentro de mim a eterna pergunta: Existe hora certa para as coisa? Posso largar o meu emprego e me aventurar por aí. Sabe o que me respondem? Não. Os tempos estão difíceis e ficaram ainda mais com a crise mundial. Emprego esta difícil. A partir de uma certa idade então? Eu ouço tudo isso e penso aqui com os meus botões: Será que algum dia os tempos estiveram fáceis? Para mim, pelo menos, não. Só conheci dureza. Mas como a esperança é a última que morre, resta esperar por dias melhores. Afinal, eu sou filho de Deus.

maio 12, 2009

Aniversário da Sopa das Quartas feiras - 5 anos

Hoje a "Sopa das quartas-feiras no Largo do Machado, faz cinco anos. Tenho motivo de sobra para comemorar, afinal são cinco anos de um trabalho com o qual sempre sonhei. As pessoas não fazem ideia do número de pessoas que vivem pelas nossas ruas, principalemente à noite, disfarçadas de simples transeuntes e que no fundo só estão à espera que o movimento diminua ou acabe para que elas se acomodem num cantinho e possam dormir ou simplesmente descansar o corpo. É esse o principal alvo da "Sopa": pessoas que vivem nas ruas, em sua maioria provinientes de outras cidades, desempregados, vencidos pelos vícios, ex-presidiários, pessoas que vivem à margem da nossa tão decantada "boa sociedade". A "Sopa" não faz distinção de pessoas e todos aqueles que querem tomá-la são benvindos. Sabemos que nossas ruas estão cheia de marginais, fugitivos da polícia, pivetes, mas não somos juizes de nada e nem de ninguém. O que sabemos é que existe uma situação de orfandade, um abandono generalizado, um "não estou nem aí" que a cada dia se torna mais visivel. Não como ignorar a situação de nossas ruas, o número de crianças e mendigos nas ruas é cada vez maior. Em nossas caminhadas pela cidade encontramos famílias inteiras, crianças nascem e crescem nas ruas, às vistas de todos, poder público e sociedade. Nesses cinco, não contei quantas quartas-feiras foram, apenas sei que não faltamos nenhuma desde então, pois firmamos um compromisso com esses nossos irmãos de rua e não podemos recuar. Apesar de a cada quarta-feira apresentar sua peculiaridade, nunca somos recebidos da mesma forma, as vezes afetuosamente, as vezes com indeferença ou até violência como o dia em que uma mulher atirou um ponte sopa, que é servida quente, longe quase acertando uma de nossas colaboradoras ou o dia em que o caro do André, nosso "digamos" motorista, teve o vidro da porta violentamente quebrado e o seu toca-fitas roubado, deixando-nos estarecidos, mas não sem ânimo para continuar. Pois já enfrentamos duas mudanças súbitas de endereço e tivemos duas grandes colaboradoras que abandonaram a "Sopa" sob a alegação de terem sido ameaçadas de assalto por alguns rapazes que recebiam a sopa e com elas levou, além de outros colaboradores, levaram também alguns apoiadores importantes, deixando-nos de uma hora para outra meio sem chão. Tem também as constantes chuvas que caem sobre a cidade do Rio de Janeiro, inundando a rua do Catete e adjacências, locais pelos quais circulamos com nossa sopa, o que vale pedir ao nosso prefeito que em seu choque de ordem também inclua a limpeza dos bueiros para melhor escoamento da água da chuva, pois é grande a desordem causada pelo alagamento das ruas, além das pessoas ficarem impedidas de caminharem. Problemas que superamos para poder seguir em frente com o nosso objetivo de doar um pouco do nosso tempo e do nosso amor para aqueles que por um momento estão privados. Aqui vale um agradecimento especial a todos aqueles que colaboram com a nossa sopa e aqueles que, se não colaboram mais, coloboram um dia.
Nosso agradecimento a:
Cristina , Cátia, Adelaide, Sérgio, Márcia, Ronaldo Daniel, Centro Cruz de Oxalá, Suely, Dona Elza(in memorian), Denise, Eloisa, Sílvia, Connie, Suzy, Clívia, Juliana, André, César, José Angelo. Wallace, e muitos outros e principalmente a Deus.
Obrigado!

maio 01, 2009

Choque de ordem

Sou o primeiro a reconhecer que a nossa cidade andava (e anda) uma verdadeira bagunça, com as ruas e passeios sendo usados de maneira desorganizada, um verdadeiro caus e que a ideia de nosso ainda novo prefeito de colocar uma certa ordem na bagunça é muito bem vinda. O que acontece é que nosso prefeito parece achar que o maior problema de nossa cidade ( e talvez não deixe de ter razão) é a população de rua, e que basta recolher os mendigos para que todos os ânimos sejam acalmados e que a população ( a que não é de rua, embora ande na rua e a use mal) fique satisfeita. Concordo que nossos irmãos de rua não podem ficar a mercê da sorte e que alguma coisa deva ser feita por eles. Não apenas para tirá-los das ruas e escondê-los num "depósito" qualquer, mas que algo de efetivo seja feito. Por isso, pergunto: qual é o destino que essas pessoas têm ao serem "recolhidas"? Para onde elas são levadas e qual o tratamento ou ajuda que recebem? Qual é o plano de nosso prefeito para elas? Apenas tirá-las da vista de todos como que varrendo a "sujeira" para debaixo do tapete? É essa a sensação que tenho toda vez que vejo um ônibus "cata mendigo" parado na minha porta na rua do Catete. Dentro do ônibus vejo pessoas sentadas prontas para partirem para um destino que creio seja ignorado para elas como é para os bois quando vão para o matadouro. Gostaria muito de saber qual destino elas têm. Se recebem tratamento, alojamento, se são encaminhadas para emprego ou cursos profissionalizantes. Pois não basta tirá-las da rua num ato para "inglês ver" e depois deixá-las ao o prontas para voltarem para as ruas logo em seguida. Tenho experiência no assunto, pois já vivi essa situação de morador de rua e já usei os serviços da Fundação Leão XIII que na época ( anos 1990) eram péssimos e que nada mudaram nos últimos anos ( haja vista uma visita que fiz à uma unidade da Leão XIII no último natal, quando pude constatar que tudo continua muito parecido com o que eu vi e vivi), infelizmente. Por isso, quando vejo o "ônibus" não deixo de ficar preocupado quando o "destino" desses meus irmãos. E temos (eu e o pessoal da "Sopa das quartas-feiras") recibo relatos de moradores de rua que foram "recolhidos" em Copacabana e "soltos" na Dutra, entregues à própria sorte. Não posso afirmar que os relatos são verdadeiros ou não, mas também não posso deixar de denunciar. É preciso dar voz aos moradores de rua. Nosso sociedade precisa parar de vê-los apenas como algo que enfeia a paisagem, são pessoas, seres humanos vivendo um momento de exceção seja pelo motivo que for. Apelo para o lado cristão de todos nós: como Jesus nos ensinou, devemos nos voltar mais para o nosso próximo. E nesse dia do trabalho talvez nosso próximo esteja precisando de um emprego, um dos maiores motivos que levam um indivíduo para as ruas.
PS. - Quem tiver alguma resposta para as minhas indagações, não deixe de postá-las aqui. Ficarei muito agradecido.

abril 25, 2009

Aniversário da Connie


Hoje é o aniversário da Connie. Connie é uma paraense radicada aqui no Rio de Janeiro há muitos anos que, apesar de ser totalmente integrada à vida carioca, é daquele tipo de pessoa que não esquece suas origens. Isso a torna, acima de qualquer coisa, uma embaixadora do Pará, seu estado de origem e que ela faz questão de estar sempre lembrando em suas conversas: seja sobre o Círio de Nazaré, seja sobre as comidas, os costumes, as crenças daquele pedaço da floresta amazônica, seja sobre os familiares que lá deixou e que visita sempre que pode. Além de tudo Connie é gente de teatro, tem aquela alma mambembe própria da classe, passeia por todos os assuntos, flerta com o sobrenatural, professa uma fé inabalável na vida. Não bastasse tudo isso, é minha companheira na "Sopa das quartas feiras", onde mostra sua alma caridosa, sua dedicação aos menos favorecidos, tratando a todos com carinho, respeito e atenção. Obrigado, Connie, em meu nome e em nome de todos aqueles aos quais você dedica seu tempo. Deus te dê em dobro e te proteja sempre. Feliz aniversário!
Viva a Connie! Ela merece!

PS. A Eloisa também assina.

março 08, 2009

Beato Zé Miguelin, a minissérie.

Por volta do ano de 1990, quando eu praticamente tinha acabado de chegar ao Rio de Janeiro, vivi uma situação bastante complicada financeiramente ( fato que narro no meu livro, No olho da rua), mas também bastante fértil no que diz respeito ao meu lado de escritor. Nesse período escrevi o monólogo "Saudades da China", onde conto a história de José da Silva Severino, um migrante nordestino que vem para o Rio de Janeiro em busca de "melhores condições de vida" e acaba se transformando num traficante de drogas; escrevi também a peça infantil "Juca e Bilo em busca de uma grande aventura", que narra as peripécias de dois garotos em busca de aventura numa cidade do Rio de Janeiro caótica; além de "Vestida para o baile" , peça adulta que conta história de uma romântica dona de casa que após o casamento tem que lidar com a paraplegia do marido, vendo seus sonhos de uma vida feliz irem por água abaixo. Nesse período escrevi nada menos que uma minissérie, essas novelas curtas que são apresentadas na televisão. Além de ser ator, sempre gostei de escrever. E esse gostar de escrever passa também pelos roteiros para televisão e cinema. Tenho muitas sinopses para filmes e novelas que, infelizmente, não consigo mostrar aos canais de televisão ou produtores de cinema. Esse meio é muito fechado, só trabalham aqueles que têm QI ( quem indica) e eu não possuo esse atributo. Mesmo remando contra a maré, resolvi escrever a minissérie "Beato Zé Miguelin", em 20 capítulos; a história se passa no interior de Minas e fala de um garoto que nasce muito doente e sua mãe faz uma promessa que se ele for curado dedicará sua vida ao sacerdócio. Ele se cura e a mãe o entrega a um padre para ele o encaminhe para o seminário, esse padre envolve-se em questões políticas contra um coronel local e é transferido, passando a incumbência para o novo padre de chega. Esse novo padre entende que o garoto não vai ser padre por sua escolha e sim pela vontade da mãe e por isso decide que ele não irá para seminário, criando um sério problema. O garoto que passou a vida toda convencido de que seria padre se vê perdido e acaba se transformando num beato que, segundo muitos, faz milagres. Seus milagres incomodam a igreja e o coronel local, que sente o dono da cidade, causando um embate entre o bem e o mal.
Mas agora vem a pergunta que não quer calar: por que estou falando disso? É que outro dia encontrei a tal minissérie perdida nos meus guardados e resolvi relê-la e fiquei assustado de ver a sua qualidade. Modéstia à parte, muito melhor que muitas histórias que vemos hoje em nossa televisão. Autores cheios de tiques e manias, penando são verdadeiros dramaturgos ou filósofos gregos e nos apresentam histórias chinfrins e sem contacto com a realidade. É verdade que lendo a minha minissérie, escrita nas dependências da extinta rádio Continental, onde eu trabalha na produção de um programa na parte da manhã e passava o resto do dia escrevendo os capítulos, disputando as poucas máquinas de escrever com os jornalistas que ali trabalhavam, noto que ela foi escrita um pouco (ou muito) sob influência do realismo fantástico do Dias Gomes e do Aguinaldo Silva, que imperava na época, mas nada que tire seu valor. Afinal, quem não sofreu influências nessa vida? Quando olho para trás, acho tudo isso uma grande aventura. Eu era muito louco. Nesses anos só mostrei esse trabalho para o José Louzeiro, ele fez algumas anotações, mas não creio que tenha lido ou se interessado. Gostaria de ver essa minissérie no ar um dia, ainda que fosse numa produção simples e num canal obscuro. A história do Beato merece ser vista.

janeiro 01, 2009

Feliz 2009!

Hoje é o primeiro dia de um ano que se inicia. Normalmente colocamos no novo ano todas as nossas esperanças e desejos. Acreditamos que teremos tempo de realizar tudo o que desejamos, só esquecemos que o ano tem, em média, 365 dias. Não é tempo suficiente para realizar tantos desejos. O que fazer então? Apenas viver o ano levando em conta as prioridades, aquilo que realmente é importante para nós. Sei que é difícil decidir entre tantas coisas, mas esse é o desafio do ano que se inicia e provavelmente sempre foi o maior desafio de nossas vidas: fazer escolhas. É aí que pedimos a ajuda do alto; que Deus nos ilumine para que nós possamos fazer as escolhas certas dentro daquilo que vai nos guiar rumo a uma vida melhor, rumo a um mundo melhor. O mundo só ficará melhor o dia que nós melhorarmos. Não adianta reclamarmos do mundo se nâo procuramos melhor a nós mesmos. De nada adianta sairmos em passeata pelas ruas pedindo paz, se no nosso interior estamos travando a mais sangrenta das guerras. Que a nossa maior prioridade em 2009 seja pacificar os nossos corações. Feliz 2009 para todos!