Pesquisar este blog

julho 17, 2010

Amizades interrompidas

      Hoje,17 de julho, um sábado, o dia amanheceu chuvoso no Rio de Janeiro. Nada de se surpreender, há dias o tempo anda meio assim mesmo; chuva e um frio que convida ao recolhimento. Nada melhor nos dias frios do que ler e pensar. E pensando fui dar naquele recanto da mente aonde ficam guardadas nossas lembranças; algumas boas e felizes, outras, nem tanto. Entre elas, a lembrança daquelas pessoas que passaram pela minha vida e que hoje não vejo mais, das quais não tenho notícias se estão vivas ou mortas, se estão bem ou se passam por algum problema. Pessoas que em algum momento da minha vida estiveram muito próximas de mim, fosse por motivo de trabalho, moradia, amizade ou mesmo envolvimento amoroso.
     Não sou nenhum "Matuzalém", mas já vivi o bastante para já ter me despedido de muita gente. Algumas, aquelas que a morte levou, que vejo apenas em sonho ou verei num futuro que acredito esteja distante, e aquelas que, embora continuem "vivinhas da silva", não vejam e , provavelmente, não verei mais. Algumas foram por decisão própria. Em algum momento, por um motivo ou outro, eu (ou elas) decidi que não as veria mais. É, isso acontece. Às vezes as amizades tomam caminhos muito estranhos e é preciso que se coloque um ponto final, da mesma maneira que a gente bota um ponto final num relacionamento amoroso, mesmo ainda amando (ou pensando que ainda ama) aquela pessoa. Na amizade isso também acontece. Amizade é um relaciomento como outro qualquer. Quando se percebe que os objetivos não estão pelo menos parecidos, quando  há muita divergência de opiniões e atitudes, é preciso pensar se está valendo a pena mantê-la ou se é mais prudente um rompimento, um afastamento temporário ou definitivo.
     Sei que parece estranho eu estar falando assim, mas é justamente o que acontece. Comigo já aconteceu várias vezes. Não foram poucas as vezes que tive que tomar a decisão de me afastar de um amigo ou amiga cuja a amizade não estivesse sendo correspondida da maneira que eu desejava. É possível que você esteja pensando: "Nossa, que cara egoísta!" Não acho que seja egoísmo querer ter um relacionamento saudável, baseado no respeito mútuo. Tal como nos relacionamentos amorosos, é justo querermos ter nossos sentimentos correspondidos. Por isso, sou da opinião que devemos nos afastar daqueles que não correspondem às nossas expectativas, que nos magoam, chateiam e aborrecem com suas amizades fingidas, interesseiras e até desleais.
     Mas... Tudo tem um "mas". E lá vem ele: mas ninguém é de ferro. Tem dias que bate uma saudade, um arrependimento de não ter tentado mais, de não ter dado uma última chance... Hoje é um daqueles dias. Estou pensando naquelas pessoas das quais, por um motivo qualquer, eu tive que me afastar. É para elas que quero falar. Não vou citar nomes, afinal foram tantas. Pessoas de todos os lugares onde vivi. Falo também daquelas das quais eu me afastei meio como aquele marido que foi comprar cigarros e nunca mais voltou. Talvez dessas eu sinta mais saudade, porque não houve um motivo para o afastamento. Eu apenas atravessei para a outra margem do rio, prometendo que voltaria sempre que desse, e nunca mais voltei. Pelo menos não voltei até agora. Para elas, desejo tudo de bom. Quem sabe um dia ( nesta vida ou em outras vidas) possamos nos reencontram e refazer juntos esse caminho interrompido? Caminho que de qualquer forma teremos que fazer um dia. Apenas adiamos. Até lá fica a saudade e uma sensação de que era preciso ter tentado mais.

Deus os proteja.

julho 11, 2010

Caso Bruno do Flamengo ou a queda de um anjo.

     Todo mundo sonha em ficar rico e famoso, ganhar muito dinheiro e se tornar um vencedor na vida. Existe alguma coisa de errado nisso? Não. Não existe nada de errado em querer o melhor para nós e, aliás, todos devemos pautar nossas vidas exatamente por esse lado: desejar o melhor e lutar por isso. Analisando, num primeiro momento, a história de vida do goleiro do Flamengo, Bruno, é isso que vemos, não é? Dá até para imaginar ele criança sonhando com o dia em que, adulto, defenderia a camisa de times como o Corinthians e o Flamengo. Ele conseguiu. Ele chegou onde, embora todos sonhem, poucos (muito poucos) chegam.
     Dando asas à nossa imaginação podemos pensar que ele estaria feliz da vida vivendo num verdadeiro oásis, longe dos problemas que nós, simples mortais, vivemos. Nada disso. Clichê ou não, dinheiro e fama não trazem felicidade. Como diria o poeta, também mineiro, Carlos Drumont de Andrade, havia uma pedra no meio do caminho. Em sua corrida para cima e para alto, o jogador não viu, ou não quis ver, a pedra. Ou teria ele mesmo criado a sua pedra de tropeço? Nesse caso  "a pedra"  não é necessariamente um caso amoroso fortuito. A pedra é a vaidade que toma conta daqueles que são bafejados pela sorte, os escolhidos. Como os reis do passado, eles passam a se sentirem como verdadeiros enviados de Deus, quando não se sentem, eles mesmos, deuses ou semideuses.
     É sobre isso que eu quero falar. Não cabe a mim dizer se esse rapaz é culpado ou inocente. Esse é um problema da policia e da justiça. O que quero falar é sobre o lado espiritual da questão, os nossos passos na terra. Não acredito que nasçamos todos com nossos destinos previamente traçados, com tudo determinado; esse vai ser bom, justo e honesto; aquele vai ser um assassino cruel. Nada disso. A cada vez que nascemos aqui na terra meio que zeramos nossos erros passados e assumimos o compromisso de sermos mehores. Nascemos todos marcados com o amor de Deus em nossos corações.
     Durante algum tempo somos educados por nossos pais  ou responsáveis, mas um dia crescemos e passamos a ver a vida com os nossos próprios olhos, a andar com nossos próprios pés, a ser guiados por nossa própria cabeça. E aí que nossa personalidade vai falar mais alto, pois quase sempre a impomos aos outros. Nesse momento podemos confirmar o compromisso de seguir nossa escalada para a luz (o conhecimento, o entendimento) ou se vamos repetir os erros das vidas passadas.
     Eu sei que falando assim tudo parece muito fácil. É claro que não é. As coisas não acontecem de maneira clara, tudo as vezes é muito subjetivo. Depende muito do nosso adiantamento moral e espiritual para entendermos as "entrelinhas" dos acontecimentos. E coube a esse rapaz um dos, digamos, carmas mais difícil: o da facilidade com o dinheiro, fama e prestígio. Muitos usam esse benefício dado por Deus para construir uma vida digna e admirável, mas outros capitulam atraindo para si energias destruidoras, pessoas interesseiras, infladores de ego. Diante disso, somado com seus próprios defeitos, a queda é certa.
     Como falei no início, todos desejam fama, dinheiro e poder, mas poucos sabem lidar com isso. Por isso, além de fama, dinheiro e poder, devemos desejar também ter sabedoria para saber lidar com eles para que não nos sirvam de queda.

Bom domingo e que Deus nos proteja a todos, com alegria.

julho 10, 2010

Hora de mudança

     Todos nós, em algum momento de nossas vidas, somos ou fomos influenciados por alguém. Em muitos casos essa influência foi tão forte que chegamos a confessar que seríamos iguais àquela pessoa quando crescêssemos. Essa pessoa pode ser o pai, a mãe, a professora, o artista famoso, o padre da paróquia, o músico da praça, ou seja, qualquer pessoa que  tenha despertado em nós algo de mágico, de inexplicável que costumamos chamar de admiração.
     Muitos de nós pautamos nossas vidas nesse algo mágico e passamos a viver em função daquilo. O filho do advogado ou médico que quis ser como o pai quando crescesse tudo fez para seguir os passos do seu modelo e assim aconteceu (ou acontece) com todos os outros. O menino que admirava o padre e quis seguir seus passos foi em busca de seus sonhos. Todos tentamos seguir o nosso modelo.
     Porém, o tempo passou. Muitos sonhos se tornaram realidade e outros não. Meninos que sonhavam com a medicina hoje são médicos, ou quem sabe?, são pacientes. O sacristão pode ser hoje um bispo, mas também pode ter se tornado um ateu convicto que jura que Deus não existe. Tudo pode ter acontecido, tudo pode acontecer. E pode ter chegado a hora de rever o modelo, rever os planos que traçamos para as nossas vidas. Porque, o tempo  passa. Nós mudamos. E como mudamos, não é? Chegamos a ficar irreconhecíveis para nós mesmos. Isso não significa que pioramos. Muito pelo contrário, acredito que sempre melhoramos, mesmo quando não realizamos ou cumprimos os planos que traçamos para o nosso futuro. Planos que muitas vezes nem eram nossos. Eram influências e até uma forma de agradar aqueles que nos eram caros, uma forma de mostrar o quanto os amávamos.
     Só que nós crescemos. Hoje adultos olhamos para traz e tentamos recuperar as pegadas daquele (a) garoto (a) que agora só existe dentro de nós. As pegadas foram apagadas pela ação do tempo e não há como voltar atrás e o que nos resta e criar novas pegadas, criar um novo caminho e por que não mudar o modelo que seguimos até agora? Não importa se deu certo ou não, se fomos até certo ponto, se desistimos no meio do caminho. Ah!, e tiveram aquelas barreiras intransponíveis, aqueles acidentes de percurso. Não importa. Que tal se refizéssemos todos os planos, que reformulássemos as nossas vidas seguindo os ditames do nosso coração evitando qualquer influência externa, ouvindo apenas a voz da nossa alma? Assim poderíamos ver o médico decidir virar carpinteiro; o padre converter-se ao espiritismo, sem deixar de ser padre; o judeu render-se ao catolicismo e aceitar Jesus como o filho de Deus, o Messias; o professor virar um dançarino. Tudo é possível.
     O que não podemos é ficar presos a antigos conceitos e fórmulas que não funcionam mais ou que já deram o que tinham que dar. É claro que também acredito que muitos tiveram a sorte e acertar nas suas escolhas e foram ( e são) felizes para sempre. Felicidade existe. Mas até os felizes também gostam de trilhar novos caminhos, criar novas pegadas.

julho 04, 2010

Pequenos gestos.

     Outro dia, do alto da minha janela, assisti a uma cena que me fez pensar. Não se tratou de nenhum atropelamento, assalto, briga, tumulto, ou coisa parecida. Simplesmente uma mulher, aparentemente jovem, tirou da bolsa e começou a desembrulhar o que, provavelmente, seria um lanche. Logo pensei que ela iria jogar todo o material descartável pelo chão e partiria como a mais justas das mulheres. Cheguei mesmo a esboçar uma certa indignação: " Olha, que porca! É por isso que a cidade está tão suja." Mas, felizmente, queimei a língua. O julgamento foi apressado. Ela caminhou calmamente até uma lixeira e ali depositou o lixo que eu pensei que  jogaria na rua, demonstrando para mim que era uma cidadã civilizada e comprometida com a limpeza e organização da cidade onde mora.
     Ato simples e que deveria ser corriqueiro em nossa cidade, mas que, infelizmente, não é. Por isso, atitudes como a daquela moça acabam despertando uma certa admiração: "Nossa, ela é educada. Sabe que lixo é para colocar na lixeira. Que maravilha!" Talvez até merecesse ser condecorada com alguma medalha ou mesmo ser aplaudida de pé pelo seu ato.
     Brincadeira à parte, as pessoas continuam tratando nossa cidade como uma lixeira a céu aberto, ignorando qualquer apelo ao bom senso e à educação. Principalmente nesses dias de copa do mundo. Em nome de uma euforia, muitas vezes descabida, suja-se as ruas, polui-se o ambiente, sem culpa. Afinal, estamos (ou devemos estar) felizes. Depois os garis da Comlurb vêm e faz a limpeza. É o que, creio, pensam os que sujam por todos os lugares por onde passam.
     Está mais que na hora de todos nós nos conscientezarmos de que somos nós os responsáveis por uma cidade mais limpa e ordeira, que somos nós os responsáveis por um mundo melhor. Depende de cada gesto nosso, por menor e mais insignificante que seja, que esse planeta fique melhor. E que nossas atitudes não podem ser de um momento apenas, mas de todos os dias. A cada manhã quando acordamos temos que refazer o compromisso de fazer a nossa parte na melhoria desse mundo e isso inclui a limpeza de nossa cidade.
     Não conheço aquela mulher que vi pela janela de minha casa tendo uma atitude civilizada para com sua cidade, mas acredito que é de pessoas assim que o mundo precisa; pessoas que anonimamente fazem o seu papel de exemplo a ser seguido, porque a qualquer momento podemos estar servindo de modelo para os outros e todos queremos ser bons exemplos, não é?
    
    

junho 26, 2010

Nadando contra a corrente.

      "Nadando contra a corrente só para exercitar... ", canta o saudoso Cazuza em uma de suas memoráveis músicas. Contestações à parte, você, caro leitor, vai concordar comigo que nem sempre, nadar contra a corrente, é apenas um exercício bom para criar músculos. O poeta queria mesmo era falar das dificuldades que encontram aqueles que insistem em nadar contra a maré, quando o mais fácil, e mais comum também, é ir a favor da onda, de preferência, sem fazer muito esforço.
     Você deve estar se perguntando: "onde esse cara quer chegar com esse papo?" Não pretendo ir muito longe, pode ficar descansado. O que quero é falar daquele exército que todos os dias somos obrigados a enfrentar para poder continuar acreditando nas coisas que acreditamos. Falo de pessoas como eu e você que temos, ou procuramos ter, um comprimisso com o bem, a caridade, o amor ao próximo (aquele mesmo que Jesus nos ensinou), o respeito à vida, a tolerância às diferenças (opção sexual, cor, credo religioso, nacionalidade, time de futebol, classe social...)e tudo o mais que faz de nós pessoas dignas de compartilhar esse mundo.
     O exército do mal está sempre em ação seja na forma de um pedestre ou usuário de rua (leia-se camelô, transeunte ou morador de rua) sujando-a, um adulto maltratando uma criança, um motorista de ônibus negando-se a parar para um idoso, um guarda, em nome da boa ordem pública, apreendendo a mercadoria de camelôs que afirmam estar nas ruas trabalhando para conseguir o sustento da família, um motorista avançando o sinal sem se preocupar com o pedestre, descaso, abandono, depredações do patrimônio público e privado, manchetes de jornais anunciando golpes e mais golpes de políticos e bandidos engravatados, chuvas que inundam, invadem casas e matam; tudo, enfim.
     A cada passo somos colocados à prova, como se perguntassem em tom de zombaria: "e aí, você ainda vai insistir em bancar o bonzinho"? Mesmo com tudo isso é preciso continuar firme no propósito de ver esse mundo cada vez melhor. Apesar da sensação de estarmos "nadando contra a corrente", o importante é não desanimarmos. Vale a pena continuar nossa luta. Não podemos desistir. Já pensou o número de vidas que gastamos nos capitulando a cada problema, deixando que o exército do mal vencesse e até mesmo fazendo parte dele? É melhor a gente não pensar muito nisso, não é? Perdemos muito tempo do outro lado, agora não podemos deixar essa chance passar; a chance de lutar por um mundo melhor.
     Quando vejo pessoas fazendo apologia do mal, dizendo que sou um bobo em ficar fazendo caridade, penso que também já fui assim, também já tive vergonha de fazer o bem (nessa e em outras vidas) por poder parecer fraco ou bobo. Por isso, apesar de tudo, sou tomado de piedade e peço a Deus que eles também acordem para uma nova visão da vida; aquela onde enganar, passar na frente dos outros, humilhar o seu irmão mais fraco, passar por cima dos sentimentos dos outros e trapacear são apenas sinais de fraqueza.

junho 19, 2010

Quem não ama não sofre.

     Sei que pelo título você pode imaginar que o blogueiro que vos fala foi flechado pelo Cupido (nossa! isso ainda existe?) e está aqui, completamente apaixonado, pronto para falar do amor que ora traz no peito. Êpa! Não é bem por aí. Arcaísmos à parte, o título é apenas o mote para eu falar de um outro assunto: aquelas pessoas que vivem sem nunca se entregarem de verdade nas coisas que fazem, com a velha desculpa de que não querem se envolver,com isso nunca se entregam apaixonadante a nada. Toda vez que são chamadas a participar, a dar a sua opinião, se esquivam e saem pela tangente.
     É bem verdade que com isso nunca ficam mal com ninguém e nem se envolvem em situações difíceis. Elas chegam a ser consideradas pessoas sensatas, de boa convivência e até boas amigas. Mas, espera aí, você, de verdade, falando sério, gosta de ter esse tipo de pessoa por perto? Olha, não vale ficar em cima do muro, bancar o "Poliana" (outra expressão antiga). Pensa direito, reflita. Sem querer conduzir a sua resposta, acredito que, no fundo, você prefere pessoas que tenham opinião própria, posição definida e que, elegantemente, digam aquilo que pensam. Mesmo que suas opiniões e ideias não sejam exatamente aquelas que as pessoas à sua volta esperam dela, mas que refletem, de maneira fiel, o pensamento delas.
     Particularmente falando, acredito que conviver com pessoas que têm posição definida, que se posicionam claramente diante das coisas, é muito mais fácil. Não sou chegado a ambiguidades. Gosto de clareza de pensamento, firmeza de atitude.
     Falo sobre isso, porque ultimamente tenho tido a falta de sorte de conviver com pessoas que não primam por falar ou fazer aquilo que realmente querem fazer ou falar. Vocês não imaginam como é difícil esse tipo de convivio. Chega a ser desesperador. Até porque ninguém precisa ser advinho para notar quando uma pessoa está sendo franca e honesta ou falsa e dissimulada, não é? Pessoas que acreditam que, por não assumirem nenhuma posição diante das coisas não vão se estressar, arrumar inimigos ou coisa do gênero. Até aí nada demais. Mas será que vale a pena viver dessa maneira  acreditando que quem não ama não sofre? Acredito que esse tipo de pensamento vai contra o princípio da vida: ao nascer assumimos todos os riscos possíveis. É claro que não vamos sair por aí dando nossa opinião sem que ela seja pedida ou
necessária, mas vamos deixar registrada nossa opinião sempre que possível.

junho 13, 2010

Você usa seu lado "b" com frequência?

     É comum ouvirmos no nosso dia a dia alguma pessoa dizer que, em determindada situação, foi obrigada a usar o seu lado b. Quer dizer, ela foi obrigada a lançar mão de atitudes consideradas politicamente incorretas para fazer valer a sua vontade ou mesmo se livrar de certa situação. Esse tipo de conversa geralmente parte de pessoas que se consideram boas, honestas, gentis e tudo o que manda o figurino no quesito "gente do bem" e que só tomam essas tais atitudes em situação muito extrema, em casos de vida ou morte.
     Será que isso é mesmo verdade? Esse nosso tal lado b ( se é que você tem esse lado, coisa que eu espero ser apenas uma deformação de "outras"  pessoas e que você, caro(a) amigo(a), esteja livre disso) só aparece mesmo nessas horas? Não estaremos usando essa desculpa para mostrar a pessoa que nós somos na realidade? Ou seja, no fundo somos verdadeiramente pessoas "lado b" e ficamos fingindo que somos humanos, educados e gentis para esconder nossa cara feia, nossos maus hábitos, nossas grosserias? Calma. Não estou aqui para julgar ninguém. Não tenho a intenção de provar que somos todos uns falsos e que o mundo está mesmo perdido, que nada mais tem jeito. Não é nada disso.
    Pois não é que dia desses me peguei usando essa expressão? Afirmei, para meu próprio espanto, que havia usado meu lado b ( e realmente o fiz)  para me safar de um colega de trabalho que tinha tentado me prejudicar. Só então tive consciência do que  fiz. Simplesmente, atencipei-me ao tal "colega" e desarticulei a intriga que armara contra mim.
     Para isso, tive que deixar de lado meu eterno "deixa prá lá" e partir para o ataque. Na hora deu até um sabor de vitória, mas depois fiquei com um grilo na cabeça: e se eu acabar gostando desse tipo de atitude e virar um eterno lado b? Já pensou? Afinal não me faltam oportunidades no meio em que trabalho e vivo. Não faltam oportunidades na nossa vida toda para "chutarmos o pau da barraca" e partir para a guerra, não é mesmo?
     Por isso fiquei muito espantado com a minha atitude. É bem verdade que eu não sou nenhum anjo, mas daí a sair para a briga... Graças a Deus, a coisa não rendeu além do que merecia e eu pude voltar à minha vida, digamos, normal: um cidadão ciente dos seus deveres e disposto a fazer uma forcinha para que o mundo, pelo menos à sua volta, não vire um verdadeiro "lado b".  Deus nos livre a todos.