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setembro 14, 2009
setembro 13, 2009
A discípula de Janete Clair.
Com o final da novela Global, Caminho das Índias, muito tem-se falado do fato da autora da novela, Glória Peres, ser uma autêntica seguidora ou discípula da "chamada" mestra Janete Clair. Fato que tem seu lado de verdade, pois se sabe que Glória Peres começou a escrever novela justamente assessorando Janete Clair em sua última novela, Eu prometo. Dela herdou a forma pouco clara de desenvolver suas tramas, sempre optando pelas soluções que deram a Janete a fama de desvairada e alienada da realidade que o país vivia nos anos em que a autora escreveu seus maiores sucessos. Discussões a parte, não pretendo julgar os motivos que levavam Janete Clair a optar por tramas fantasiosas quando o Brasil não estava para fantasia, principalmente no que dizia respeito a liberdade de expressão. O caso que essa semelhança entre as autoras, que eu acho que não é tão grande assim ( Glória usa muitos elementos da realidade em suas tramas) tem sido motivo para "perdoar" os inúmeros "erros" que Glória Peres cometeu em sua trama. Para mim, a sequência da morte do Raul, embora é preciso lembrar que se trata de uma boa trama, mostrou o quanto a autora se faz valer de maniqueísmos para desenvolver sua história. É bem verdade que a realidade está cheia de gente capaz de atitudes até muito mais absurdas do que tramar a própria morte, mas vamos pensar direito, aquela história do caixão não ser aberto, o atestado de óbito ser assinado por uma médica falsa, as pessoas contratadas para participar da trama (os carregadores e etc.), a atitude da viúva, tudo muito estranho. Eu também escrevo e sei que a gente não pode ser tão realista o tempo todo, as vezes é preciso dar asas à imaginção, mas tudo tem limite, muita gente ainda vê novela como algo muito próximo da realidade e na falta de melhor informação toma aquilo como verdade. E o pior de tudo é que quando essas tramas vão ser solucionadas no final da história é que se percebe o quanto elas estavam distantes da realidade. Tem soluções simplistas, deixando o público com a sensação de que esteve se enganando ao seguir a novela. Quase todas as tramas beiravam o absurdo. O núcleo dos indianos, muito bom no início, mostrou-se repetitivo e expôs as chagas da cultura indiana, cheia de preconceitos no que diz respeito às mulheres e distante da realidade nossa de cada dia. Não ficou claro como vivem os indianos, o que eles comem. como dormem, tomam banho, lavam suas roupas. Coisas boas como a violência nas escolas, ficaram devendo um desenvolvimento maior, em favor de outras tramas mais palatáveis como a da Norminha e seu "guardinha". Isso sem falar do Bahuan o herói sem atos heróicos. Creio que nesse quesito a Glória invou ao criar um herói individualista e que não se sacrificaria seus sonhos nem pela mulher amada e nem pelo seu povo. Afinal, herói de que? Soube que Glória não cria escaletas para escrever, ou seja, ela não faz um planejamento do desenvolvimento da trama e que segue sua intuição, além de escrever sozinha. Tudo muito admirável, aliás a Glória Peres é uma grande mulher, com uma história de vida cheia de lances de superação, mas um planejamento da trama resolveria certas inconsistências.
Glória Peres fica devendo uma trama que não seja sobre uma cultura e suas amarrações que obriga a autora a escrever seguindo um manual do tipo pode isso, não pode aquilo. Quero ver Glória Peres contando uma história de verdadeira ficção, onde fique claro seu dom inventivo. Isso quase foi possível com a trama da família Cadore e seus agregados. Faltou acreditar na trama e escrever uma novela só com eles. O lado dos indianos foi puro manual, como aliás já tinham sido os ciganos em Explode Coração e arabes em O Clone. Nada além do manual da cultura em questão.
agosto 02, 2009
Lixo nas ruas
Eu morro na rua do Catete e faço o trajeto do número 66 até o 347 todos os dias cerca de quatro vezes, sempre a pé. Quem conhece a referida rua, sabe que não é um trajeto fácil de fazer dado ao movimento de pessoas e veículos que transitam nela, isso sem falar dos camelôs, ambulantes e afins e mais nossos amigos moradores de rua, além do mau uso que os comerciantes fazem da rua. Apesar de tudo isso, não tenho grandes reclamações a fazer. Afinal, preciso, como qualquer ser humano, ter um pouco de tolerância, aceitar alguns defeitos do outro. Ninguém é perfeito, muito menos o mundo é perfeito. Mas tem uma coisa que me tira do sério: pessoas que jogam lixo na rua. Quase perco a paciência. Dá vontade de partir para briga toda vez que vejo alguém jogando lixo na rua. É difícil me controlar. Principalmente porque, justiça seja feita, a rua do Catete, aliás, toda a cidade do Rio de Janeiro, é muito bem servida de lixeiras. Não há desculpa para se jogar lixo no chão. É falta de educação, civilidade, respeito pela cidade e pelo outro.  Além de todas as outras implicações, vide as enchentes, que são de conhecimento de todos.  Não dá para entender o que passa pela cabeça de uma pessoa quando simplesmente usa a rua como lixeira. É algo difícil de digerir. O pior é que não depende da classe social para isso. Pessoas de todas as classes cometem esse "delito". Resta apenas, como consolo, o fato de termos uma empresa de limpeza urbano tão eficiente como a COMLURB. O que me faz pensar: Será que as pessoas sujam tanto é porque sabem que a Comlurb vai limpar em seguida?
julho 18, 2009
Irmã Zoé
Não sei exatamente por que, mas eu não a conheci. Nem sei se quando estive na rua ela ainda estava viva. O que sei é que seu nome corria de boca em boca entre os moradores de rua. Era quase impossível que um morador de rua não o soubesse de cor e já não tivesse se valido de sua ajuda. Creio que já disse aqui que todo morador de rua possui uma espécie de roteiro na cabeça, os lugares que procura por ajuda, uma espécie de roteiro de sobevivência onde a instuição de Irmã Zoé ocupa, sem dúvida, um lugar de destaque. Sei que você deve estar se peguntando: por que diabos ele está falando disso? Aí vai a resposta. Primeiro, porque também fiz parte daqueles para os quais o nome da Irmã Zoé era sinônimo de comida, roupa limpa, uma palavra amiga, enfim, coisas que os desamparados das ruas sempre procuram. Segundo, porque lendo o jornal O Globo no domingo, 12/07/2009, deparei com uma reportagem sobre o Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição, ou seja, a casa onde a Irmã Zoé trabalhava. Se por um lado fiquei contente pelo espaço que o jornal deu ao trabalho tão importante desta instituição, principalmente num momento de "choque de ordem", onde os moradores de rua ocupam o primeiro lugar no quesito "limpeza", a tal coisa "fora da ordem", por outro lado fiquei triste com a notícia da morte de Irmã Zoé (ocorrida em 2000) e da situação que as freiras que dão continuidade ao trabalho da instituição enfrentam. Sei que não posso fazer nada, pois sei da dificuldade desse tipo de trabalho através da "Sopa das quartas-feiras", onde também enfrentamos a dificuldade de receber doações. Apenas gostaria de registrar a importância desse tipo de trabalho e render uma homenagem a Irmã Zoé e ao Dispensário dos Pobres da Imaculada Conceição e pedir a Deus que elas possam continuar esse trabalho, não apenas bonito, mas acima de tudo, necessário, urgente. Que onde a Irmã Zoé estiver ela possa interceder a Deus pelos menos farocecidos. À ela, o meu muito obrigado.
julho 05, 2009
Um lugar chamado Ibiá
É provável que você nunca tenha ouvido esse nome: Ibiá. Nome de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, onde este que vos fala nasceu. Ibiá é como toda cidade, um microcosmo. Creio que toda cidade por menor que seja é assim: um lugar pequeno onde cabe de tudo. durante muitos anos Ibiá foi o mundo para mim. Eu acreditava que o mundo se encerrava ali. Tudo o que havia para além de suas serras era o desconhecido. Ibiá me bastava. Um dia, levado por uma curiosidade que agora acho natural, quis sair daquele útero, ou caverna, como queira. Cruzei fronteiras, deixei minha terra. No início voltava muitas vezes, depois as voltas foram se espaçando até que... Bem, até que não voltei mais. Faz uns quinze anos que não visito Ibiá. As vezes me pergunto o por que e não encontro resposta. Mas algo me diz para não voltar, deixando dormir na bruma do tempo as lembranças. Sonho com suas ruas por onde eu andava, suas casas, principalmente as que morei, as pessoas amigas, os parentes e aquelas apenas conhecidas, os bailes da Praça de esportes, a missa na igreja Matriz de São Pedro de Alcântara aos domingos às seis e meia da tarde, as barraquinhas, as festas juninas, as procissões, a semana santa, os velórios nas casas, os enterros pelas ruas, suas cachoeiras e côrregos, e tudo o mais. Confesso que tenho saudades. Lá deixei meus familiares, amigos e uma certa parte do meu coração.. 
julho 04, 2009
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