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março 19, 2016

O dilema de Maria.

Resultado de imagem para imagem de pessoa timidaMaria sempre foi uma pessoa solitária. Para começo de conversa, ela é filha única. Além disso, ela nasceu quando seus pais, casados há mais de quinze anos, já não pensavam mais em ter filhos. Foi um susto quando sua mãe descobriu que estava grávida,  Um susto e uma grande alegria, é preciso que se diga. Alegria essa que, de certa forma, acabou por sufocar Maria, pois sua mãe ( e o pai também) só faltava adivinhar as suas vontades.
Assim ela cresceu. Em casa, sempre ela e os pais; na escola, sempre calada no seu canto. Agora, por volta dos vinte e poucos anos, Maria quer muito conhecer pessoas, fazer amigos e, quem sabe, conseguir um namorado. 
Por isso ela resolveu enfrentar a sua timidez e anda tentando falar com as pessoas que encontra nos lugares que frequenta.  Mas ela tem encontrado muita dificuldade. Por um lado, é claro, por causa de sua timidez que a impede de estabelecer uma conversa longa ou de expressar suas opiniões. Por outro lado, porque ela andou descobrindo uma coisa que a deixou muito assustada.
Maria descobriu que, para conseguir fazer amigos, terá que mudar o seu jeito de ser. Foi uma colega de trabalho que falou isso para ela:
- Se você quiser fazer amigos, Maria, terá que deixar essa timidez de lado. Ninguém gosta de pessoas tímidas. Calada e quieta desse jeito, você nunca vai fazer amigos.
- Nem você vai querer ser minha amiga? - ela, timidamente, perguntou para a colega.
- Nem eu. - respondeu a colega, secamente.
Desde esse dia Maria não tem pensado em outra coisa: para ter amigos ela vai ter que mudar. E em sua cabeça isso significa virar outra pessoa, deixar de ser quem ela é. Essa descoberta foi muito dura para Maria. Ela não quer deixar de ser quem é e ao mesmo tempo não aguenta mais viver sozinha sem amigos, sem namorado.
E agora? O que Maria faz? .Muda e vira outra pessoa ou aceita viver sozinha para sempre? Vamos lá, minha gente. Vamos ajudar a Maria. Ela está precisando muito que vocês a ajudem dando-lhe algum conselho. Alguém se habilita?

Bom fim de semana.


março 13, 2016

"A regra" e o sucesso.

Quando do lançamento da novela, A regra do jogo, fizeram-nos crer que vinha aí um sucesso arrebatador, tão grande ou maior que o obtido pela novela anterior do autor, ou seja, Avenida Brasil. Isso fez com que o público criasse uma grande expectativa em relação à novela. Bastou vir o primeiro capítulo para que todos percebessem que a coisa não era bem assim. Tratava-se de uma novela árida, com personagens sem moral ou compaixão.
Até aí, nada demais. a vida está repleta de gente cruel e sem compaixão. Porém, uma novela precisa, antes de qualquer coisa, criar empatia junto a seu público. Ninguém liga a sua televisão para assistir a um produto que não o conquiste de alguma maneira seja pela aproximação ou pela repulsa. 
Talvez tenha sido a intenção do autor: mostrar ao público como o ser humano não mede consequência para conseguir aquilo que quer e, para isso, não hesita em matar, roubar ou destruir o que interponha em seu caminho. No entanto, o tiro saiu pela culatra e o que vimos foi um desfilar de incoerências e inverossimilhanças. Outro ponto normal em novelas, elas quase sempre são incoerentes e inverossímeis, mas tudo tem um limite. Chega um momento em que o drama vira uma comédia de erros e foi isso que aconteceu.
Independente de qualquer coisa, é preciso valorizar o esforço de todos para fazer um bom trabalho. Às vezes as coisas não saem exatamente com a gente pensa, mesmo em se tratando da Rede Globo de Televisão, do festejado autor, da melhor diretora de novelas do mundo, dos melhores atores do Brasil e por aí vai.
A lição que se tira de tudo isso é que não existe sucesso por encomenda. Ninguém tem a fórmula de fazer as coisas darem certo. O futebol está aí para nos lembrar que um time que ganha o campeonato num ano pode ser rebaixado no próximo ano. Assim é a vida. 
Só nos resta esperar pela próximo e torcer para que venham com mais humildade, escale o elenco certo e tentem de alguma forma chegar perto da alma do telespectador. Ele é o principal personagem desse história, agradá-lo é uma novela à parte.
Quanto a João Emanuel Carneiro, vai continuar sendo lembrado como o autor de "Avenida Brasil"., essa, sim, merecedora de todos os elogios.

Bom domingo.

março 10, 2016

O Opala Laranja.





 O Opala Laranja.





O Opala Laranja, que acaba de sair pela Editora Autografia, conta a história de Joel, um rapaz com quase quarenta anos de idade que vive como se fosse um adolescente irresponsável sem se preocupar com nada e causando sérios problemas para todos aqueles que convivem com ele: sua mãe, sua irmã. seu melhor amigo, seu patrão e, principalmente, à sua noiva, Verinha, que o ama acima de qualquer coisa e perdoa todos os seus deslizes. Como tudo na vida tem limite, chega um momento em que ninguém mais suporta as armações e trapalhadas de Joel e ele se vê obrigado a encarar a vida de frente. 

O Opala Laranja
Autor: Julio Fernando Moreira
Local de venda: Site da editora Autografia.


março 06, 2016

Não adianta pedir ajuda a quem não tem ajuda para dar.

Todos sabemos que viver em sociedade implica em aceitar as diferenças. Uns são mais fortes, outros mais fracos, alguns são ricos, outros muitas vezes não têm o mínimo necessário para sobreviver. Há os que gozam de perfeita saúde e os que enfrentam enfermidades, os que são felizes e realizados e os que são obrigados a aceitar a vida como ela é.
Muitos dizem que estas diferenças fazem parte da vida, mesmo sabendo que estão em desacordo com aquela máxima religiosa que diz que Deus criou a tidos iguais. Mito ou verdade, o que resta a todos é acreditar que, apesar de todas as inegáveis diferenças, possa existir uma coisa chamada solidariedade. O que, em tese, é o mais forte doar ao mais fraco para que todos possam completar a caminhada juntos.
Infelizmente, isso ainda é uma utopia. Estamos longe do dia em que os mais fortes, isto é, os mais ricos olharão com benevolência para aqueles que não têm o básico para viver. O que move o mundo é o dinheiro e o que vemos é aqueles que têm muito ambicionarem muito mais, mesmo sabendo que isso só faz aumentar o desequilíbrio da balança.
Insensíveis aos apelos, aos gritos dos que sofrem os mais ricos continuam vivendo suas vidas de luxo e ostentação. Foi-se o tempo em que se podia contar com o "lado cristão" das pessoas, a partir do "amai o próximo como a ti mesmo!. A teologia da prosperidade ensina que o importante é ter, ela não ensina seus seguidores a doar, a dividir, a amparar aqueles não gozam da mesma sorte.
Por isso, não adianta esperar ajuda de quem não tem ajuda para dar, de quem não tem a capacidade genuína de ser solidário. E isso não se refere apenas a ajuda financeira.  Essa ajuda pode ser um simples ato de abrir uma porta para um deficiente ou ajudá-lo a atravessar a rua. Também pode estar presente em atitudes de cortesia, gentileza que prestamos aos outros sem que haja mesmo necessidade.
E isso que se espera das pessoas: que elas sejam gentis sem precisar esperar que o outro clame por essa gentileza, que isso faça parte da natureza de cada ser humano. Do contrário, não adianta pedir ajuda a quem não tem ajuda para dar, a quem não traga a sementinha do amor ao próximo dentro de si. Com certeza, essa pessoa permanecerá insensível levando a sua vida egoísta e medíocre.

Bom domingo.

fevereiro 28, 2016

Maria Alice e o príncipe.

Maria Alice sempre tentou levar uma vida normal. Até porque era exatamente assim que ela se via: uma pessoa normal. Não era bonita, mas não se podia dizer que ela era feia. Também não era gorda, nem magra. Nem alta, nem baixa. Era simplesmente normal. 
E assim ela tentava levar sua vidinha sem muita ambição. Ah, ela não era rica, nem pobre. O dinheiro que ganhava como recepcionista de uma construtora dava para ela viver sem grandes apertos. O aluguel estava em dia, os cartões de crédito também.
O que mais ela queria? Ah, sim, ela queria encontrar um amor. Só que, contrariando todo o seu modo de viver, ela não queria viver um amor qualquer. Ela queria viver um grande amor, desses que arrebatam, tiram o ar, arrancam os pés do chão.
Quando pensava nesse amor, Maria Alice dava asas à sua imaginação. Sabe aquela história de príncipe encantado que chega montado num cavalo branco? Era assim que ela via esse grande amor chegando. Ela vinha do nada, invadia seu solitário quarto de pensão e ela partia com ele para viver o seu conto de fadas.
Como eu já disse, Maria Alice não era feia. Pelo contrário, ela era "bonitinha". E isso atraía alguns olhares, alguns convites para sair e até pedidos de namoro. Porém, ela descartava todos. Nenhum deles tinha as feições do príncipe que ela idealizava em suas noites solitárias. 
Assim o tempo foi passando e Maria Alice foi envelhecendo. Aos poucos os olhares, os convites para sair, os pedidos de namoro foram se escasseando até que ela foi ficando invisível. Passou a ser uma velhinha normal. Nem alta, nem baixa, nem gorda, nem magra... E o sonho de encontrar o príncipe encantado manteve-se intacto. Mesmo velha, ela continuava sonhando.
Um dia, Maria Alice, que em criança nunca lera um único livro, passou a ler histórias infantis: A bela adormecida, A branca de neve e muitos outros. E não é que nesses livros ela encontrou mocinhas tão sonhadores como ela um dia fora? Mais que isso, Maria Alice encontrou algo que a surpreendeu. Ela descobriu que o príncipe encantado muitas vezes pode ter sido transformado em sapo por alguma bruxa malvada e estar condenado a viver sob outra aparência.
Isso a fez recordar-se de todos os pretendentes que desprezou acreditando que eles não eram príncipes. 
- E se algum deles fosse um príncipe enfeitiçado? Eu perdi a chance de ... - pensou ela.
Esse pensamento a fez tomar a decisão de pensar em aceitar o convite para sair feito por um senhor muito simpático com qual ela encontrava todas as manhãs a caminho do parque. 
- Quem sabe ele é um príncipe disfarçado? - pensou ela.
Então, ela caminhou para o parque certa de que tinha um encontro marcado com seu príncipe.

Bom domingo.

fevereiro 25, 2016

O desprezo pelo outro.

Graças às redes sociais todos os tipos de preconceitos vêm sendo sistematicamente denunciados e isso é importante para que se combata cada dia mais esse terrível crime que é julgar uma pessoa pela sua cor de pele, religião, posição social, grau de instrução, raça e tudo o que se pode imaginar.

Apesar de as próprias redes sociais, muitas vezes, serem canais onde preconceituosos (quase sempre resguardados pelo anonimato) usam para disseminarem suas ideais de exclusão, elas representam um meio de "botar a boca no trombone", como se dizia no tempo das nossas avós. E isso tem sido feito e é bastante louvável. Não podemos mesmo assistir calados seres nascidos com os mesmos direitos serem tratados como menores por esse ou aquele motivo, essa ou aquela escolha.

No entanto, há algo que é tanto ou mais pernicioso:  o desprezo. Esse sentimento que não mostra sua cara, mas que está quase sempre presente nas relações entre patrões e empregados, ricos e pobres, políticos e eleitores. Fruto, geralmente, de uma relação desigual que se estabelece gerando opressores e oprimidos.

Aprendemos desde cedo que todos nascemos iguais, com os mesmos direitos e as mesmas obrigações. Infelizmente, a maioria acaba descobrindo logo que a coisa não é bem assim. O "mundo"elege os  privilegiados, aqueles que despeito do que quer que aconteça estarão sempre a salvo. O resultado é esse mundo de injustiças no qual vivemos. Os que estão por cima nutrem um certo desprezo pelos que não gozam da mesma sorte, dos menos privilegiados.  

Com certeza, o mundo seria um lugar muito melhor de se viver se não houvesse tanto desprezo e descaso. O exemplo maior é a falta de cuidado com nosso próprio planeta. Florestas, rios, mares são destruídos em nome do progresso, que nada mais é do que o enriquecimento fácil de alguns, gerando pobreza, fome e mortes em todo o planeta.

A impressão que se tem é que os mais ricos sempre acreditam que o dinheiro amealhado poderá salvá-los quando o planeta se tornar um lugar impossível de se viver. Haja vista, as tentativas de encontrar vida em outros planetas ou mesmo as aventadas viagens espaciais. Tudo isso é plano de fuga para quando o barco finalmente for a pique.

Ainda temos tempo de salvar esse planeta e a nós mesmos. Basta que passemos a olhar o outro como irmão, igual a nós, e o planeta como a nossa casa.

fevereiro 21, 2016

Os senões de "A regra do Jogo".

Resultado de imagem para imagens de a regra do jogoPassados cento e cinquenta capítulos já dá para fazer um julgamento sobre a novela das nove (ainda chamada das oito) da Rede Globo de Televisão. Anunciada como a salvadora da pátria quando da derrocada de sua antecessora "Babilônia" , a novela, logo de cara, não agradou. 

Alguns colocaram a culpa na história árida e violenta demais e mesmo nos baixos índices herdados. Não demorou para que se percebesse que não era nada disso. A história não era lá essas coisas todas mesmo e o excesso de segredos fazia (e mesmo em sua reta final ainda faz) com que a história fique totalmente emperrada. 

O autor (ou autores, ainda não consigo entender como uma novela precisa ter tantos autores se isso em nada contribui para sua qualidade e sucesso) está sempre vestindo uma saia justa, sem poder trabalhar ( pelo mesmo é isso que transparece) com a mesa liberdade que ele teve em sua outra novela, "Avenida Brasil".

O resultado é muita incongruência e disparate. Personagens são infantilizados e até mesmo imbecilizados, não conseguindo enxergar o óbvio. Parecem que todos agem como meros marionetes sem vontade própria ou capacidade de discernir entre certo e errado, verdadeiro ou falso.

Mudanças de rumo ocorrem sem explicação. Quer um exemplo: a manicure que sabia-se ganhar muito bem em seu ofício passou a ser garçonete num empreendimento de fundo de quintal sem nenhuma razão clara para que isso acontecesse. 

Isso sem dizer que o cenário, a tal favela da Macaca, é mero coadjuvante e os personagens poderiam estar em qualquer outro lugar não só do Rio de Janeiro, mas do universo. Nada se sabe da favela em si, a não ser personagens caricatos que também se encontram em qualquer lugar e sem nenhuma ligação explicita com a trama. É como se a história acontecesse num local onde todos estão mortos ou simplesmente não tomam parte do enredo. 

Além disso, falta fundamento para Gibson ser o homem que é. Sua insensibilidade em relação à família é algo que eu espero seja bem explicado. Do contrário, vou acreditar que os autores de novela da Globo apenas disputam que cria o pior vilão.

Outro que merece destaque é Romero. Difícil entender a patologia dele. Quer ser rico, viver do bom e do melhor (para isso é capaz de romper com a própria mãe e participar de sua morte), mas finge de pobre, ao mesmo que tempo que tenta convencer a todos ( e ai mesmo) que é bom. Sua prometida redenção sempre foi pura cascata. Um ser humano desses dificilmente pode se regenerar. Coerente apenas Atena. Essa, sim, apesar de não poder ser vista como vilã, a moça faz o que faz ´porque acredita no que faz.

O ensinamento que fica de tudo isso é que não existe autor ou história infalível. Se "Babilônia" não agradou não é  porque o Gilberto Braga e sua turma são maus autores, o motivo é outro. O público não aguenta mais histórias maniqueístas repletas de personagens nos quais não se possa identificar ou mesmo espelhar-se.  Fica a esperança que "Velho Chico" resgate o tempo em que os personagens de novela eram pessoas que você podia encontrar na esquina.

Bom domingo.