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junho 26, 2015

Preconceito: mais que fala, atitude.

É comum ouvirmos pessoas fazendo longos discursos contra qualquer tipo de preconceito. Algumas chegam mesmo a emocionar e convencer. Porém, muitas vezes tudo não passa de mero discurso retórico cheio de palavras bonitas, frases bem construídas, mas, infelizmente, ocas de qualquer significado na prática.
Talvez seja por isso que vemos crescer a cada dia as atitudes preconceituosas na nossa sociedade. As pedras atiradas na direção de um grupo de religiosos da linha do Candomblé e que atingiram uma garota de onze anos, não faz muito tempo, é prova disso.
Não tenho ciência se os atiradores de pedra tenham proferido palavras de insulto contra o grupo, apenas atiraram as pedras, ou seja, agiram. Pois é assim que o preconceito se manifesta: através das atitudes, das ações. Ao falarem, muito provavelmente, essas pessoas devem afirmarem-se contra o preconceito, mas ao agirem demonstraram exatamente o contrário.
Na hora em que é preciso provar o que afirmamos no discurso politicamente correto que fazemos questão de apresentar com pompa de circunstância por onde passamos a máscara cai e mostra-se a verdadeira face: o preconceito, a intolerância com quem é diferente de nós, com quem tem opções diferentes das nossas, com quem professa uma fé diferente da nossa,  tem uma cor diferente da nossas, um sexo diferente do nosso, uma idade de diferente da nossa, uma  condição social diferente da nossa.
Em suma, não suportamos o diferente. Agindo assim parece que estamos gritando o tempo todo que queremos um mundo onde todos sejam iguais, que pensemos e ajamos exatamente da mesma forma. É isso que as atitudes preconceituosas deixam transparecer. Mas será que um mundo de cheios de cópias de nós mesmos seria um lugar ideal para se viver?
Tenho a impressão de que não. Temos muito mais a aprender quando fazemos das nossas diferenças um meio para que nos conheçamos e nos compreendamos melhor. Se olharmos mais atentamente vamos descobrir que nem somos tão diferentes assim, que as diferentes opções encerram a mesma busca pela felicidade e que nessa busca não estamos lutando uns contra os outros. Muito pelo contrário.
Olhando mais um pouco veremos que até as religiões são muito parecidas e falam de um ser  supremo cheio de amor e misericórdia. Seja judeu, cristão, espírita,  muçulmano, budista. hinduístas não importa. O que precisamos é ter amor no coração e ver no outro alguém como nós: imperfeitos, procurando melhorar a cada dia.

junho 21, 2015

Remédio para todas as dores.

A oferta de remédio é grande. Basta ligar a televisão e eles estão lá gritando que têm a solução para todas as dores físicas que atrapalham a nossa vida. Alguns chegam a ser mais ousados e prometem dar um jeito também nas nossas dores espirituais.
Sabemos que é tudo promessa falsa. Eles não conseguem curar nem nossas cores físicas com suas drogas cada vez mais devastadoras que dirá as nossas dores da alma. Essas as drogas não podem dar jeito. Para curá-las precisamos, antes de tudo, abrir mão dos subterfúgios e das mentiras com as quais convivemos todos os dias.
Entre elas, a falsa ideia de que não se pode sentir dor. O que se prega é que antes mesmo que a dor venha, devemos mascará-la tomando esse ou aquele remédio. É como se vivêssemos eternamente tentando evitar sofrer. 
Será que viver é isso? Uma eterna e desesperada fuga do sofrimento? Por que evitamos tanto algo que sabemos ser a única condição para o nosso crescimento e descoberta das nossas próprias capacidades. Quando enfrentamos a dor e conseguimos superá-la nos sentimos mais fortes e capazes de encarar o que vem pela frente.
Por isso não devemos sair por aí tomando remédios, de que categoria forem, pensando que isso torna a vida mais fácil ou mais suportável. É claro que existem os remédios necessários para o bom funcionamento do organismo de algumas pessoas, não é desses que falo. Falo, sim, daqueles remédios que apenas entorpecem a dor por uns poucos momentos. Acabado o efeito a dor volta e, não muito raro, volta mais forte exigindo uma dose maior de remédio.
Tomar remédio que mascara dor, é querer enganar-se. Ou enfrenta-se a dor ou se faz algo realmente efetivo para livrar-se dela. Quase sempre, isso é uma questão de atitude física e mental. Se a dor é física, caminhe, movimente-se. Se a dor é do espírito, renove-se, mude seu padrão de pensamento. A chave pode estar aí. Deixe de se sentir uma casca de ovo, um cristal e passe a se ver com uma rocha resistente que aguenta sol, vento, chuva, calor, frio e permanece firme.
Não existe remédio melhor do que o pensamento firme, a fé, a confiança de que tudo sempre concorre para o bem. E esse remédio não custa nada além do esforço de se querer bem, de amar-se a si mesmo.

junho 13, 2015

Fé que discrimina.

Acredito que nunca se falou tanto religião como nos últimos tempos. E isso seria uma boa notícia, não fosse o motivo que tem levado a se tocar no tema com uma assiduidade quase acima do normal. O motivo tem sido, quase sempre, o ódio, a intolerância àqueles que professam uma fé diferente, aqueles que acreditam ou vivem de maneira diversa da que se convencionou ser a certa.
Em nome de Deus, entidade máxima das religiões, pessoas e grupos têm espalhado ódio e discriminação de uma forma assustadora. Os episódios envolvendo os muçulmanos na França não deixam dúvidas de que em nome da fé se promove barbáries.
Que fé é essa que não hesita em destruir o outro, que pratica atentados, que dissemina o ódio? Que fé é essa que prega a intolerância como caminho para chegar até Deus?
Antes, acreditávamos que esse era um problema dos outros, mas agora, com a visibilidade que algumas minorias vêm ganhando ( com justiça, diga-se de passagem) a coisa tem tomado outro curso. No Brasil, em nome de Jesus (não o Alá dos muçulmanos), tem-se levantado vozes contra tudo e contra todos que pensam de forma contrária à ordem vigente.
Fala-se em nome da família, em nome do povo. São pastores travestidos de políticos interessados somente nos votos que vão ganhar aparecendo na mídia dizendo absurdos. Um simples anúncio de perfume é motivo de polêmica. Parece que perdemos mesmo o senso ao falarmos em nome de um Jesus que veio ao mundo exatamente para acabar com as diferenças, que veio para nos fazer todos irmãos, filhos do mesmo Pai.
Se um homem vai dar presente no dia dos namorados para um outro homem, isso é problema deles. Independente da opinião de quem quer que seja, as pessoas trocam presente, tem relacionamentos homo ou héteros. É perda de tempo ficarem discutindo o que não lhes diz respeito.
O que diz respeito a um pastor é pregar a palavra de Jesus, e essa palavra é de amor e tolerância. Ao político cabe representar a vontade do povo. Somente isso. E não creio que o povo queira discriminar e disseminar ódio. O povo quer e precisa viver em paz. Que os nossos religiosos preguem o amor incondicional que Jesus ensinou e que os políticos, governem. O resto, é gente querendo ditar regras e suscitar diferenças. E disso, com certeza, não precisamos.

Bom domingo.

junho 07, 2015

O que é o sucesso?

Resultado de imagem para imagens de um palco iluminadoOutro dia, assistindo entrevista de uma famosa atriz de novelas tive a impressão de que estava diante de uma pessoa quase perfeita. Ela, não sendo exagerado, tinha solução para tudo, sabia de tudo, entendia de tudo. 
Durante a entrevista, ela, sem nenhuma falsa modéstia, deu verdadeiras lições de vida em frases como:" isso tem que ser assim, aquilo tem que ser assado". "Eu faço, eu prendo, eu arrebento." "Onde eu chego não tem tristeza, velhice não tem vez comigo". "Não gosto disso, não gosto daquilo".
É bem verdade que  eu conheço essa atriz de longa data e sei que seus rompantes chegam a beirar o exibicionismo e à falta de senso de ridículo. Por isso, eu poderia ter simplesmente mudado de canal ou desligado o aparelho, mas me senti impelido a continuar assistindo aquela demonstração de prepotência.
Terminada a entrevista, que por sorte não foi longa, fiquei encasquetado com tudo o que ouvi. As palavras da atriz continuaram na minha cabeça mesmo que eu fizesse esforço para não pensar nelas. Daí, comecei a racionar: o que leva uma pessoa, por ser conhecida, a se sentir no direito de ditar regras para as outras pessoas? O simples fato de ser uma atriz de sucesso (que ela mesma disse ter conseguido com muita luta, briga e mais o que se possa imaginar), dá a ela o direito de se achar num patamar acima das outras pessoas? O que é mesmo o sucesso?
Não acredito que seja somente estrelar uma novela na Globo e ser conhecida, por isso, no pais inteiro e até no exterior. Sucesso é algo muito diferente disso. Sucesso é fazer bem e com prazer aquilo que se gosta. É sentir-se satisfeito com o que se faz. Uma professora pode considerar-se uma pessoa de sucesso, se no final do ano ela perceber que seus alunos aprenderam aquilo que elas lhes ensinou. Um médico ao ver o seu paciente curado pode sentir a mesma sensação. E assim vai: pedreiro, padeiro, faxineiro, motorista, cozinheira. Todos podemos ser pessoas de sucesso sem aparecer na televisão e sem ditar regras para ninguém.
A culpa talvez não seja da atriz. Ela vive num meio que exalta pessoas como ela, ou seja, as pessoas que vivem de falar. Apenas falam. Basta se virem diante de uma câmera e de um microfone que dispararam a falar sem pensar no que estão dizendo. E, sobretudo, sem se sentirem obrigadas a ser coerentes.  Apenas dizem, mas não fazem. 
Provavelmente, num outro programa, esquecida das afirmações que fez, ela faça outras até opostas. Pelo jeito, o importante é ser polêmico e falar coisas que façam a audiência subir. Quando apagam as luzes do estúdio ou se vê na solidão de sua casa, é possível que ela queira muito acreditar e fazer o que diz para "chocar" o público. É possível que assistindo à própria entrevista ela pense: "que bom seria se eu fosse essa pessoa que fala na televisão".

maio 26, 2015

A queda de Babilônia.

Resultado de imagem para imagem de babiloniaNão, eu não estou falando da Babilônia da Bíblia e, sim, de Babilônia, a novela das nove da Globo. Depois de um primeiro capitulo, que eu classifiquei de impecável, a novela não resistiu à primeira cena do segundo capítulo. Ali, ficou claro que aquele joguinho infantil de duas vilãs não teria o menor futuro.
Além, é claro, do fato de que os autores (três, mais dez auxiliares. Nunca vou entender por que tanta gente para fazer algo que basta uma pessoa) resolveram abrir mão do maior trunfo de uma história que é o mistério - nesse caso seria o batido "quem matou", mas que sempre funciona - e mostraram a criminosa tirando a vida de seu amante por uma razão, digamos, fútil. Ou seja, todo mundo sabe o que aconteceu, o resto é pura especulação. Bola fora.
A partir daí, ela passa a negar o crime e a fazer conchavos para mantê-lo em segredo. Essa trama poderia funcionar num filme, numa minissérie de dez capítulos, não numa novela de duzentos capítulos. Isso qualquer um sabe, até os que não sãos autores de novela. Estranho que alguém com a experiência de um Gilberto Braga e mesmo do Ricardo Linhares (dois dos autores principais) não saibam disso.
Para assistir Babilônia, ou qualquer outra novela, você precisa "comprar" a história. Nem precisa ser uma boa história. A prova disso é Império, a antecessor no horário, que tinha uma trama pífia, mas que a gente conseguia assistir com algum interesse.
Acreditar que o público iria compra essa história de uma mulher que mata e nada lhe acontece além de uns poucos aborrecimentos com uma amiga de adolescência que não sai do seu pé e uma filha querendo justiçar o pai poderia cair nas graças do telespectador é demais. O telespectador escreve novelas enquanto assiste e sabe todos os caminhos que uma trama deve seguir, o que interessa e o que não interessa. E esse papo de preconceito é pura mentira. Faz tempo que se vê homossexuais nas novelas e séries de televisão. O assunto está para lá de batido, ou desgastado. A questão é outra.
Talvez seja  o pessimismo da novela. Parece que ali nada tem jeito. O mundo está todo perdido e ninguém presta. O que não está longe de ser verdade, mas daí a alguém sentar-se na frente de uma televisão e sentir a mesma angústia que se sente no dia a dia é desesperador. Realidade sim, mas com um fio de esperança, por favor. A  novela não tem nenhum personagem que tenha caído nas graças do povo, não tem empatia. Falta um personagem com quem a gente se identifique, alguém que nos conquiste. Infelizmente, a protagonista, a excelente Camila Pitanga, acaba tornando-se chata em sua obsessão em ver na cadeia a assina do pai. 
Não se pode esquecer da eterna mania de se escrever "novela de rico" (coisa de Gilberto Braga, poderia se dizer) onde pobre sempre paga mico com suas grossuras e falta de modos. É evidente o "desconhecimento"  dos autores sobre a vida na favela e tudo soa artificial. Principalmente, o fato de rico ficar entrando e saindo da comunidade pobre como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Pena. Porque é uma produção bem cuidada (o padrão Globo), bom atores, mas a trama derrapa. De bom apenas o fato de ver que temos belos e competentes atores negros. Nunca se viu tantos reunidos numa mesma novela. Provavelmente, seja a única coisa que merece elogio.

maio 10, 2015

Sinal dos céus.

Resultado de imagem para imagens de sinais no céuO homem sempre buscou sinais do céu para guiar sua vida na terra. Basta uma passada de olhos na Bíblia e lá estão incontáveis exemplos. Talvez o mais conhecido deles seja a "estrela de Belém", aquela que guiou os três Reis Magos até o local onde Jesus tinha nascido. 
Mas não quero falar apenas de sinais. Do céu também vinham vozes, como a que falou com Moisés, e até se abria vez ou outra. O fato é que nos tempos mais remotos havia uma ligação mais estreita entre céu e terra. Era algo como a nossa comunicação de hoje. O homem olhava para o céu e falava diretamente com Deus sem muita burocracia. Parece que o próprio Deus estava mais disponível para o diálogo.
No entanto, com o passar do tempo, essa comunicação foi diminuindo e já não temos mais notícias  de homens que falam com Deus diretamente e ouve as respostas para as suas indagações. O que terá acontecido? Será que o homem perdeu o elo de ligação com o alto ou será que nos afastamos de Deus e Ele de nós.
Talvez nem uma coisa nem outra. O que houve é que ficamos a cada dia mais céticos. Os primeiros homens eram mais crédulos. Para eles, os sinais tinham muitos significados importantes para as suas vidas e era necessário que fossem interpretados. Coisa que hoje não fazemos mais muita questão. Deus fala, manda sinais e nós permanecemos cegos, surdos e mudos. 
Em algum momento, passamos a acreditar mais em nós mesmos que numa força criadora. Ou então, criamos um Deus que cabe exatamente dentro das nossas expectativas. Na verdade, um extensão nossa. Sem querer querendo voltamos aos tempos do paganismo e estamos sempre prontos a criar deuses de acordo com as nossas necessidades.
É por isso que assistimos a criação de tantas igrejas, tantas seitas. Basta uma igreja ou religião não nos agradar para que saiamos por aí criando algo que "caiba dentro dos nossos sonhos e expectativas". Decidimos que devemos ser aceitos do jeito somos, e temos razão de pensar assim, mas até que ponto? 
Precisamos, urgentemente, voltar a olhar para o céu. Quem sabe a gente tem algum "sinal" que nos dê a direção que tanto buscamos?

maio 02, 2015

Ilhas desertas.

Resultado de imagem para imagens de ilhas desertasQuem você levaria para uma ilha deserta? É bem provável que hoje em dia já não existam tantas ilhas desertas assim à nossa disposição e nem as pessoas usam mais esse tipo de indagação. Isso é coisa do passado. Pois é. O tempo passa. Antigamente, na verdade, nem tão antigamente,  essa pergunta era comum. 
Separavam-se as pessoas, ainda que de brincadeira, quais você levaria para uma ilha deserta e quais você não levaria.  Essa ilha poderia ser um lugar bom ou ruim. Dependia de quem você estava disposto a levar para lá. Caso fosse uma pessoa agradável, é claro, você não só não a levaria para a tal ilha como também ficaria lá fazendo companhia a ela, pois nesse caso o local seria uma cópia do paraíso e você não é bobo (a) nem nada parecido, né? Do contrário...
Particularmente, sempre achei a pergunta divertida, mas nunca cheguei a pensar em quem eu levaria e quem não levaria. Sempre achei que ilhas desertas são lugares inóspitos e que ninguém, nem mesmo os meus possíveis desafetos, mereceriam ser encerrados num lugar distante e sem condições mínimas de sobrevivência, ainda que de beleza descomunal. 
Porque, acredito, ilha deserta, por mais paradisíaca que seja, é lugar de desterro. Principalmente, nestes dias de internet e tecnologias avançadíssimas. Ninguém suportaria passar mais que duas horas desconectado do mundo. Sem dúvida, enlouqueceria.
Porém, nos últimos tempos eu tenho pensado muito na tal ilha deserta e cheguei a conclusão que existem sim algumas pessoas que mereceriam passar uma boa temporada por lá totalmente desplugado do mundo. Talvez assim, aprendam a viver em sociedade e a respeitar os direitos dos outros.
Gente que pensa ser dona do mundo, que só tem olhos para o próprio umbigo e que é incapaz de sequer lembrar que não está sozinha, que o mundo, para o bem e para o mal, é a casa de todos. Sim, porque as pessoas estão tão egoístas que agem assim até quando precisam da ajuda dos outros.
Dizem que isso é sinal dos tempos. Prefiro acreditar que talvez seja a ausência deles, os sinais. Estamos todos desnorteados. Ninguém sabe que caminho seguir e resolve criar uma trilha particular. Pensando melhor, acho que não preciso mandar ninguém para uma ilha deserta. Todos estamos nos transformando em ilhas. Ilhas perdidas em oceanos de lixo que fazemos questão de espalhar por onde passamos.