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agosto 05, 2011

Exemplos de vida

     Estou longe de ser (embora faça um considerável esforço nessa direção) a pessoa mais agradecida do mundo. Vira e mexe e lá estou eu fazendo algum tipo de reclamação por esse ou aquele motivo. Geralmente trata-se de pura bobagem. Coisas sem a menor importância. Mas o bastante para fazer aflorar o espírito reclamador que habita nas minhas profundezas. E nem é preciso que aconteça nenhuma grande tragédia. Basta um simples espirro para que eu me ache o mais infeliz do mundo. 
   Exageros à parte, espero que com você  seja diferente: que você seja uma pessoa extremamente positiva e que viva agradecendo cada minuto de sua vida. Aliás, que você veja a vida como uma sucessão de milagres, que o próprio fato de existir seja um milagre que para você. Mas caso não seja, se você também às vezes se pegue reclamando da vida por qualquer motivo como eu, lhe convido a fazer algo que tenho feito nos últimos tempos e que tem sortido efeito comigo.
     De uns tempos para cá tenho prestado mais atenção nas pessoas com as quais cruzo na rua. É claro que a maioria é feita de pessoas, digamos, normais. Pessoas que têm corpos aparentemente perfeitos, são até bonitas, bem vestidas, que andam apressadamente ou não, que falam, que riem, que sabem para onde estão indo ou pelo menos assim acreditam. 
     Por outro lado, há também aquelas que apresentam a outra face da moeda. São aquelas que estão em cadeiras de roda, os cegos, mudos e surdos, os que andam com dificuldades, enfim uma gama de pessoas que num olhar apressado e até, por que não dizer, preconceituoso teriam motivo de sobra para ficarem em casa reclamando da vida e que, ao contrário disso, lutam pelo direito de sair às ruas na busca pelo seu pão de cada dia ou simplesmente pelo direito de existir, de fazer parte deste mundo e influir nele. Nadando contra a maré, elas saem de suas casas todos os dias e enfrentam calçadas irrelugares, ônibus que não são adaptados para elas, escadas ( e como existem escadas, meu Deus!) , elevadores quebrados, sinais de trânsito que as ignoram (não existem sinais de trânsito sonoros, por exemplo. Eles seriam de grande utilidade para os deficientes visuais), ruas movimentadas. gente mal educada e um número sem fim de impecílios.
     Particularmente,  não conheço nenhuma pessoa que viva esse tipo de situação, mas me considero amigo de todas as que eu encontro pelo caminho. Tenho por todos uma admiração muito grande. Toda vez que cruzo com um cadeirante, um deficiente visual ou qualquer outra pessoa portadora de necessidades especiais fico imaginando o esforço que ele teve que fazer para sair de sua casa e estar ali participando da construção da vida em sociedade. \Por isso, boto a mão na consciência e reflito:
- Do que é que eu estou reclamando?
A resposta vem redondinha:
- De nada. De barriga cheia, para ser mais exato.
E isso faz com que eu me sinta fortalecido e mais agradecido. Cada uma dessas pessoas são um exemplo e um estímulo para que eu siga minha vida sem me abater e sem achar que pequenas dificuldades possam me deixar caído à beira do caminho. \O exemplo delas me impulsiona a continuar seguindo em frente. Muito obrigado pela lição de vida.

julho 31, 2011

Não se deixe enganar.

     Alguém já disse que nós, embora juremos que somos uma única e só pessoa, somos, na verdade, várias pessoas ao mesmo tempo, que em cada lugar ou situação nos apresentamos de uma maneira diferente, de acordo com a necessidade do momento. Seria algo como dizer que somos de duas, para ser exato de várias, caras. O que também pode ser interpretado como falta de personalidade e até mesmo falta de caráter. E isso não agrada a ninguém, não é? Quem gosta de ser visto como alguém em quem não se possa confiar? Ninguém.
     Tem uma peça do Miguel Falabela que tem um título bastante apropriado: "Todo mundo sabe o que todo mundo sabe". E acredito que isso seja verdade. Não conseguimos enganar ninguém.  Apesar disso, não é demais dizer que estamos sempre vivendo como se fosse o contrário. Só nós sabemos o que nos vai na alma.  É como se fechássemos os olhos e conseguíssemos nos esconder do mundo: se não me vejo, não sou visto. É por isso que todos os dias vestimos nossas fantasias e saímos por aí, certos de que conseguimos representar bem o nosso papel de anônimos na multidão.
    Longe de querer alimentar uma discussão sobre a natureza humana, coisa que acredito seja mais afeita a filósofos e assemelhados e não para um simples blogueiro metido, o que quero mesmo é falar sobre uma das nossas maiores capacidades: que é a da percepção. Através dela somos capazes de entender o mundo que está à nossa volta, principalmente quando se trata das nossos relacionamentos.
   Posso afirmar que só nos deixamos enganar quando queremos. Ao conversar com uma pessoa temos capacidade de saber se o que ela diz é verdade ou se ela está  apenas tentando nos tapear. Se nos deixamos levar por alguma "conversa fiada" é por outras questões que não cabe agora discutir, mas não pelo fato de que não notamos a enrolação.
   Quando alguém que você não conhece te para na rua e oferece um jogo premiado da loto (ou qualquer outro jogo, objeto de valor, etc) que ela não pode receber porque tem que viajar às pressas e não dá tempo de ir até o local de recebimento e então lhe passa o mesmo por um valor bastante inferior ao prêmio, não dá para pensar que aquela pessoa possa estar falando a verdade. No mínimo estaria louca, não é? Não há justificativa aceitável nesse mundo para alguém abrir mão de um prêmio alto por uma mixaria qualquer. Particularmente, acho difícil acreditar em tanto desprendimento e mesmo que essa pessoa não tenha alguém da sua confiança (um parente, talvez) que possa ajudá-la e tenha (veja que sorte a sua) escolhido justo você para transferir seu bilhete premiado. Justo a  sorte que todos perseguem tanto. Como nada vem de graça nessa vida (e aí está o nó da questão), devemos lembrar de que se deve pagar por isso, na verdade, pagar por nada.
    Usei o fato acima para dar uma ideia do quanto nos deixamos enganar apenas por em algum momento achar que somente nós estamos vendo e que ninguém mais vê. Portanto, como dizem os ditos populares: um olho no padre e outro na missa; um olho no peixe e outro no gato; confiar desconfiando e muitos outros que a sabedoria popular nos brinda. O que não se pode e outra vez usando a sabedoria do povo é "pagar para ver". É por isso que muitas vezes acabamos nos dando mal. Mais do que qualquer coisa, o importante é nos conhecermos bem e usarmos todas as nossas capacidades e saber que todos à nossa volta, para o bem e para o mal, gozam das mesmas faculdades.
  

julho 29, 2011

Você gosta de mim?

    Desculpe se a pergunta parece assim, digamos, um tanto invasiva e fora de hora. Não se preocupe. Você não tem, necessariamente, que respondê-la se não quiser. Ela serve apenas como abertura para um assunto muito comum entre as pessoas do mesmo grupo social.  Vira e mexe ela aparece tal como se estivéssemos num tribunal (isso para não dizer que a sensação é de estar na Idade Média diante dos inquisidores do Santo Ofício) e precisássemos ser o mais sinceros possível. Aí surgem respostas como:
- Bem... gosto.
- É claro que eu gosto.
- Você está duvidando?!
Elas não costumam traduzir exatamente aquilo que estamos pensando porque, além de inusitada, a pergunta geralmente surge quando quem a faz está bastante inseguro e já meio que sabe que a resposta deve ser negativa. Do contrário, ela nem teria sido feita, não é mesmo? Essa pergunta é um sintoma de que há dúvida, de que não se tem certeza (talvez nunca se tenha) dos sentimentos que desperta nos outros.
    Não é nossa intenção deslindar a intrincada rede que envolve os sentimentos humanos, mas sim falar de algo que nós todos temos: a capacidade de perceber tudo aquilo que nos é endereçado.   Esses sentimentos podem ser bons ou ruins, não importa, nós somos capazes de percebê-los. É claro que uns mais e outros menos, porém não há dúvida de que somos capazes.
    Apesar disso, o que nós fazemos, muitas vezes, é nos enganar. Por uma questão de não querer aceitar a verdade, querer se proteger, nos deixamos levar pela ideia (quase sempre falsa)  de que aquela pessoa (ou grupo de pessoas) pode estar confuso e que logo vai perceber a pessoa maravilhosa que a gente é e...
    Bem, pode até ser que tenha muita gente enganada por aí e que, por isso, ainda não tenham notado o quanto a gente é legal e coisa e tal, mas deveríamos, na minha opinião, dar menos atenção às palavras vazias que muitas vezes ouvimos e acreditar mais nas nossas intuições. Elas são uma arma poderosa contra os enganos que se pode cometer pela vida a fora. Aprender a ouvir a nossa voz interior e nos deixar guiar por ela, não faz de nós juízes a julgar esse ou aquele, se serve ou não serve. Apenas nos deixa mais preparados para enfrentar a possibilidade (bastante natural, inclusive) de que alguém que queremos perto de nós não aceite a nossa companhia por qualquer razão que seja.
   Nas nossas relações levamos muito em consideração tudo aquilo que é afirmado em alto e bom som. Não que as pessoas estejam sempre mentindo quando dizem que gostam umas das outras. Nada disso. Há muita gente que tem mesmo essa necessidade de verbalizar o tempo todo aquilo que está sentindo. Nada contra isso. Pelo contrário, temos mesmo que, como se diz popularmente, colocar para fora nossos sentimentos e ser feliz.
   Só que, se déssemos mais ouvidos às nossas impressões, aquelas coisas que nós sentimos e que muitos botam na conta de "esquisitices", "coisas de maluco" que no fundo são a voz da experiência (mesmo para aqueles que julgam não tê-la) falando em nós, não precisaríamos ter tanta dúvida quanto aos sentimentos que as pessoas nutrem por nós. Bastaria procurar perceber a forma como elas nos recebem, como atendem as nossas chamadas telefônicas e se nos incluem ou não em seus programas, se se sentem felizes com a nossa presença e se estão sempre inventando algum motivo para irem embora, enfim tudo aquilo que as pessoas direcionam a nós. Daí é só tirar nossas próprias conclusões.

julho 26, 2011

Território demarcado.

     É sabido que a disputa de território é um hábito próprio dos animais selvagens. Através de atitudes, em muitos casos não muito convencionais, eles marcam o espaço conquistado e não permitem que outro animal se aproxime ou tente tirar aquilo que julga ser seu por direito. Caso algum animal resolva invadir o espaço do outro já sabe que a briga será grande e o resultado imprevisível. Até aí na demais, não é? Afinal, e isso também é do conhecimento de todos, sobreviver na selva nunca foi algo muito fácil.
    Mas aqui na nossa selva (alguns dizem que é de pedra)  onde sobreviver não é menos difícil, nós os seres humanos costumamos ter nossas formas, algumas bastante sutís, outras nem tanto, de demarcação de espaço. Seja na política, no trabalho, na religião, na marginalidade (essa então nem se fala, é selva em estado bruto), na vida social ou onde quer que você chegue os lugares sempre estão tomados. Através de uma espécie de acordo de cavalheiros (acordo de damas, no caso das mulheres) os espaços são divididos e não queira adentrá-los sem ser convidado ou mesmo pagar o pedágio exigido que a coisa fica feia. Você terá que, no mínimo, enfrentar a ira dos donos do pedaço:
- Esse lugar é meu, ninguém tasca. Cheguei primeiro. - gritará o "assaltado".
Você pode usar o argumento que quiser. Não tem jeito. As portas estão fechadas e a saída é se conformar. Na pior das hipóteses você pode comprar uma briga daquelas e, não se esqueça, correr o risco de sair contundindo e sem nada conseguir. O paredão que se cria em torno da coisa conquistada é intransponível para amadores e marinheiros de primeira viagem. Coisa de profissional bem qualificado, entende?
    Sabe aquela coisa?: "aqui só se entra com convite ou por indicação." Esta é a lei da "selva". São esses os territórios demarcados pelos "animais" e onde eles se sentem protegidos, certos de que são o máximo e que pairam acima de todos aqueles que não têm o privilégio de desfrutar de sua "amizade" e "inestimável companhia'.
   Todos exibem suas conquistas, seus troféus conseguidos em batalhas onde a principal arma usada foi a deslealdade. Mas isso não importa, não é? O que vale é chegar no topo da montanha e fincar a sua bandeira e na falta de uma bandeira vale qualquer pedaço de pano velho. O que não se pode é perder a chance de mostrar para todos que se está no topo, que chegou primeiro e depois... Bem, depois fica todo mundo com aquela cara de paisagem (isso para não dizer outra coisa), sem saber direito onde está e qual o papel que  representa nessa ópera bufa.

julho 22, 2011

O poder de um sorriso.

     Tenho certeza de que se você não ouviu isso hoje, já deve ter ouvido um milhão de vezes: Sorria! Mesmo que a vida não esteja lá "essa brastemp toda", como se costuma dizer por aí, ainda assim a receita continua a mesma: Sorria! Não há outra saída. O jeito é escancarar um belo sorriso no rosto. Não se preocupe se os dentes estejam amarelos ou precisando de uma visita ao dentista. Não tem importância.  Deixa isso para outra hora. O importante agora é o sorriso. Apenas ele. Tenha ou não motivo. Antes, se você precisar de um, inventa. Cria uma situação onde possa dar um sorriso largo, uma gargalhada sonora, daquelas que desopilam a alma, que desfaz todas as amarras e que leva a um contentamento com a vida contagiando a todos aqueles que estiverem à sua volta.
    É bem provável que uns e outros vão achar que você ficou louco: "Onde já se viu alguém andar por aí com um sorriso estampado no rosto? Que coisa mais ridícula! Não deve estar bem da cabeça." Não se deixe levar por esse tipo de reação. É normal que as pessoas fiquem assustadas. Afinal é muito mais comum ver gente triste do que alegre andando pelas ruas que, quando se vê alguém demonstrando algum contentamento, logo pensamos tratar-se de algum tipo de alienação. Veja que ironia: temos mais compromisso com a tristeza do que com a alegria. Quando deveria ser o contrário. E aqueles que fogem do lugar comum que é achar a vida dura e hostil demais acabam reputados como anormais.
    Não estou aqui para dizer que a vida é uma maravilha e que só não vê isso quem não quer. Sabemos que isso não é verdade. A vida tem lá seus muitos dissabores e não é nada fácil manter-se otimista diante de tantos obstáculos que se apresentam a cada passo. Porém, não podemos nos deixar vencer. Temos que ter uma atitude de guerreiros cuja a maior, e talvez única, arma é o sorriso. Apesar de chamar o sorriso de arma, digo também que ele desarma. Ele tem o poder de deixar desconsertado aqueles que chegam prontos para brigar e desestabilzar.
    Por isso, manter um sorriso no rosto é um bom antítodo contra toda essa amargura que paira no mundo. Não um sorriso débil, apático, mas um sorriso de quem busca felicidade nas pequenas coisas, de quem valoriza os pequenos gestos.  De quem, à moda do Beija-flor, permite-se participar com o pouco que tem para oferecer e que faz muita diferença. Sorria sempre.

julho 20, 2011

Revolução.

     Como dizem por aí: "a maré não está para peixe". O mundo, apesar de todos os esforços que se empreendem no sentido de torná-lo um lugar onde todos possam viver em paz e harmonia, parece caminhar na direção contrária. Dia após dia, nos deparamos com situações que nos deixam um tanto desanimados. Não bastassem as tragédias que vez por outra se abatem sobre a humanidade: os desastres da natureza como as chuvas, os terremotos e suas consequências, os vulcões temos também aquelas que acontecem pela "vontade" do homem como a fome, o desemprego, os assassinatos, as chacinas (essas, por sua vez, mais inexplicáveis que quaisquer outras), a falta de escrúpulos e de caráter que assolam nossa gente, em especial os políticos e aqueles que cuidam da coisa pública. 
     Há quem diga que já perdeu a esperança de que as coisas possam realmente melhorar algum dia. Muitos, como forma de autoproteção, dizem não lerem mais jornais, ver noticiário de televisão e evita sair de casa. As grades estão aí para não nos deixar mentir. Outros migram para outros lugares. Tudo para evitar ter que conviver com toda essa miséria ou mesmo para não correr o risco de ir para os ares quando mais um bueiro resolver explodir. Isso sem falar do sem-número de pedintes pelas ruas, da sujeira e do lixo que toma conta de tudo, do trânsito caótico onde todos, veículos e pedestres, vivem apressados para chegar não se sabe onde e, por isso, não podem parar um instante para esperar um sinal abrir ou fechar, o que só faz contribuir para o caos.
    Diante de tudo isso, os que trafegam pelas ruas parecem seres que fingem não se importarem com a realidade que se apresenta. Podemos pedir emprestado o título daquele filme americano e dizer: " assim caminha a humanidade". Somos um bando de conformados e, quem olha de fora, pode até achar que estamos todos satisfeitos, que esse caos nos faz bem, que estamos acostumados com ele. Mas não creio que seja verdade. No fundo, todos nós gostaríamos de dar um jeito nessa situação, como numa espécie de revolução.
    Não uma revolução de armas, com banho de sangue, retomada de poder. Não, nada disso. Uma revolução à moda dos grandes mestres espirituais como Jesus, Buda, Mahatma Gandhi e tantos outros. Uma revolução que parta de nossas atitudes, de nosso comportamento, de nosso respeito pelo próximo e pelo mundo onde habitamos. Uma revolução "santa" que partisse do nosso compromisso com um mundo melhor, onde não houvesse vencidos, apenas vencedores. Na qual todos fossemos vencedores, pois o mundo não estaria mais dividido entre bons e maus, vítimas e algozes. Todos seríamos irmãos. Não haveria mais porque temer uns aos outros. Antes uns protegeriam os outros.
    Já não mais andaríamos alheios às crianças que encontramos perambulando pelas ruas, os velhos, os pedintes, os loucos e doentes, os(as) prostitutos(as), os ladrões de toda sorte (de almas e de corpos), pois todos seriam vistos com compaixão e essa compaixão os trariam para o nosso lado e eles seriam chamados de nossos irmãos e viveríamos em comunidade.
    Pode dizer que tudo isso é sonho, utopia vazia. Até pode ser. Mas continuo acreditando que essa é a verdadeira vocação da humanidade: livrar-se de tudo que nos leva a caminhar na direção contrária à do  bem comum.

julho 15, 2011

Desobsessão.

     Embora esse não seja um assunto novo ( pelo menos desde a passagem de Jesus Cristo pela terra já se tem conhecimento de sua prática), nos últimos tempos ele tem se tornado mais e mais popular: a desobsessão. Nunca se falou tanto desse assunto e sua prática, antes restritas às religiões chamadas espíritas (principalmente a Umbanda), agora parece tomar de assalto até mesmo aqueles lugares onde ele era tabu.
    Antes se tinha notícia dos padres exorcistas da igreja católica, mas agora até as igrejas evangélicas têm apresentado as desobsessões em seus "cardápios" e parece que a aceitação é grande. Todos querem passar por uma sessão de desobsessão e ficar livre dos seus obsessores. Pensam que assim estarão aptos para viver suas vidas sem nenhum espírito enxerido por perto.  Pois se acredita que nossos irmãos desencarnados são os responsáveis (além de muitas outras coisas) por todos aqueles desvios de conduta que nós encarnados por vezes ( ou sempre) apresentamos.
    Há toda uma crença envolvendo problemas com sexo, bebidas, doenças, loucura (de toda espécie), falta de caráter,  falta de ânimo para viver e trabalhar (preguiça mesmo), falta de fé e outros mais são obsessão. Segundo essa visão, tudo é influência maléfica dos espíritos que parecem não ter coisa melhor para fazer no mundo espiritual senão desencaminhar os pobres e incaultos encarnados.
    É bem provável que isso aconteça mesmo. Afinal, quanta gente sai da terra (via morte) sem estar preparado? Uma vez livres do corpo e permanecendo "vivos" fazem disso um meio de continuar participando da vida na terra de onde, muitas vezes, nem chegam a sair. Permanecem por aqui acreditando não terem morrido, em muitos caso, ignorando todo um mundo que o aguarda na espiritualidade, longe das agruras da terra.
    Porém, é preciso que se diga que há toda uma série de enganos nisso tudo. Vá lá que a morte não transforme (como às vezes queremos crer) as pessoas em santas. Definitivamente não acredito nisso. Também não acredito que nós aqui na terra sejamos tão indefesos assim ao ponto de ficarmos o tempo todo à mercê dos espíritos ditos malignos. Não se pode jogar a responsabilidade dos nossos atos e atitudes nos ombros dos outros. Nossas atitudes sejam elas sob influência ou não de quem quer seja (encarnado ou desencarnado) são da nossa responsabilidade.
    Por isso, não acredito que as sessões de desobsessão sejam  a solução para os nossos desvios. Sabe aquela lei da atração? Talvez ela explique melhor porque em determinado momento podemos atrair para junto de nós seres encarnados ou desencarnados de má índole. Antes de procurar uma sessão de desobsessão, seria melhor que a gente pensasse em quem está obsedando quem. Afinal, muitas vezes, nós é que chamamos essas companhias para o nosso lado através dos nossos pensamentos e como diria a igreja católica, "atos e omissões". Além daqueles que deliberadamente convidam esses seres para fazer parte de suas vidas acreditando assim estarem seguros e amparados. Uma vez que percebem a "burrada" que fizerem querem a qualquer custo ficarem livres da "obsessão".
     Trabalhando como médium vi muitos desses casos. Passados milhares de anos, a humanidade ainda continua no mesmo ponto. Ainda queremos subjugar forças que não conhecemos para depois descartá-las. Isso é a cara de nossa sociedade atual: usamos as coisas e jogamos fora quando elas não servem mais ou cansamos da "brincadeira". Para muitos, a desobsessão não é nada mais do que uma forma de se  desfazer daquilo que não interessa mais. E aqueles que perceberam esse "filão", fazem a festa.