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agosto 11, 2024

A vida de transplantado.

No dia 12 de julho de 2024 completei cinco anos de transplantado. Nesse dia, em 2019, fui submetido a um transplante de rim. Não tenho dúvida de que transplante de órgãos seja um dos maiores avanços da medicina, não somente por permitir que pessoas recuperem a qualidade de vida que perderam, mas porque devolve esperança, fé e confiança para seguir em frente.

No entanto, é enganosa a ideia de que uma vez realizado o transplante o transplantado pode voltar a ter os hábitos que tinha antes e que nunca mais precisará se preocupar. O transplantado, para ter uma vida realmente saudável a partir do transplante, deve seguir regras que incluem remédios, os chamados imunossupressores que evitam a rejeição do órgão do transplantado, alimentação, ingestão de água, exercícios físicos, sono de qualidade, além de consultas regulares ao médico ou médicos responsáveis pelo transplante.

Sem esses cuidados dificilmente um transplante poderá ter sucesso. Após a realização do transplante a responsabilidade passa a ser totalmente do transplantado. Por isso, todo cuidado é pouco. Tenho consciência de que nunca poderei me descuidar. A cada dia preciso aumentar minha atenção e meus cuidados. As tentações estão aí para nos seduzir com comidas nada saudáveis, bebidas, drogas e excessos de toda sorte.

Não podemos vacilar. Qualquer passo e falso pode ser fatal para o transplantado. É como se vivêssemos numa corda-bamba, não podemos perder o delicado equilíbrio é que estar vivo, participar ativamente da vida, aproveitando tudo o que ela tem para oferecer, sem esquecer dos cuidados que precisamos ter, sem esquecer da medicação, tão vital para a longevidade do transplante.

Boa sorte para todos nós transplantados, pois sempre é bom também contar com ela.

Bom domingo e excelente semana.

Esperança, fé, amor e GRATIDÃO.


agosto 04, 2024

Muitos encontros e muitas despedidas.

Há quem discorde, mas a Bíblia nos conta que a morte entrou no mundo no momento em que Adão e Eva (o primeiro homem e a primeira mulher) pecaram, comendo do fruto proibido: a maçã. A partir daí, perdemos o direito a viver eternamente e nossa passagem pela terra passou a ser por períodos de tempo curtos.

Dessa forma, passamos a aliar a morte ao pecado e, consequentemente, a transformamos numa coisa ruim, que deve ser evitada a qualquer custo. Além disso, toda vez que alguém (principalmente aqueles que mais amamos) morre sofremos muito e, mais que isso, ficamos penalizados.

Sim, sentimos pena daquele ou daquela pessoa cuja passagem na terra se encerrou. Infelizmente, não conseguimos entender que o fim da vida na terra não significa o fim da nossa existência, nem mesmo significa que estamos sendo punidos porque pecamos.

Morte não é punição, nem é condenação. Nascemos sabendo que um dia partiremos. Nunca se soube de alguém que tenha ficado na terra para sempre. Precisamos entender que nascemos para morrer, mas morremos para viver. Essa é a grande verdade. Quando encerra nosso tempo na terra um mundo mais vasto e abrangente se abre para nós e, aí sim, temos a oportunidade de viver plenamente.

Por isso, morrer é apenas uma mudança de estágio, como acontece com a água, com as estações do ano. Não precisamos temer a morte, nem mesmo sentir pena de quem finalizou sua tarefa no mundo e nos deixou cheios de saudades. Faz parte da nossa caminhada evolutiva. 

E nessa caminhada, que nunca termina, certamente teremos muitos encontros e muitas despedidas. Se em um momento sentimos saudades de alguém que partiu, em outro, ao partirmos, deixaremos alguém saudoso de nós.

Bom domingo e excelente semana.

Esperança, fé, amor e GRATIDÃO.

julho 28, 2024

Quem sabe faz a hora e o lugar.

É comum se ouvir por aí as pessoas dizerem que chegaram alguns minutos ou segundos atrasados em que evento e que isso foi o que as impediu de conseguir algo muito importante para suas vidas. Isso reforça aquela ideia de que é sempre necessário estar no lugar certo e na hora certa para que as coisas aconteçam.

Aí vem a pergunta: Existe mesmo um lugar certo e uma hora certa? Difícil responder, mas ninguém pode negar que o fator sorte sempre conta. Porém, por outro lado, não devemos esquecer que aquela frase 'quem sabe faz a hora' nunca pode ser deixada de lado.

'Fazer a hora' significa cavar as oportunidades, ir em busca daquilo que queremos ou acreditamos ser bom para nossas vidas sem esperar que a sorte bata em nossas portas. A hora certa e o lugar certo são exatamente onde estamos naquele momento, pois do contrário não estaríamos ali.

Para que as coisas aconteçam é preciso, antes de tudo, acreditar nelas e, sobretudo, nos sentir preparados para que elas aconteçam. Não adianta eu querer uma coisa e não me sentir em condições de possuí-la, não sentir capaz ou merecedor. 

Lembre sempre que você merece tudo de bom que a vida tem para oferecer. Não se acanhe em pedir o melhor para você, pois isso não é arrogância ou egoísmo, é apenas querer-se bem, se valorizar. Apenas não esqueça que não estamos sozinhos no mundo e que todos à nossa volta têm os mesmos direitos a felicidade e à abundância de bens que julgamos ter.

Bom domingo e excelente semana.

Esperança, fé, amor e GRATIDÃO.

julho 21, 2024

Passageiros do trem da vida.

Passamos a infância praticamente inteira sonhando com o dia em que seremos adultos e, portanto, nos tornaremos donos e senhores de nossas próprias vidas ou do nosso próprio nariz, como alguns costumam dizer.

Entretanto, quando chegamos à tão sonhada vida adulta descobrimos que não era bem assim, pois a vida maravilhosa com que sonhamos é, na verdade, cheia de regras, deveres e obrigações a cumprir. 

Nesse momento. chegamos à conclusão de que éramos felizes e não sabíamos. Então, bate uma saudade da nossa infância, tempo em que vivíamos distantes dos problemas e das aflições que atingem os adultos.

Infelizmente, não há como voltar atrás. A vida, seja para o bem ou para o mau, segue sempre adiante,, pois não é um trem de passageiros do qual podemos saltar na estação mais próxima, quando não estamos gostando da viagem.

Pelo contrário, uma vez embarcados no trem da vida temos que fazer o percurso até o fim, independente dos contratempos que possam surgir aqui e ali. A saída é não dar bola para os acidentes do percurso e tentar aprender com os erros e acertos que, com certeza, cometeremos; eles fazem parte da nossa jornada.

Bom domingo e excelente semana.

Esperança, fé, amor e GRATIDÃO.

julho 14, 2024

12 de julho, o dia em que nasci de novo.


12 de julho, para mim, é um daqueles dias que as pessoas costumam chamar de 'o dia em que nasci de novo'. Talvez eu não chegue a tanto, mas devo confessar que foi o dia em que me livrei das torturantes, porém indispensáveis, sessões de hemodiálise, através de um transplante.

Quando descobri que meus rins estavam paralisados, um diagnóstico que demorou muito para chegar, e que, portanto, estava renal crônico foi como se o mundo tivesse desabado sobre a minha cabeça. A ideia de que a partir dali eu somente sobreviveria com a ajuda de uma máquina de diálise simplesmente me aterrorizou, pois significava o fim.

Foram seis meses de hospital, como disse o diagnóstico somente veio depois de muito tempo, dali fui para  uma clínica de diálise, medicações sem fim, muitas restrições, uma rotina que somente quem passa por isso pode mensurar o que estou falando.

Demorou um pouco para eu entender que aquela condenação a uma máquina de diálise não era para sempre, que eu tinha a opção do transplante. Foi assim que enfrentei uma bateria de exames e consegui entrar para o sistema nacional de órgãos.

Cerca de quatro meses depois, (uma sorte, né?) quando recebi o telefonema do doutor Álvaro dizendo que aparecera um rim compatível comigo e que eu deveria me preparar para ser transplantado naquele mesmo dia, não entendi de imediato a importância daquele notícia, apenas segui as instruções.

Cinco anos depois aqui estou eu para agradecer aos médicos do Hospital Adventista do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, doutor Pedro Ivo, doutor Álvaro, doutor Jadilson e toda equipe pelo cuidado, atenção e paciência que tiveram comigo e com todos aqueles que estão sobre os seus cuidados.

O transplante não me devolveu somente a capacidade de viver mais plenamente, sem a dependência da máquina de diálise, mas me devolveu a capacidade de acreditar que sempre é possível recomeçar, que sempre é possível acreditar no amanhã.

Queria expressar minha gratidão a todos, à minha família, minhas irmãs Eloisa e Márcia, em especial, pois sem a ajuda delas eu não teria sobrevivido. Por último, mas não menos importante, quero declarar a minha gratidão eterna a meu doador (ou doadora), nunca vou saber, que, perdendo a vida física me deixou um rim por herança. Já pensou é que isso? Só me resta cuidar bem dele, não é? Que Deus ilumine seu caminho na espiritualidade, meu irmão. Gratidão para sempre.

E não custa lembrar: seja doador/doadora. Esse gesto simples devolve vida, fé e esperança àqueles que, muitas vezes, já perderam.

Para brindar esse momento, ela, a água, talvez a maior restrição imposta a um renal crônico. 

Bom domingo e excelente semana.

Esperança, fé, amor e GRATIDÃO.