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dezembro 17, 2011

Quando é preciso desistir de um sonho.

      Por mais que tentemos viver nossa vida focando as coisas pelo lado positivo, sempre acreditando que tudo vai dar certo, chega uma hora em que é preciso recuar, abrir mão de algum sonho que acalentamos durante anos e tentar, da melhor maneira que se possa, olhar para outros horizontes buscando novos caminhos, novas razões para se manter de pé. Nesses momentos, talvez os mais importantes e verdadeiros de nossas vidas, nos abaixamos e humildemente juntamos os caquinhos que sobraram e com eles partimos para refazer a estrada.
     Novamente, nossas pisadas vão construir o caminho. São elas que vão sinalizar e mostrar para onde vamos, o que vamos fazer de nossas vidas daquele momento em diante. Inicialmente elas serão um tanto titubeantes, indecisas, mas em pouco tempo voltarão a ser firmes. A partir daí retomamos nossos sonhos e a nossa fome de viver, de realizar algo. Por isso, acordamos todos os dias: para realizar os nossos sonhos. Ainda que eles não sejam grandiosos e nem tenham a pretensão de mudar o mundo, mas apenas de fazer parte dele.
     É caindo e levantando que passamos pela vida. Algumas quedas nem chegamos a sentir, outras parecem que vão nos nocautear para sempre, entretanto não têm valor diferente daquelas que parecem tão insignificantes. Tudo junto e misturado faz parte do nosso aprendizado, do nosso caminho.
    Porém, há aquelas situações que são irreversíveis. Pelo menos naquele determinado momento. Ninguém pode negar que às vezes temos que desistir de alguns sonhos, ainda que para adquirir outros. Como disse acima, tudo faz parte do caminho. No entanto, a delicadeza do momento, o sentido de perda, de derrota é muito amargo e pode nos marcar para sempre tirando de nós o alento para viver, a expectativa de um dia seguinte melhor. 
    Muitas vezes, ignorando a lição do Mestre, passamos a viver cabisbaixos, como se tivéssemos sido abandonados no meio do caminho. Nada disso. Não se pode desistir. Esse é justamente o momento de acreditar mais, acreditar, sobretudo, que o sonho desfeito é também a oportunidade de novos sonhos, novos vôos, novas paisagens, pessoas, situações, realizações.

dezembro 16, 2011

Resposta ao MEME do Aristides Monteiro.(com pedido de desculpa pelo atraso)

     Há vários dias (ou seriam semanas?), meu amigo Aristides Monteiro me pediu para falar das dez coisas que sinto mais saudades. Inicialmente, pensei tratar-se de uma tarefa impossível de ser realizada (daí, a demora), pois não sou exatamente um cara dado a sentir essa nostalgia (muitas vezes boa, é preciso que se diga) toda do passado. Por isso, tive dificuldade de começar esse texto e fiquei horas a fio matutando. E foi matutando que cheguei a conclusão de que, mesmo não admitindo muito claramente, eu sou um poço de memórias e saudades. O que realmente torna a tarefa de escolher "as dez coisas que sinto mais saudades" mais difícil ainda.
     Para dizer a verdade, não dá para medir saudades em tamanho e quantidade. Saudades são saudades, nada mais que saudades, caro Aristides. Bateu aquela dorzinha no coração, aquela vontade de pegar um trem de volta para o passado, já pode ser classificada como grande saudade.
    Porém, o meu amigo quer mesmo que eu classifique as dez mais. Parece concurso para eleger as dez mais elegantes, as dez mais bonitas e coisas que valham. O que, pode acreditar, transformaria a tarefa em algo prazeroso. Já voltar ao passado e me reencontrar, torna tudo mais, digamos, penoso. Mas vamos lá. Mãos à obra: em primeiro lugar, gostaria de dizer que vou classificar de um a dez, mas todas elas poderiam ocupar o primeiro lugar. Vou numerar, não de acordo com a importância, mas de acordo com a minha memória, a medida que vou lembrando:
1 - A casa dos meus pais, todo mundo reunido, aquele montão de gente junta.
2 - Eu brigando para ir para escola (parece incrível, mas eu praticamente obriguei meus pais a me matricularem numa escola, coisa rara em minha família)
3 - Eu sonhando em sair de minha cidade, Ibiá (tinha uma fixação em conhecer o mundo. Por alguma dessas coincidências estranhas, a minha cidade é cercada por serras, o que me remete ao mito da caverna) 
4  - Quando eu acreditava que iria seguir a carreira de padre.
5  - Do tempo em que eu acreditava que as coisas eram definitivas e para sempre.
6  - Quando eu, e o Brasil, éramos o futuro.
7  - Das pessoas e coisas que, a medida que fui caminhando, foram ficando para trás. ou mudando de lugar
8  - Eu chegando no Rio de Janeiro.
9  - Do natal da minha infância.
10- Do futuro. 
   Bem, é isso aí. Espero que não seja tarde demais. Caso seja, valeu como exercício. Acho que é a primeira vez que paro para fazer esse tipo de coisa. De repente, é válido dar uma olhadinha para trás. Valeu.

dezembro 10, 2011

Segura na mão de Deus.

     Um dia desses, estava atravessando a avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro, absorto em meus pensamentos, quando ao meu lado uma mulher, que depois identifiquei como uma possível moradora de rua, fez menção de que ia atirar-se na frente de um cara e na última hora, recuou. Sai imediatamente de minha letargia e tive tempo de ouví-la dizendo:
- Não sei porque não morro. Quero morrer.
     Não sei se você passou por uma situação dessas, mas acredito dá para imaginar que eu fiquei totalmente sem ação. Primeiro, porque poderia ter entendido mal o que a mulher falou e segundo, porque a gente nunca está preparado para ouvir esse tipo de coisa. Ainda mais no meio de uma rua movimentada. debaixo de um sol escaldante, não é?
     O  sinal abriu, eu atravessei a rua e perdi a mulher de vista. Porém, aquela situação não saiu do meu pensamento: ou muito eu estava enganado, ou aquela mulher realmente esteve em vias de cometer suicídio na minha frente?  O pensamento me causou uma certa inquietação e me levou a refletir sobre o assunto: o que leva uma pessoa a tal extremo? Existe mesmo esse momento em que o peso da vida se torna tão insuportável que a única solução é dar cabo de si? Que desespero é esse?
   Difícil responder a essas e à todas as questões que vão surgindo aos borbotões. Por vezes nos sentimos muito frágeis diante das vicitudes da vida e parece que não vamos conseguir suportar tanta dor, tanto desamparo. Daí a ideia de fim surge como forma de atenuar ou acabar com os problemas.
     É aí que mora o perigo, pois jamais a morte vai colocar fim nos nossos problemas. Porque, querendo ou não, a morte não põe fim a coisa nenhuma. Todas as religiões, espiritualistas ou não, falam de uma vida após a morte. Todas falam que a alma vai para algum lugar. Esse lugar pode ser o céu, o inferno, o paraíso, enfim. Alguns falam em dormir até o juízo final, mas de fim absoluto nenhuma fala. Acredito que até os muito materialistas devem esperar algo para depois da morte.
     Portanto, dar fim à vida não resolve nada. Muito pelo contrário. É um ato puramente materialista, denota total falta de fé, de amor próprio, respeito à vida como dom que vem de Deus e pode piorar muito mais a situação daquele que pensava buscar solução para os seus problemas.
    Como aquela mulher, num momento de desespero e, muitas vezes, silenciosamente, muitos lançam mão desse expediente, quando na verdade tudo o que se precisa é colocar sua vida nas mãos de Deus. Para os que não acreditam numa força criadora, vale usar o pensamento positivo e acreditar que no momento seguinte tudo pode mudar. Sobretudo, precisamos ter paciência e resignação. Como dizem por aí: "viver não é fácil".

dezembro 03, 2011

Tá tudo bem?

  Quando esta pergunta surge como forma de tentar estabelecer um diálogo é porque uma das partes não tem muita certeza da resposta, ou antes, até tem, mas precisa de uma confirmação. Normalmente a resposta é um tanto ambígua:
- O que é que você acha?
    Bem, se a coisa começar por ai é prova de que é melhor ir devagar com o andor para não azedar tudo de vez. O tempo está fechado, a maré não está para peixe e é melhor bater em retirada e esperar que os ânimos esfriem. Ou você prefere ficar e tentar descobrir, afinal, "o que está pegando"?
   Se essa é a sua alternativa, das duas uma: ou você, com muita sorte, vai acabar derrubando o muro e botando tudo em pratos limpos  ou vai levar uma bela resposta pela cara afora.
   Tem também a  possibilidade de descobrir que todo o clima não tem nada a ver com você. E isso, convenhamos, é a melhor opção. Até porque, ninguém está livre de um belo dia, sem mais nem aquela, acordar com o pé esquerdo e passar o dia inteiro de cara amarrada com todo mundo sem ter nenhum motivo aparente para isso.
   Outra saída é a do silêncio. A figura se nega a qualquer tipo de diálogo e você entende a atitude como um rompimento de relações e aí está feita a confusão. E quando uma das partes tenta consertar o mal entendido, costuma ser tarde demais. Muita amizade de anos termina num desses dias azedos.
   Pode também acontecer da pessoa optar por dizer que está tubo bem e que você está enganado(a) se pensa o contrário. Ela apenas está querendo ficar na dela um pouco e não vê nenhum mal nisso. Verdade. Não existe mal nenhum em ficar calado, pensar na vida. Mas mesmo nessas ocasiões o diálogo é necessário. Não precisa ser, necessariamente, um diálogo de palavras, mas de gestos, sinalizações, atitudes  que a outra pessoa, por ter alguma intimidade, vai entender.
   Temos que tomar cuidado para não botar tudo a perder. Amizades verdadeiras são muito importantes e não são encontradas em qualquer esquina, não é mesmo? Por isso, vamos cuidar de nossas relações, saber compreender os momentos em que os nossos amigos estão necessitados de que sejamos mais pacientes do que o normal. Mesmo porque ninguém está livre de que um dia um simples "tá tudo bem?" possa detonar uma guerra desnecessária e de proporções inesperadas.

novembro 28, 2011

"Assunção de Nossa Senhora".

   No dia 15 de agosto de 2011, na Igreja de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, participei da encenação da "Assunção de Nossa Senhora" . A peça, escrita por mim em parceria com Bill Sala, narra o que seria o dia da "morte" de Nossa Senhora, dia em que ela foi assunta aos céus e como aqueles que conviviam com ela viveram esse momento tão especial na história do cristianismo nascente. Pela peça desfilam personagens conhecidos como os apóstolos Pedro e João, Maria Madalena, Maria de Cleófas e outros contemporâneos de Jesus e própria Maria de Nazaré. 
     Acredita-se que Nossa Senhora não teria morrido e sim ascendido aos céus de corpo e alma (daí originado o "Dogma da Assunção" promulgado pelo Papa Pio XII, em 1950) como seu filho Jesus. Ou mesmo que teria "dormido" como dizem os adeptos da "dormição de Maria".
    A peça resultou num trabalho bonito, do qual senti muito prazer em participar. Poucos vezes , como ator, tive a sorte de participar de um espetáculo em que pudesse me orgulhar de estar envolvido e este foi um desses raros momentos. Senti-me muito feliz em poder fazer parte dessa homenagem à Mãe de Jesus e de perceber o quanto é importante para toda a comunidade católica a "presença" de Maria, a história de vida dessa mulher, seu exemplo de abnegação. Não há quem não fique tocado com a história de vida dessa mulher que foi escolhida para ser a mãe do filho de Deus e abriu mão de tudo para atender a esse chamado.
     Há quem discuta o valor de Maria, acreditando que seu papel na vinda de Jesus ao mundo teria sido meramente coadjuvante e que qualquer mulher poderia estar no seu lugar.  Pena, pois nela está representado, no céu e abaixo dele, todo amor maternal do qual nenhum filho pode prescindir e, assim sendo, nem Jesus.
     Do espetáculo, que teve direção de Bill Sala, participaram: Bill Sala, Julio Fernando, Gisele Salman, Analú Buarque, Bruno, Elana e Bernardo. Abaixo está postado o espetáculo na íntegra que eu recomendo que assistam. Além de ser um bom espetáculo, tem o adicional de ter acontecido na Igreja de Nossa Senhora da Glória do Largo do Machado: uma igreja belíssima e que merece ser vista.


novembro 26, 2011

A cada passo.

   Durante toda a nossa vida estamos em busca de nos espiritualizarmos. Trocando em miúdos, estamos aprendendo num esforço sem fim. Por mais que a gente negue isso, é um fato. E não é impossível duvidar que tem muita gente boa por aí que pensa que não e vive como se estivesse por aqui a passeio. Grande engano, pois desde que nascemos é esse o nosso objetivo maior. Nossa passagem aqui pela terra não se dá por outra razão que não seja a do nosso crescimento, aprimoramento e elevação espiritual. E isso acontece nas coisas mínimas, mesmo que não tenhamos nenhuma consciência disso. 
     A cada dia que nasce estamos ganhando uma nova chance para que esse aprendizado continue e possamos dar um passo a mais rumo ao conhecimento, para que possamos nos livrar, ainda que minimamente, da cegueira que a escuridão da ignorância nos provoca e ir adiante rumo à luz.
      Se por um lado, como já disse, alguns ignoram isso e parecem estar bem assim e sem nenhuma vontade de mudar, outros, por sua vez, já descobriram isso e partem para a busca dessa iluminação. Isso é algo extraordinário. No entanto, sabe aquela pessoa que esteve dormindo durante anos e que de repente acorda, descobre que perdeu muito tempo e resolve correr atrás do tempo perdido? Pois é. Muitos de nós se comportam assim. Depois de anos de letargia desperta para um mundo novo e acha que não pode mais perder tempo.
     Eu sei que você deve estar pensando: "Nada mais justo. Eu também reagiria assim."  Talvez eu até diria que você estaria coberto(a) de razão. Afinal de contas, já se perdeu muito tempo e não há mais o que esperar. Só que essa pressa pode nos levar a tomar caminhos que levam a lugar nenhum. Literalmente falando, nos leva a embarcar em verdadeiras canoas furadas. E o que não falta é gente por aí se oferecendo para ser o guia que vai apontar esses caminhos para você e transportá-lo (geralmente, sem que você faça muito esforço) para o paraíso. Por isso, é preciso muita cautela nessa hora para não cair em mãos dos charlatães de plantão. Eles estão sempre ávidos para encontrar pessoas desesperadas e despreparadas, prontas para acreditar em tudo.
    Lembre-se sempre que o melhor caminho é o do coração. O caminho que nós construimos dia a dia com nosso esforço e o suor de nosso rosto. E para isso precisamos, antes de qualquer coisa, tomar a decisão da busca, por-se em marcha com propósito firme e vontade fortes. Prontos para enfrentar os reveses e mesmo para desanimar muitas vezes diante dos maus exemplos constantes e das vantagens fáceis que aparecem. Nesse caso, respire fundo e retome a caminhada. A cada passo sentimos que o peso vai se aliviando e que nossas pisadas já não são tão doloridas. É hora de manter a fé e não perder de vista o grande objetivo: espiritualizar-se.