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fevereiro 28, 2021

Chorar na cama que é lugar quente.



Não se pode negar que a pandemia do coranavirus provocou uma verdadeira revolução em nossa sociedade. De repente nos vimos preocupados com coisas que antes passavam despercebidas. O maior exemplo disso é o uso de máscaras nas ruas e em ambientes fechados. Há um algum seria difícil imaginar que usar máscaras cobrindo o nariz e a boca e lavar as mãos o tempo todo seriam vistos não como algo exótico, mas como forma de nos proteger contra um vírus mortal.

No entanto, depois de mais de dois milhões de mortes no mundo inteiro ainda tem gente que acha que tudo não passa de boato e se nega a seguir os conselhos das autoridades médicas fazendo coro com o presidente Jair Bolsonaro com seu irresponsável e perigoso "negacionismo". 

É triste ver as pessoas preferirem seguir um louco do que cuidarem da própria saúde. Nem a falta de vagas nos hospitais, a escassez de respiradores e o número de mortes faz as pessoas deixem de se aglomerar em praias, bares e na rua. Parece que todos resolveram viver perigosamente, ou estão se achando com poderes para vencer o vírus.

Não faltam teorias que tentam provar que se prevenir é bobagem. Mesmo quando alguém do seu próprio convívio morre vitimado pelo coronavirus se convencem do contrário. Até quando vamos negar que a coisa é séria e que não vamos sair desse caos antes que cada um aceite fazer o seu papel, ou seja, usar máscaras, lavar as mãos ou usar álcool gel?

Depois, é chorar na cama que é lugar quente, como diz o dito popular. Há quem prefira chorar na televisão, espaço muito usado por aqueles que se julgam vítimas do descaso dos governantes, mas que, na verdade, também se negam a fazer sua parte.

Cuidemos de nós e daqueles que nos rodeiam. Além de ser um ato responsável é um ato de amor.

Boa semana.

fevereiro 14, 2021

Torcendo pelo bandido

Foi-se o tempo em que era certo que todos, ou quase todos, torciam para que no final da história o mocinho, mesmo que fosse lançando mão de forças mágicas. vencesse o bandido, e o bem finalmente triunfasse. Nos últimos tempos, temos visto que as pessoas deixaram isso de lado e estão torcendo para que o malévolo, mas charmoso e sedutor, bandido vença o chato e politicamente correto mocinho.

Ninguém pode negar que na ficção isso possa ser facilmente explicado, pois o apelo do "bandido" é maior, suas ações causam mais impacto e, muitas vezes, seus desejos e aspirações são muito parecidos com os nossos próprios desejos e aspirações. O problema é que não levamos em conta o fato de que os meios que o "bandido" usa para alcançar seus objetivos são, além de ilícitos, prejudiciais àqueles que vivem à sua volta.

É exatamente isso que estamos vendo cada vez mais em nossa sociedade. Basta acompanhar o noticiário para constatar o quanto essa torcida pelo "bandido" tem feito vítimas fatais. Elegemos e reelegemos políticos que sabidamente fazem mau uso de seus mandatos e causam danos irreversíveis ao povo através de politicas que beneficiam grupos de privilegiados, enquanto grande parcela da população padece sem assistência. Não é necessário quebrar a cabeça para dar um exemplo: a pandemia do coronavírus ceifando a população e o presidente da república, quando não está fazendo piada da situação, nega que a doença exista ou seja tão grave quanto as autoridades da medicina afirmam que seja e a quantidade de mortes e infectados não deixa negar.

Cabe a nós, enquanto sociedade e principais prejudicados com o comportamento inadequado de Jair Bolsonaro e sua turma, abrirmos nossos olhos e pararmos de uma vez por todas de torcer pelo bandido. Afinal de contas, não se trata de uma novela de televisão que tem prazo certo para terminar e sim da vida real, a nossa vida. Lutemos por ela com a arma que possuímos: o voto.

Boa semana a todos.

fevereiro 10, 2021

Certo e errado.

Vivemos um tempo em que agir de forma correta ou incorreta não é uma questão de bom senso e discernimento, mas uma questão de ponto de vista. A noção de certo e errado foi posta de lado e passou a ser ditada pela conveniência de cada um. Não basta que os fatos comprovem a incorreção do ato; o que conta é a visão daquele que o cometeu, ou seja, sempre estamos prontos a perdoar a nossas falhas.

Onde chegaremos agindo assim? Difícil saber, não é mesmo? Muitos acreditam que o importante é não fazer mal a ninguém. Agindo dessa forma, cada um está livre para fazer o que bem entender. Não acredito que essa seja a melhor maneira de guiarmos nossos caminhos nessa vida. Mesmo porque, não é fácil saber em que momentos nossas atitudes não estão realmente prejudicando as pessoas com as quais convivemos e também aqueles que, embora distantes, são influenciados direta e indiretamente por elas.

Levados por essa maneira de agir e pensar acabamos, na maioria das vezes, agindo de maneira egoísta, pois não nos damos conta de que vivemos numa sociedade onde todos precisam ser, mais que ouvidos, ser respeitados; a vontade de cada um necessita ter o mesmo peso. Não podemos impor nosso modo de viver, nossa visão de mundo e, sobretudo, querer que o mundo funcione da forma como desejamos.

É preciso que entendamos que somos pessoas com qualidades e defeitos e passíveis de erros e acertos. Ninguém é pior nem melhor do que ninguém; todos às vezes acerta e erram. Quando erramos não somos as pessoas mais indicadas para nos julgar.  O respeito ao outro sempre é o melhor caminho para descobrir se estamos certos ou errados nessa ou naquela atitude que tomamos.


Boa noite!


janeiro 31, 2021

OPERÁRIOS


A palavra operário não soa bem aos nossos ouvidos por, geralmente, designar o grupo de trabalhadores que fazem os trabalhos considerados de menor importância, aqueles trabalhos que não costumam dar grande projeção, nem pagam os melhores salários. Por esse motivo quase ninguém gosta de se apresentar como sendo um operário, pois se sente diminuído, ou seja, um cidadão de segundo classe.

Grande engano cometemos ao pensar dessa maneira. Afinal de contas, quem não é um operário? Todos somos operários de uma forma ou de outra. Mesmo quando exercemos as funções de maior destaque, não passamos de meros operários. Operário é toda aquela pessoa que desempenha uma função e não apenas os funcionários de uma obra ou de uma fábrica. O médico, o professor, o cientista, o advogado, o político e mesmo o presidente da república são operários no momento em que desempenham as suas funções.

O que diferencia uma pessoa da outra é o fato de desempenhar bem ou mal a sua função. Quando desempenhamos bem a nossas funções e por essa razão recebemos o merecido destaque somos apenas bons operários que honram o seu trabalho. Um bom médico é um bom operário, um bom professor também. Pensar dessa maneira faz com que paremos de diminuir as pessoas que exercem funções de menor destaque, mas, com certeza, de igual ou maior importância na nossa vida diária. Quando acendemos uma lâmpada, abrimos uma torneira, sentamos à mesa, deitamos para dormir, pegamos um ônibus, fazemos compras estamos fazendo uso do trabalho de muitos operários. 

Não há como negar que formamos uma grande corrente de operários. Se um elo dessa corrente se partir todos sentirão os efeitos desse rompimento. Conscientizemo-nos do nosso papel de operários e procuremos desempenhar bem nossas funções para manter a corrente. Lembrando sempre que somos todos iguais, independente da função.

Boa semana.


janeiro 24, 2021

A vida não é uma novela de Gilberto Braga


A vida não é uma novela de Gilberto Braga, o autor da Tv Globo que costuma dividir os personagens de suas histórias em bons e maus, como se existisse uma fronteira definindo de forma clara o caráter das pessoas. Na vida real, no dia a dia, as coisas acontecem de forma bem diferente; uma pessoa pode ser classificada como boa por doar comida aos pobres, mas ser assumidamente preconceituosa em relação à raça ou posição social, por exemplo. Não podemos definir o caráter de uma pessoa vendo-a apenas por um determinado ângulo; isso nos leva, fatalmente,. a cometer injustiças.

É isso que vem acontecendo diariamente nas redes sociais: pessoas são execradas por em determinado momento tomar atitudes que não são vistas com bons olhos pelos internautas. Nessas ocasiões os detratores não perdem tempo e malham o "judas" da vez. Por outro, basta que a pessoa faça qualquer coisa considerada "fofinha" para que seja alçada à categoria de melhor pessoa do mundo.

Não há dúvida de que esse tipo de comportamento gera injustiças, pois, quase sempre, não passam de julgamentos sumários; a "vítima" nem sempre tem direito de se defender ou mesmo dar explicações. Não estou aqui para defender quem quer que seja, mas precisamos, antes de fazer julgamentos e emitir opiniões, muitas vezes tão nocivas quanto o deslize em questão, procurar saber do que se trata e  se o fato realmente procede.

É como se o mundo fosse realmente dividido: de um lado os bons ( e donos da verdade) e do outro os maus, os que, na visão da nossa sociedade atual, precisam ser combatidos. Sabemos que não é assim, pois somos plurais; uma mesma pessoa carrega em si bons e maus instintos. Precisamos nos tornar pessoas melhores, e isso inclui passar a ver o outro com empatia.

Denunciar atitudes nocivas é sempre necessário, porém é preciso que isso seja feito de maneira racional.

Boa semana.

janeiro 17, 2021

Preconceitos e preconceituosos.




Quando se  fala de preconceito racial imaginamos uma pessoa negra, humilde, sendo vítima de outra pessoa branca, arrogante, que tenta, através de xingamentos, afirmar sua superioridade racial. Outro fato bastante comum é que jamais pensamos que um negro, mesmo sendo humilde, pode tratar alguém igual a ele de forma preconceituosa.

Isso acontece o tempo todo, e não nos damos conta. No livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas, o escritor Machado de Assis nos dá um exemplo contundente: depois de passar anos sendo pajem do nhonhô Brás Cubas, o escravo Prudêncio ganha a liberdade. Um dia, já adulto, Brás Cubas está andando pelo cais do Rio de Janeiro de então quando vê um negro espancando outro negro. Ao aproximar-se, ele se surpreende ao constatar que o espancador era seu antigo pajem; uma vez alforriado, Prudêncio tornou-se dono de escravos e impunha aos seus cativos, indivíduos de sua raça, os mesmos castigos e humilhações que sofrera.

O caso, embora fictício, serve para lembrar que, muitas vezes, o preconceito e a humilhação ocorre também entre as pessoas da mesma condição racial, onde, na verdade, deveria ser evitado e combatido. Vale também não esquecer que esse tipo de comportamento não se dá apenas quando a questão é racial; é comum entre homossexuais, mulheres, indígenas, obesos e muitos outros.

É importante que, antes de qualquer coisa, aprendamos a nos aceitar do jeito que nós somos. Dessa maneira, vamos aceitar, não só que os são diferentes de nós, mas os que são iguais a nós. Essa é a melhor forma de combatermos o preconceito que sofremos. É necessário que haja solidariedade entre os iguais. Quando negros, mulheres, homossexuais, indígenas e tantas outras chamadas minorias apoiam uns os outros fica mais fácil combater o preconceito que vem de fora.

Falamos muito  de  preconceitos e pouco dos preconceituosos; nem sempre o preconceito é cometido por alguém "diferente", e ele se da de muitas formas. Enquanto, embora sendo a maioria da população brasileira, negros e mulheres continuarem a eleger políticos brancos do sexo masculino, por se julgarem incapazes de exercer cargos de comando, não sairemos dessa situação.

Deus nos criou diferentes uns dos outros exatamente para aprendermos a conviver com aqueles que se diferem de nós. Portanto, ninguém deve se achar melhor nem pior do que quem quer que seja. Somos, em essência, iguais; nosso exterior é apenas um detalhe e não mede nosso caráter e nossa competência.


Boa semana.


janeiro 10, 2021

Cidadãos cumpridores de seus deveres.



Não são raras as situações em que sacamos da frase "Sou um cidadão cumpridor dos meus deveres e mereço respeito". Infelizmente, quase sempre que lançamos mão dessa frase estamos agindo na direção contrária do que realmente significa ser um "cidadão cumpridor de seus deveres".

Mas o que realmente significa ser "um cidadão cumpridor de seus deveres"? Talvez nunca tenhamos a resposta exata, pois não depende do nosso julgamento e, sim, de uma série de circunstâncias que, muitas vezes, nos escapam no momento em que fazemos essa afirmação. 

O importante é que não usemos o fato de agirmos dentro da lei para desculpar prováveis pequenos deslizes que, por acaso, cometemos no dia a dia. O fato de pagarmos nossos impostos e mantermos nossas contas em dia, respeitarmos idosos e crianças, não furar filas, dirigirmos com prudência, não avançar sinal de trânsito, não jogar lixo na rua, só para citar alguns dos nossos muitos deveres como cidadãos, não nos dá o direito de agir de forma diferente, mesmo que seja de forma acidental.

Ninguém está livre de uma hora ou outra "sair da linha", afinal não é fácil viver em sociedade, principalmente nesses tempos em que todos buscamos nossos direitos. Nunca a ideia de que seu direito termina onde começa o meu, e vice-versa, esteve tão certa. Temos, antes de qualquer coisa, de estarmos atentos às regras do bom-convívio, pois, só dessa forma, estaremos agindo como verdadeiros cidadãos cumpridores de seus deveres.

Boa semana.