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janeiro 31, 2021

OPERÁRIOS


A palavra operário não soa bem aos nossos ouvidos por, geralmente, designar o grupo de trabalhadores que fazem os trabalhos considerados de menor importância, aqueles trabalhos que não costumam dar grande projeção, nem pagam os melhores salários. Por esse motivo quase ninguém gosta de se apresentar como sendo um operário, pois se sente diminuído, ou seja, um cidadão de segundo classe.

Grande engano cometemos ao pensar dessa maneira. Afinal de contas, quem não é um operário? Todos somos operários de uma forma ou de outra. Mesmo quando exercemos as funções de maior destaque, não passamos de meros operários. Operário é toda aquela pessoa que desempenha uma função e não apenas os funcionários de uma obra ou de uma fábrica. O médico, o professor, o cientista, o advogado, o político e mesmo o presidente da república são operários no momento em que desempenham as suas funções.

O que diferencia uma pessoa da outra é o fato de desempenhar bem ou mal a sua função. Quando desempenhamos bem a nossas funções e por essa razão recebemos o merecido destaque somos apenas bons operários que honram o seu trabalho. Um bom médico é um bom operário, um bom professor também. Pensar dessa maneira faz com que paremos de diminuir as pessoas que exercem funções de menor destaque, mas, com certeza, de igual ou maior importância na nossa vida diária. Quando acendemos uma lâmpada, abrimos uma torneira, sentamos à mesa, deitamos para dormir, pegamos um ônibus, fazemos compras estamos fazendo uso do trabalho de muitos operários. 

Não há como negar que formamos uma grande corrente de operários. Se um elo dessa corrente se partir todos sentirão os efeitos desse rompimento. Conscientizemo-nos do nosso papel de operários e procuremos desempenhar bem nossas funções para manter a corrente. Lembrando sempre que somos todos iguais, independente da função.

Boa semana.


janeiro 24, 2021

A vida não é uma novela de Gilberto Braga


A vida não é uma novela de Gilberto Braga, o autor da Tv Globo que costuma dividir os personagens de suas histórias em bons e maus, como se existisse uma fronteira definindo de forma clara o caráter das pessoas. Na vida real, no dia a dia, as coisas acontecem de forma bem diferente; uma pessoa pode ser classificada como boa por doar comida aos pobres, mas ser assumidamente preconceituosa em relação à raça ou posição social, por exemplo. Não podemos definir o caráter de uma pessoa vendo-a apenas por um determinado ângulo; isso nos leva, fatalmente,. a cometer injustiças.

É isso que vem acontecendo diariamente nas redes sociais: pessoas são execradas por em determinado momento tomar atitudes que não são vistas com bons olhos pelos internautas. Nessas ocasiões os detratores não perdem tempo e malham o "judas" da vez. Por outro, basta que a pessoa faça qualquer coisa considerada "fofinha" para que seja alçada à categoria de melhor pessoa do mundo.

Não há dúvida de que esse tipo de comportamento gera injustiças, pois, quase sempre, não passam de julgamentos sumários; a "vítima" nem sempre tem direito de se defender ou mesmo dar explicações. Não estou aqui para defender quem quer que seja, mas precisamos, antes de fazer julgamentos e emitir opiniões, muitas vezes tão nocivas quanto o deslize em questão, procurar saber do que se trata e  se o fato realmente procede.

É como se o mundo fosse realmente dividido: de um lado os bons ( e donos da verdade) e do outro os maus, os que, na visão da nossa sociedade atual, precisam ser combatidos. Sabemos que não é assim, pois somos plurais; uma mesma pessoa carrega em si bons e maus instintos. Precisamos nos tornar pessoas melhores, e isso inclui passar a ver o outro com empatia.

Denunciar atitudes nocivas é sempre necessário, porém é preciso que isso seja feito de maneira racional.

Boa semana.

janeiro 17, 2021

Preconceitos e preconceituosos.




Quando se  fala de preconceito racial imaginamos uma pessoa negra, humilde, sendo vítima de outra pessoa branca, arrogante, que tenta, através de xingamentos, afirmar sua superioridade racial. Outro fato bastante comum é que jamais pensamos que um negro, mesmo sendo humilde, pode tratar alguém igual a ele de forma preconceituosa.

Isso acontece o tempo todo, e não nos damos conta. No livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas, o escritor Machado de Assis nos dá um exemplo contundente: depois de passar anos sendo pajem do nhonhô Brás Cubas, o escravo Prudêncio ganha a liberdade. Um dia, já adulto, Brás Cubas está andando pelo cais do Rio de Janeiro de então quando vê um negro espancando outro negro. Ao aproximar-se, ele se surpreende ao constatar que o espancador era seu antigo pajem; uma vez alforriado, Prudêncio tornou-se dono de escravos e impunha aos seus cativos, indivíduos de sua raça, os mesmos castigos e humilhações que sofrera.

O caso, embora fictício, serve para lembrar que, muitas vezes, o preconceito e a humilhação ocorre também entre as pessoas da mesma condição racial, onde, na verdade, deveria ser evitado e combatido. Vale também não esquecer que esse tipo de comportamento não se dá apenas quando a questão é racial; é comum entre homossexuais, mulheres, indígenas, obesos e muitos outros.

É importante que, antes de qualquer coisa, aprendamos a nos aceitar do jeito que nós somos. Dessa maneira, vamos aceitar, não só que os são diferentes de nós, mas os que são iguais a nós. Essa é a melhor forma de combatermos o preconceito que sofremos. É necessário que haja solidariedade entre os iguais. Quando negros, mulheres, homossexuais, indígenas e tantas outras chamadas minorias apoiam uns os outros fica mais fácil combater o preconceito que vem de fora.

Falamos muito  de  preconceitos e pouco dos preconceituosos; nem sempre o preconceito é cometido por alguém "diferente", e ele se da de muitas formas. Enquanto, embora sendo a maioria da população brasileira, negros e mulheres continuarem a eleger políticos brancos do sexo masculino, por se julgarem incapazes de exercer cargos de comando, não sairemos dessa situação.

Deus nos criou diferentes uns dos outros exatamente para aprendermos a conviver com aqueles que se diferem de nós. Portanto, ninguém deve se achar melhor nem pior do que quem quer que seja. Somos, em essência, iguais; nosso exterior é apenas um detalhe e não mede nosso caráter e nossa competência.


Boa semana.


janeiro 10, 2021

Cidadãos cumpridores de seus deveres.



Não são raras as situações em que sacamos da frase "Sou um cidadão cumpridor dos meus deveres e mereço respeito". Infelizmente, quase sempre que lançamos mão dessa frase estamos agindo na direção contrária do que realmente significa ser um "cidadão cumpridor de seus deveres".

Mas o que realmente significa ser "um cidadão cumpridor de seus deveres"? Talvez nunca tenhamos a resposta exata, pois não depende do nosso julgamento e, sim, de uma série de circunstâncias que, muitas vezes, nos escapam no momento em que fazemos essa afirmação. 

O importante é que não usemos o fato de agirmos dentro da lei para desculpar prováveis pequenos deslizes que, por acaso, cometemos no dia a dia. O fato de pagarmos nossos impostos e mantermos nossas contas em dia, respeitarmos idosos e crianças, não furar filas, dirigirmos com prudência, não avançar sinal de trânsito, não jogar lixo na rua, só para citar alguns dos nossos muitos deveres como cidadãos, não nos dá o direito de agir de forma diferente, mesmo que seja de forma acidental.

Ninguém está livre de uma hora ou outra "sair da linha", afinal não é fácil viver em sociedade, principalmente nesses tempos em que todos buscamos nossos direitos. Nunca a ideia de que seu direito termina onde começa o meu, e vice-versa, esteve tão certa. Temos, antes de qualquer coisa, de estarmos atentos às regras do bom-convívio, pois, só dessa forma, estaremos agindo como verdadeiros cidadãos cumpridores de seus deveres.

Boa semana.


janeiro 01, 2021

Enfim, 2021.



Tradicionalmente, a chegada de um novo ano é motivo de muita festa e comemoração. Afinal de contas, marca a chegada de um novo tempo no qual se espera a realização de muitos desejos, sonhos e projetos; na hora da virada, explosões de fogos e gritos se misturam, e mesmo os mais desanimados não conseguem ficar de fora.

Porém, este ano, embora a felicidade de estarmos vivos e bem já fosse razão bastante para festejar, pisamos fundo no freio na hora das comemorações; 2020 não foi um ano fácil para todos nós e 2021, de certa forma, herda as dificuldades que enfrentamos; o recrudescimento da COVID-19 não nos deixa baixar a guarda nos cuidados que a prevenção contra a doença exigem.

No entanto, não podemos desanimar; a vacina vem aí. Sem esquecer tudo o que aprendemos nesses tempos difíceis,  o novo ano chega trazendo em seu bojo a chance de mudarmos o rumo dessa história. Sabemos que só depende de nós; mesmo com a vacina, não podemos voltar aos nossos hábitos de antes da pandemia. É preciso que mantenhamos os cuidados que o combate ao vírus nos ensinou a tomar. Só assim, poderemos viver com um pouco mais de tranquilidade.

Para que 2021 seja realmente melhor que do oi 2020, teremos de cuidar de nós e todos daqueles com os quais convivemos. Não somente dos mais próximos, mas de todos, em geral. 2020 nos ensinou que precisamos deixar de ser egoístas, individualistas. Não vivemos sozinhos no mundo; tudo o que fazemos atinge os outros e tudo o que eles fazem nos atinge, para o bem e para o mal.  "Amai o próximo como a ti mesmo": nunca esse ensinamento de Jesus fez tanto sentido como agora. Portanto, amemos muito em 2021.


Feliz 2021!

dezembro 27, 2020

A viagem, novela de Ivani Ribeiro: muito além do espiritismo.





A volta ao ar da novela A viagem, de Ivani Ribeiro, pelo canal Viva, mostra a força que a obra da autora tem desde que foi lançada pela primeira vez, no já longínquo ano de 1975, pela Rede Tupi de Televisão. O sucesso que a trama, assumidamente de temática espiritualista, faz desde então é incontestável; o público não se cansa de acompanhar a história escrita com base no livro "Nosso Lar", psicografado pelo médium Chico Xavier

A novela, que arrasta multidões de fãs, foi reprisada em 1980, pela própria Rede Tupi, pouco antes de seu, até hoje lamentado, fechamento. Em 1994,  Ivani teve a feliz ideia de reescrever a trama para a Rede Globo, com pequenas alterações, principalmente nos nomes de alguns personagens, repetindo o mesmo sucesso da versão original.

A versão apresentada pela Globo já teve várias reprises, e arrasta uma legião de fãs, porém não pense que são formados apenas por espíritas ou simpatizantes da doutrina; a maioria é composta por pessoas que não professam, nem mesmo aceitam, a possibilidade da vida após a morte, há mesmo aqueles que sequer para pensar no assunto, o que só aumenta sua mística.

Isso faz pensar que a novela tem encantos que extrapolam o espiritismo ou qualquer ideia de proselitismo. A verdade é que Ivani Ribeiro, como não me canso de dizer, era uma novelista incomparável, a maior que jamais se viu. Mulher culta e espiritualizada, ela não era apenas uma novelista que se preocupava em entreter os telespectadores ou conseguir altos índices de audiência; acima de tudo, queria informar e fazer pensar. Quem, após ver a novela não parou para pensar na "vida após a morte" ou se interessou em conhecer, mesmo que por mera curiosidade, a doutrina espírita?

Em sua estreia, em 1975, na Tupi, a novela enfrentou forte resistência da igreja católica, que a considerava contrária aos seus ensinamentos, mas não impediu que os fiéis a acompanhassem. Por outro lado, se analisarmos mais detidamente sua trama veremos que a trama vai além do espiritismo, principalmente de levarmos em conta o ano de sua primeira versão. Falar de separação de casal (Téo e Diná), vida marginal (Alexandre), diferença de idade entre casais (Téo e Diná), emancipação da mulher (Diná, Estela, Carmem, Fátima, para citar algumas), e vários outros assuntos espinhosos, mostram o quanto a autoria tinha preocupação de fugir da alienação normal das novelas da época.

Se você, por acaso, ainda não viu, corra para ver; se já viu, o que é bem mais provável, tem a chance de assistir mais uma vez e absorver todos os seus ensinamentos e se deliciar com os encantos da trama.


Boa semana.

dezembro 25, 2020

Natal: festa da esperança.



Aprendemos desde pequenos que o natal é o dia de ganhar presentes. Por isso, passamos o ano inteiro esperando que chegue logo para recebermos tudo o que tanto desejamos. Para as crianças, os brinquedos cada vez mais sofisticados e que pouco diferem da parafernália que todos usamos no nosso dia; para os adultos, o carro, a casa, a viagem dos sonhos e tudo mais que se possa imaginar.

O "Papai Noel" tem cada vez mais trabalho para atender os mais diferentes, e até mirabolantes, desejos de pequenos e grandes pedintes; na hora de pedir ninguém faz por menos: quer sempre o que há de mais caro e difícil de ser encontrado.

Não são poucos os que julgam que isso desvirtua o verdadeiro sentido da data, pois a transforma apenas num momento de gastança, que faz a alegria dos comerciantes. Afinal, o natal é a festa do nascimento de Jesus e toda a simbologia que sua chegada ao mundo  representou e continua representando para todos nós.

No entanto, em meio a essa corrida comercial para ver quem conquista mais consumidores existe todo um propósito embutido, que não é tão mundano quanto parece; através dessa "farra consumista" as pessoas se dão mais umas às outras, se aproximam mais, se perdoam mais mesmo que seja pelo breve período de uma noite ou um dia.

Seja como for, o Natal  sempre será a festa da esperança, o dia em que paramos, embora muitas vezes sem ter muita consciência disso, para comemorar, pois um menino nos foi dado para acender em nossos corações uma luz que não se apaga: a luz da esperança.


FELIZ NATAL!