Pesquisar este blog

agosto 11, 2012

Vencendo obstáculos.

     Em tempos de olimpíadas é comum ver os atletas às voltas com a questão do limite. Até onde somos capazes de chegar? Quanto de esforço é necessário para que possamos vencer os obstáculos e barreiras que se apresentam no nosso caminho? Estas são perguntas que a gente nunca sabe a resposta exata. Nunca sabemos se nos esforçamos o bastante ou se desistimos antes da hora. Sempre fica a dúvida: será que aquele era o momento certo de parar?  Estamos sempre achando que podíamos ir mais longe, tentar um pouco mais, resistir mais.
     Porém, nosso corpo é dotado de limites. Chega uma hora que não dá mais, que temos mesmo que dizer: chega. Atravessar essa linha tênue que separa o que é esforço pessoal do que é simplesmente loucura é muito difícil. Só depois, com a cabeça fria, é que conseguimos analisar se paramos na hora certa ou se fomos além da nossa capacidade. No caso de ter ido além, nosso corpo vai estar lá para nos avisar, só ele pode responder a essa pergunta.
     No entanto, é preciso frisar que sempre podemos ir além desde que respeitemos nossos limites, sem fazer deles um motivo para "jogar o boné". Antes, devemos estar sempre buscando superá-los. E é isso que os atletas nos ensinam: temos que ser nossos próprios incentivadores, conhecedores das nossas capacidades e estar sempre querendo mais. Sempre tentando vencer as dores, o cansaço, a preguiça, a falta de ânimo e a falta de fé em si mesmo.
     E´ isso. Temos que acreditar na nossa força. Mais do que isso, temos que fazer com que essa força aumente a cada dia. Do contrário, corremos o risco de ficar sentados á beira do caminho à espera de sermos bafejados pela sorte, de que alguém passe e nos estenda a mão. E´ preciso, mesmo quando caímos, levantar e por-se a caminho, certos de que o objetivo está sempre bem mais à frente e que caminhando firmes nos nosso propósito de vencer a nossa paralisia vamos chegar lá.
     Muitas são as dificuldades, os impecílios, mas nossa força interior, nossa fé que o amanhã será melhor do que  hoje deve estar sempre na ordem do dia. Podemos cair, podemos nos sentir impossibilitados por algum tempo, mas sempre se consegue levantar e seguir adiante, ainda que esse levantar seja apenas metaforicamente. O que vale é a atitude que temos diante da vida, diante de nós mesmos. Sem nunca esquecer que não estamos sozinhos: existe algo maior que nos guia e nos ampara e que nos chama a dar o passo seguinte.

agosto 09, 2012

O mundo é uma panela de pressão.

     Por mais que tentemos nos alienar daquilo que acontece à nossa volta, parece impossível. A realidade se impõe e lá estamos nós diante dela, sem saber o que fazer, que atitude tomar. Basta colocar o pé fora de casa e nos damos de cara com todo o tipo de acontecimento: pessoas dormindo pelas ruas, crianças famintas, famílias inteiras ao relento, usuários de craque se drogando, assaltos, carros atravessando o sinal, batidas, atropelamentos, tiroteios, morte.
     Enfim, temos que estar preparados para tudo. Não dá para sair tranquilamente e despreocupadamente. A qualquer momento nos deparamos com alguma situação inusitada e nos sentimos perdidos qual crianças de se separaram de seus pais ou responsáveis. É como se estivéssemos num trem fantasma, sustos não faltam.
      O pior é que somos levados a acreditar que tudo isso é normal, que não devemos nos abalar. "Isso é normal", é o que dizem todos. Ninguém parece mesmo se abalar com nada que acontece. Além de tudo ainda temos que contar com a possibilidade de a qualquer hora alguém sacar de uma arma e fazer disparos por esse ou aquelo motivo.
     Mas será que é mesmo normal viver o tempo todo na expectativa como se estivéssemos vivendo em guerra? O mundo mais parece um panela de pressão pronta para explodir. A cada minuto surge um louco em alguma parte de mundo disposto a demonstrar toda a fúria que traz dentro de si, fúria essa sempre voltada contra os seus próprios irmãos que nada têm  ou nada sabem da sua dor, do seu inconformismo com o mundo. Pessoas essas que igualmente trazem em si o seu inconformismo e seus problemas e que também estão tentando viver nesse mundo de maneira que haja lugar para todos, que todos tenham os direitos respeitados, e que igualmente respeitem os direitos dos outros.
     Todos nós precisamos deixar de ver o outro como culpado pelos nossos problemas, culpado pelas nossas dificuldades de nos sentir parte integrante desse mundo. Só assim essas tragédias, esse descaso com a vida alheia vai deixar de existir.
     Ninguém é ingênuo de acreditar que o mundo alguma vez foi um lugar calmo e tranquilo para se viver. A humanidade sempre passou por momentos difíceis onde a vida valeu muito pouco. Mas temos que pensar que houve evolução, caminhamos. Não podemos estar eternamente regredindo, eternamente voltando a ser como nos primórdios dos tempos.
     Muito foi ensinado, muitos sinais foram dados, no entanto aprendemos muito pouco. E a lição que menos aprendemos foi a do "amor ao próximo", o respeito que devemos ter pelo nosso semelhante. Se essa lição tivesse sido assimilada, não aconteceria tanto atentado de irmão contra irmão. Irmãos não sairiam de casa com o triste objetivo de machucar o seu irmão.
     Que toda raiva, dor, inconformismo sejam transformados em paz, amor e tolerância. Que ao invés de alimentarmos motivos de destruição, nos sintamos imbuídos de amor, alicerce fundamental para a convivência pacifica entre os seres.

agosto 04, 2012

Perdoando para viver melhor.

       Infelizmente, existem muitas coisas que atravancam a vida e impedem que a gente viva em paz. Dentre elas estão a raiva, a mágoa, o rancor e tantos outros sentimentos. Sentimentos esses que nos levam a ter pensamentos e emoções ruins. Quando sentimos, por exemplo, raiva de alguém é possível que essa pessoa nunca tome conhecimento desse nosso sentimento, mas, por outro lado, o nosso corpo... Ele é o primeiro a ter notícia de que estamos odiando determinada pessoa, pois grande parte do ódio, da raiva, do rancor, do ressentimento fica parada em nós e passa, consequentemente, a nos fazer mal.
      Portanto, não vale à pena ficar alimentando dentro de nós sensações que nos causam tantos estragos. E´claro que ninguém é santo. E´ difícil sair por aí perdoando todas as vezes em que sofremos ofensas, maus tratos, injúrias, todas as vezes em que somos ofendidos, humilhados. Esses, digamos, baixos sentimentos são, muitas vezes, nossa válvula de escape. Através deles tentamos exorcizar, botar pra fora aquilo que nos corrói a alma.
     Acreditamos que tendo um pensamento ruim por aquela pessoa estamos acertando as contas com ela, que  estamos reagindo. Em muitos casos, a pessoa até pode receber aquela carga ruim que enviamos para ela, chegando mesmo a sofrer as consequências maléficas dele tal é a força do pensamento, o poder da sugestão.
     Só que existe a lei do retorno. Nada fica parado. Aquilo que saiu de nós, a nós retorna. Já pensou você recebendo de volta uma carga de ódio enviada a alguém? Seria muito triste constatar que podemos estar sofrendo exatamente porque de nossa mente saiu uma mensagem de sofrimento que retornou a nós. Parece estranho, mas é a mais pura verdade.
     Você já deve ter ouvido dizerem que a raiva invenena aquele que a sente. E´ exatamente isso. Literalmente, nos envenenamos com o nosso próprio veneno. Aí você pode dizer: "Fui eu quem foi ofendido primeiro". Pode mesmo ser verdade. A ofensa e a injúria partiram do outro lado. Como se diz: você estava quieto no seu cantinho. E´ duro sofrer a ofensa e ainda por cima ter que ter bons sentimentos. Mas é esse, pode se dizer, o pulo do gato. Não se deve cair em tentação.  O "diabinho" está ai para tentar, para dizer que não se deve levar desaforo para casa.
     E´por esse motivo que temos tanta contenda, tanta briga. Ninguém quer levar desaforo para casa. Baseado nesse tipo de pensamento, estamos sempre prontos a reagir, nos defender. Basta um simples encontrão e lá vamos nós tirar satisfação acreditando que assim é que está certo. Afinal, é isso que aprendemos desde que nascemos: é preciso reagir, senão ficamos em desvantagem.
     Nada disso. Dê um sorriso e siga adiante. Seu corpo vai agradecer. E aquela pessoa que te deu a topada, se foi intencional, vai ficar muito sem graça e até mesmo desapontada por não ter conseguido o seu intento. Pelo seu lado, você poderá seguir o seu caminho livremente, sem precisar conviver com as emoções ruins que uma reação intempestiva pode causar. Aprender a perdoar é difícil, duro e exige muito treinamento, mas nos faz viver melhor.

agosto 02, 2012

Cuidado com os adversários.

     A amizade é algo que todos buscamos. Quem não se orgulha dos amigos que faz pela vida afora. Principalmente daqueles que nos acompanham anos seguidos e que estão sempre presentes em nossos melhores e piores momentos. Temos certeza de que se eles não estivessem ao nosso lado não suportaríamos as passagens difíceis do nosso caminho. Mas por outro lado, sabemos que as nossas melhores realizações, nossos triunfos só são o que são porque eles estão ali do lado vibrando com a gente.
     Porém, a amizade tem o seu contrário: a inimizade. Inimigos são aquelas pessoas que, em determinado momento, muitas vezes sem nenhuma explicação plausível, deixam de ser nossos amigos, de fazer parte da nossa história e passam a nos querer mal, a bem da palavra, passam a nos amaldiçoar. Nossos feitos que antes para elas eram motivo de alegria e festa, agora passam a ser motivo de raiva e rancor.
     Triste situação de se viver. No entanto, não podemos negar que desentendimentos fazem parte da vida. E. com muita sorte, esses momentos acabam passando e a amizade sendo plenamente restabelecida, não é? Quantos casos conhecemos e até vivemos em que isso deu, não é mesmo? Uma relação muito próxima não está livre de sofrer percalços. De repente, uma palavra mal falada, um mal entendido acaba por azedar uma relação de anos ou da vida inteira.
     E´ preciso lembrar também que não existe a possíbilidade, pelo menos eu penso assim, de uma inimizade nascer sem que antes tenha existido a amizade. Inimizade é o oposto da amizade. Por isso, vem sempre depois. Para alguém ser nosso inimigo tem que ter sido nosso amigo antes ou coisa muito parecida com o calor humano e as afinidades de uma amizade. Sem querer ser filósofo de esquina, mas essa é uma grande verdade. Ninguém pode ser inicialmente nosso inimigo. Isso é praticamente impossível. E´ o mesmo com o ódio em relação ao amor. Um vem depois do outro.
      Estou falando disso para chegar à uma descoberta que fiz há algum tempo e que ultimamente tenho notado com mais frequência. Acontece que tenho percebido que algumas pessoas das quais eu nunca fui nem próximo tem se revelado, sem nenhuma razão aparente,  minhas verdadeiras inimigas. Achei isso muito estranho e me pus a pensar no assunto e cheguei a uma conclusão: elas não são realmente minhas inimigas, elas são minhas adversárias.
     E´ isso mesmo. Essa é a terceira porta. Nem amigo, nem inimigo, mas adversário. E´ como se estivéssemos numa olimpíada, num campeonato onde queremos sair sagrados campeões e por isso temos que vencer os adversários que surgem no nosso caminho. Sem isso, nada de pódium, nada de levantar o caneco.
     Brincadeiras à parte, não temos mais que temer os inimigos e sim ficar atentos aos adversários que encontramos em nosso dia a dia. Eles são piores que os inimigos. Pois se alguém tem raiva de nós ou quer nos prejudicar é por alguma razão, justa ou injusta, mas uma razão. Já os adversários querem apenas levantar a taça e para isso não pensam duas vezes em quebrar-nos as duas pernas.

julho 28, 2012

Dia do aniversário.

     Costumo brincar que essa é a única situação em que ninguém deve ou precisa ter inveja de ninguém. Afinal, todos temos ( salvo, claro, algumas raras e tristes exceções) conhecimento do dia em que viemos ao mundo e passamos esse dia acreditando que é ele fosse especial e nós especiais igualmente. Ficamos em suspenso como se a qualquer instante alguma coisa maravilhosa fosse acontecer. E´ aquele dia em que merecemos e queremos todas as homenagens. Mesmo quando negamos isso viementemente. Alguns comemoram com festas suntuosas, muitos convidados, viagens e costumam gastar rios de dinheiro só para ter o gostinho de ouvir o "parabéns para você" cantado em sua única e exclusiva homenagem.
     Tem também aqueles que meses antes já saem por aí avisando para todo mundo a data de seu aniversário e ficam torcendo para receber uma festa surpresa. Aquelas em que o aniversariante a despeito de toda uma movimentaãção fora do normal é pego desavisadamente pelos amigos e faz cara de "eu bem que estava desconfiado(a)". Agem meio como crianças. Aliás, nessa data é comum as pessoas ficarem, sem nenhum constrangimento, um tanto infantis, cheias de vontades e até ( por que não dizer?) um tantinho carentes. Aí daqueles que não se lembrarem da data. Pode, inclusive, virar motivo para que se nasça uma daquelas inimizades terríveis. Esquecer de cumprimentar determinados aniversariantes pode ser considerado falta grave, portanto, passível de brigas memoráveis.
     Já outros... Bem , os outros ( e acho que me incluo nesses) fazem de tudo para que a dada não seja lembrada nem por sua mãe. Por que será isso, não é? Mesmo não gostando de ser cumprimentado e fazendo tudo para que a data passe em brancas nuvens, também não consigo entender muito bem esse meu "estranho" comportamento. Verdade. Mas a sensação de ser o centro das atenções, nesse dia, sempre me incomodou.
     Desde de criança tenho a sensação que nesse dia volto para o útero de minha mãe e lá quero ficar bem quietinho até que passe e eu poça sair de lá e retomar a vida. No outro dia sou até capaz de comentar que estive de aniversário no dia anterior, como estou fazendo agora. Porém, deixo claro que não recebo cumprimentos no dia seguinte. Aniversário é só no dia.  Nada de cumprimentos atrasados, chego a ser mal educado com quem insiste.
     Por isso, não consigo entender as pessoas que transferem as datas de aniversário. Algo como, o aniversário cai no meio da semana e deixa para comemorar no fim de semana. Ou aqueles que comemoram adiantado para aproveitar alguma presença de alguém que considera importante e que não poderá estar presente na data verdadeira. Acho isso sem sentido. Soa falso, para mim.
     Seja lá como for, cada um tem a sua relação com essa data tão importante. Nesse dia viemos ao mundo e só isso já seria motivo para festejar, não é mesmo? Tenho certeza de que você deve estar me achando um esquisitão por agir assim. Está bem. Devo confessar que penso assim também. No entanto, não sei ser diferente. Isso não significa que eu não goste de comemorar aniversários de parentes e amigos. Pelo contrário. Adoro festa de aniversário. São sempre muito animadas e calorosas.  E nada melhor do que ver uma pessoa circulando feliz entre os convidados do "seu aniversário", naquele que considera (e com muita razão) o "seu dia".  O resto é maluquice de bichos do mato, como eu.

julho 26, 2012

Exorcizando demônios.

     Existe um ditado espanhol que diz mais ou menos o seguinte: "Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem". No que diz respeito aos diabo ou demônio, a coisa parece ser quase a mesma. Por mais que muita gente admite não acreditar, também não dúvida de sua existência. Pode parecer complicado à primeira vista, mas em se tratando das nossas cabecinhas... Está bem. Somos mesmo um tanto quanto contraditórios, é verdade.
     O fato é que vez por outra nos damos de frente com alguém que dizem estar endemoniado, ou seja, a serviço das forças do mal. E aí não adianta fazer cara feia. O jeito é apelar para as forças do bem (muita oração e água benta nessa hora) para tentar anular os efeitos dessa força destruidora que toma conta de certas pessoas e costuma impregnar os locais por onde passam.
     Por mais que não levemos isso a sério, não se pode negar que o mal exista e faça bastante estrago na vida das pessoas. Há quem acredite em amuletos e toda sorte de proteção e os que acham que só se pode resolver lançando mão de verdadeiros exorcistas para resolver o "problema". Quem nunca ouviu falar em exorcismo? Para ser mais exato, em padres exorcistas? Aqueles que com palavras de ordem conseguem (?) fazer com os demônios saiam do corpo das pessoas e as deixe em paz.
     Os evangelhos narram algumas passagens em que o próprio Jesus (sim, Ele mesmo)  expulsou demônios que estavam usando os corpos das pessoas para poder enganar e espalhar a dúvida e a discórdia. Isso nos leva a acreditar que a coisa não é só imaginação de algum cineasta tentando impressionar as pessoas com efeitos especiais mirabolantes. A coisa vai além disso.
      Portanto, todo cuidado é pouco. Devemos estar sempre alertas para não sermos nós mesmos vítimas e abrirmos caminho para esse tipo de situação. Por isso, é preciso tomar cuidado com os nossos sentimentos, o que levamos em nossos corações, nossas  atitudes. Ninguém está livre de ser "assaltado" por pensamentos ruins e de repente sair por aí espalhando maus sentimentos.
     Sempre imaginamos o demônio apenas de forma física, concreta. E esse o nosso grande engano. Ele é, na verdade, toda gama de maus sentimentos, maus pensamentos, más atitudes. E se torna concreto quando eles se tornam realidade. Basta uma fofoca, um disse-me-disse para que o demônio esteja "trabalhando". E acreditar que exorcismos vão resolver é querer varrer a sujeira para debaixo do tapete, fingir-se de cego.
     O melhor "exorcismo" que podemos lançar mão são os bons pensamentos, as boas atitudes. E só conseguimos isso nos policiando. Verificando como estamos vivendo e que tipo de energia estamos atraindo ou mesmo que tipo de energia estamos emitindo. Quando damos amor, recebemos amor de volta. Quando sentimos raiva, ódio, ciúme, inveja devemos estar preparados para receber de volta emoções  do mesmo quilate.
     Exorcizar demônio é, em primeiro lugar, não negar que eles (os maus sentimentos) existem e, em segundo lugar, estar sempre dispostos a espantá-los lançando de genuínos sentimentos de amor, paz, solidariedade.

julho 21, 2012

Céu, inferno e purgatório.

     E´ incrível como depois de percorrer um longo caminho, ter passado por diversas transformações e acreditar estar vivendo uma era de grande desenvolvimento tecnológico, a humanidade ainda se encontre diante de tantos enigmas. Entre eles está a questão: para onde vamos após a morte? Não adiante correr para responder porque a coisa é um tanto quanto complicada. Cada religião tem lá as suas respostas para a pergunta, embora, no fundo, a dúvida permaneça. Ou seja, ninguém tem certeza de nada, estamos todos tateando no escuro.
     No entanto tem aqueles que levados por suas crenças religiosas chegam a afirmar que sabem mesmo para onde vão. E sabem que lugar é esse? Acertou quem apostou em céu. Sim, aquele lugar onde mora o Criador de todas as coisas juntamente com os anjos e os santos. Essa é a crença de quase todas as pessoas independente do tipo de vida que leve, dos pecados que cometa e de ter ou não alguma ligação com o Homem lá em cima.
    Estou falando sobre esse assunto porque, como creio que já disse aqui outras vezes, sou católico por nascimento e frequento uma igreja onde percebo no convívio com alguns irmãos de fé essa certeza de já ter um lugar reservado ao lado de Deus quando morrer. Pode parecer ignorância minha ou até mesmo influência do espiritismo, mas confesso que tenho dificuldade de aceitar isso assim sem nenhum questionamento. Principalmente partindo do princípio que católicos não acreditam em reencarnação. E´ ensinado a todos que nascemos uma vez só e dure essa vida o tempo que durar, passe o sujeito pelas experiências que passar o destino é o mesmo: se for bom vai para o céu, se for mau vai para o inferno e para os que foram mais ou menos tem a opção do purgatório.
     Não se pode esquecer que céu e inferno são lugares definitivos. O único em que há uma certa mobilidade é o purgatório. Dele se pode descer definitivamente para o inferno ou subir para o céu e gozar das felicidades eternas. Até aí nada de mais, não é? Basta um tempo no purgatório, uma boa enquadrada e o sujeito pode se livrar de queimar no fogo do inferno. Legal.
     Mas vamos analisar a coisa pelo lado dos que são condenados a passar a eternidade no inferno. Preciso abrir um parenteses para falar dessa palavra eternidade. E´ outra que me causa calafrios. Toda vez que alguém fala em eternidade tenho ideia de coisa estática, parada. Mas deixa isso prá lá. O que quero mesmo é advogar pelos pobres condenados ( vale torcer para que nem eu nem você estejamos nessa lista) ao fogo eterno do inferno.
     Tudo bem que eles (?) pecaram sistematicamente, aliaram-se ao coisa ruim, deixaram passar a chance de se arrependerem de seus pecados e tudo o mais que todo mundo está cansado de saber. Só que, em se tratando de uma única vida, não seria uma condenação injusta? Pensa bem: o cara nasce ignorante como todo mundo nasce, envereda pelo mau caminho e de repente, antes que pudesse  entender melhor as coisas, dar aquela refletida básica, morre com um monte de crimes (pecados) nas costas e o coração cheio de ódio. Resultado: inferno nele.
    Por outro lado teria outro que cometeu os mesmos enganos na tenra idade, mas que viveu o bastante para poder rever os seus conceitos e botar a cabeça no lugar. Nesse caso, o cara deve ir para o purgatório e pode acabar indo para o céu. O contrário do outro que não terá uma segunda chance. Quem sou eu para botar em cheque os designos de Deus? Longe de mim. Quero apenas entender essa coisa de céu, inferno, purgatório que me baratina desde criança.